CATORZE

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— Está tudo bem? — Hugo pergunta. Seu cenho está crispado e seus lábios, comprimidos. — Ele está bem?

Bianca simplesmente não sabe o que dizer. Está tudo bem? Paco está bem?

— Vai ficar. — ela responde, forçando um sorrisinho que sai horrivelmente falso.

Hugo assente, e limpa as mãos em uma toalha que só então Bianca percebe pendurada em seu ombro.

Hugo está coberto de tinta vermelha e preta.

– Quer conhecer o ateliê? — ele pergunta, quando nota o olhar dela sobre as manchas de tinta.

Bianca só assente, seguindo-o em silêncio pelos longos corredores da mansão.

Eles descem uma escada atrás da lavanderia, e Hugo puxa uma cordinha para acender a luz.

Um clássico porão de classe média alta se estende diante deles, revelando móveis antigos, quadros e até um piano.

Nos fundos, uma salinha muito bem iluminada abriga quadros e pequenas esculturas sobre bancadas espaçosas.

Bianca nota em um cavalete o quadro que Hugo está pintando. Um coração humano encontra-se no meio de um deserto ao pôr-do-sol, com uma espécie de purgatório morando em seu interior.

É assustador. E lindo.

— E aí? — Hugo pergunta, parando ao seu lado e cruzando os braços para encarar sua obra prima.

— É perfeito. — ela diz, assentindo para ele, que retribui com um sorriso.

Seus olhos correm pelos outros quadros pintados expostos no salão.

— Perfeito. — ela repete, baixo demais para que ele possa ouvir.


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