VINTE E SEIS

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Quando chegam à mansão, Bianca olha para Paco uma última vez para se certificar de que ele está pronto.

Mas não tem outra saída. Ele tem que estar.

Já adiou demais, e agora foi engolido pela verdade, exposta contra sua vontade.

Ela segura a mão dele, e ele não solta. Entram assim em casa.

Estão todos na sala. A mãe, o pai, o irmão. Todos esperando.

O que ele pode dizer agora?, Bianca se pergunta. Não há muito a ser dito. Há?

— Me desculpem. — Paco diz. Sua voz não vacila, mas Bianca percebe, pelas mãos unidas, que ele está tremendo. — Eu simplesmente... não sabia como contar.

Estão todos olhando para ele. Mas ninguém diz nada.

Hugo se levanta, e encurta a distância até o irmão, aproximando-se o suficiente para dar um tapinha em seu ombro. Ele também não diz nada.

Maria Antônia começa a chorar. Chora de soluçar.

Seus lindos olhos ficam vermelhos rapidamente, e ela enxuga o rosto com as costas da mão.

— Eu não sei o que fizemos de errado... — ela murmura. Bianca fica em choque. — Para você não confiar em nós. Na sua própria família.

Bianca solta o ar que nem percebeu estar prendendo. Então é isso.

— Sempre achamos que criamos vocês dois como nossos amigos. — Manuel disse, levantando-se de sua poltrona. — Que vocês se sentiriam seguros para nos contar qualquer coisa.

Paco parece chocado. Seus olhos estão marejados e sua boca, semiaberta, como se ele quisesse falar alguma coisa, mas não conseguisse pensar o quê.

— Sinto muito que você tenha pensado o contrário. — Manuel diz. — Que tenha achado que não podia confiar na gente o suficiente pra contar. Talvez não tenhamos sido tão eficientes quanto eu pensava. — ele completa, puxando o filho para um abraço apertado.

Bianca também começa a chorar.

Todos estão chorando.

Maria Antônia também envolve o filho em seus braços.

Talvez seja hora de Bianca ir embora.

Ela olha para a família de Paco um pouco mais antes de seguir pelo corredor até o quarto onde está hospedada.

Precisa pegar suas coisas e ir embora, sem pensar demais. Se pensar muito, pode acabar fazendo uma besteira.

Ela está colocando as roupas de volta na mala quando ouve a batida à porta.

Inicialmente, pensa ser Paco, mas sabe que ele não bateria.

— Então... era esse o segredo. — é Hugo.

Bianca não consegue olhar para ele.

— Sinto muito. Eu não podia... não era meu segredo e...

— Obrigado. — Hugo a interrompe. — Ele merece alguém em quem confiar tanto assim.

Surpresa, Bianca só consegue assentir.

— Então acho que o namoro era falso. — ela pode perceber o tom brincalhão na voz dele, e sorri.

— Pois é...

Hugo sorri.

— E acho que você vai embora agora...? — está mais para uma pergunta.

— Acertou também.

Hugo parece pensar por um momento.

— Eu posso... posso te dar uma coisa?

Bianca franze o cenho, curiosa, mas concorda.

— Só um instante. — ele desaparece no corredor, e demora mais que um instante para retornar.

Quando volta, Hugo está segurando um quadro.

O quadro do coração.

— Não, não. — Bianca murmura. — Não posso aceitar.

— Na verdade, você não pode recusar. É falta de educação. — ele sorri, esticando a tela para ela, que hesita um pouco antes de pegar.

— Eu não... eu não sei o que dizer.

— Diga que vai comprar uma boa moldura para ele. — Hugo sugere.

— Prometo. — ela diz, sorrindo para ele.


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