VINTE E SETE

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Paco tenta convencer Bianca a ficar, sua família tenta convencer Bianca a ficar, mas é inútil.

Ela sabe que está na hora de se retirar.

Eles precisam ficar todos juntos, precisam se conhecer outra vez. Precisam construir a confiança que sempre sonharam em ter.

Ela manda Paco ficar com Pedro, e pede um táxi para o aeroporto.

Paco fez questão de pagar pela passagem de última hora, e pela bagagem extra. Ela vai viajar na primeira classe, beber champanhe até ficar bêbada e apagar no voo. Só isso.

— O senhor se incomoda de parar só um pouquinho? — ela pergunta, se esticando para o taxista. Ele sinaliza e para o carro em uma das vagas mais próximas da areia da praia.

Uma cerca branca isola uma parte, cujo chão é coberto por escadas, túneis e pequenos obstáculos coloridos.

Não faz muito sentido, mas Bianca ignora. Só precisa olhar um pouco mais para aquela praia...

Então ela ouve. Um barulho que só ouviu em seus sonhos. Cascos se afundando na areia, se aproximando dela e...

Ela olha para o lado.

Montado em um cavalo branco, seguindo em sua direção, está Hugo.

Bianca sorri, divertindo-se com a situação.

Hugo desmonta, caminhando o resto do caminho até a cerca que os separa.

— Achei que você já tivesse ido. — ele diz.

— Eu estou. Indo. — ela responde. Hugo assente.

— Isso vai ser estranho... vai soar muito estranho, mas eu vou falar mesmo assim. E você pode fingir que eu nunca disse... depois.

Bianca franze o cenho, curiosa. O que é que aquele cara faz com ela?

— Você pode ficar. — Hugo diz. — Você deve ficar. — ele corrige. — Sempre vai ter um lugar para você na nossa casa. Na nossa família. E... — ele suspira, parecendo derrotado. — No meu coração.

Bianca sente o próprio coração bater mais rápido, quase pulando para fora do peito.

— Desculpa. Eu não devia ter falado nada... por isso eu não falei antes! Mas é que... quando eu vi você aqui, achei que não podia te deixar ir embora sem dizer que... Merda, Bianca, você mexeu comigo desde o primeiro momento, quando você estava... caída no chão que nem sei lá o quê... e eu me senti tão mal por esses sentimentos estarem sequer passando pela minha cabeça quando você era namorada do meu irmão, mas agora eu sei que... eu sei que você não é, nunca foi, e... é o que eu sinto. Mesmo que seja idiota.

Ele espera um pouco. E mais um pouco.

Bianca não diz nada. Só olha para ele, e para o mar, e para ele outra vez.

— Você não vai dizer nada?

Ela balança a cabeça, se aproximando da cerca, se apoiando nela e subindo.

— O que você...? — Hugo começa a perguntar, mas, quando percebe, Bianca está com os braços ao redor de seu pescoço, e os lábios nos dele.

Hugo hesita por um momento, mas fecha os olhos e a puxa para si.

Ao seu redor, o sol se põe. Dentro deles, seus corações palpitam uma revolução.


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