Quando chegam à mansão, Bianca olha para Paco uma última vez para se certificar de que ele está pronto.
Mas não tem outra saída. Ele tem que estar.
Já adiou demais, e agora foi engolido pela verdade, exposta contra sua vontade.
Ela segura a mão dele, e ele não solta. Entram assim em casa.
Estão todos na sala. A mãe, o pai, o irmão. Todos esperando.
O que ele pode dizer agora?, Bianca se pergunta. Não há muito a ser dito. Há?
— Me desculpem. — Paco diz. Sua voz não vacila, mas Bianca percebe, pelas mãos unidas, que ele está tremendo. — Eu simplesmente... não sabia como contar.
Estão todos olhando para ele. Mas ninguém diz nada.
Hugo se levanta, e encurta a distância até o irmão, aproximando-se o suficiente para dar um tapinha em seu ombro. Ele também não diz nada.
Maria Antônia começa a chorar. Chora de soluçar.
Seus lindos olhos ficam vermelhos rapidamente, e ela enxuga o rosto com as costas da mão.
— Eu não sei o que fizemos de errado... — ela murmura. Bianca fica em choque. — Para você não confiar em nós. Na sua própria família.
Bianca solta o ar que nem percebeu estar prendendo. Então é isso.
— Sempre achamos que criamos vocês dois como nossos amigos. — Manuel disse, levantando-se de sua poltrona. — Que vocês se sentiriam seguros para nos contar qualquer coisa.
Paco parece chocado. Seus olhos estão marejados e sua boca, semiaberta, como se ele quisesse falar alguma coisa, mas não conseguisse pensar o quê.
— Sinto muito que você tenha pensado o contrário. — Manuel diz. — Que tenha achado que não podia confiar na gente o suficiente pra contar. Talvez não tenhamos sido tão eficientes quanto eu pensava. — ele completa, puxando o filho para um abraço apertado.
Bianca também começa a chorar.
Todos estão chorando.
Maria Antônia também envolve o filho em seus braços.
Talvez seja hora de Bianca ir embora.
Ela olha para a família de Paco um pouco mais antes de seguir pelo corredor até o quarto onde está hospedada.
Precisa pegar suas coisas e ir embora, sem pensar demais. Se pensar muito, pode acabar fazendo uma besteira.
Ela está colocando as roupas de volta na mala quando ouve a batida à porta.
Inicialmente, pensa ser Paco, mas sabe que ele não bateria.
— Então... era esse o segredo. — é Hugo.
Bianca não consegue olhar para ele.
— Sinto muito. Eu não podia... não era meu segredo e...
— Obrigado. — Hugo a interrompe. — Ele merece alguém em quem confiar tanto assim.
Surpresa, Bianca só consegue assentir.
— Então acho que o namoro era falso. — ela pode perceber o tom brincalhão na voz dele, e sorri.
— Pois é...
Hugo sorri.
— E acho que você vai embora agora...? — está mais para uma pergunta.
— Acertou também.
Hugo parece pensar por um momento.
— Eu posso... posso te dar uma coisa?
Bianca franze o cenho, curiosa, mas concorda.
— Só um instante. — ele desaparece no corredor, e demora mais que um instante para retornar.
Quando volta, Hugo está segurando um quadro.
O quadro do coração.
— Não, não. — Bianca murmura. — Não posso aceitar.
— Na verdade, você não pode recusar. É falta de educação. — ele sorri, esticando a tela para ela, que hesita um pouco antes de pegar.
— Eu não... eu não sei o que dizer.
— Diga que vai comprar uma boa moldura para ele. — Hugo sugere.
— Prometo. — ela diz, sorrindo para ele.
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Empezar desde Cero
RomanceEla aceita se passar por namorada de seu amigo gay que ainda não conseguiu se assumir para a família. Mas a farsa corre perigo quando ela conhece o encantador irmão mais velho nas férias da família. © Hellica Miranda. 2020.