Capítulo 42 ✔

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Com um balde de pipoca em mãos, sento-me ao lado de Zayn no sofá. Coloco o recipiente que acomodava as pipocas em suas pernas e deito a minha cabeça na curva de seu pescoço, me ajeitando no estofado para que eu fique confortável. Pergunto ao moreno se está lhe incomodando, e com os olhos vidrados no filme, ele balança a cabeça negativamente. Paul estava deitado em seu cantinho, dormindo tranquilamente. Laís estava na casa do namorado, assim como Carol. Eu e Zayn estávamos sozinhos, com a casa toda para nós. Nós fomos ao centro hoje cedo para comprar um presente para a nossa sobrinha -filha da Carol e do Liam-, e como não estávamos afim de fazer comida ou comprar, resolvemos matar a fome com pipocas enquanto assistimos a uma comédia romântica clássica, colados, no sofá.

-- Okay, vamos conversar agora - Zayn quebra o silêncio instalado há algum tempo e vira-se para mim, mal dando importância ao filme - O que está acontecendo com você?

-- Como assim? - Eu pergunto como se não soubesse de nada, o que fez o meu namorado revirar os olhos.

-- Não se faça de bobinha, Maria - Zayn resmunga, pegando o balde de pipoca e colocando sobre a mesa de centro - Você anda muito preocupada ultimamente. É alguma coisa com a faculdade?

Suspiro. De um jeito ou de outro, eu teria que contar para ele.

-- Babe... Eu só vou poder te ajudar se você me contar o que está acontecendo - O moreno toca o meu rosto, em um gesto de carinho. Seus olhos me fitavam carinhosamente, tentando me passar um pouco de segurança.

-- Okay - Respiro fundo - O Paul... teve que cortar muitos gastos, pois as vendas não estavam rendendo muito porque, você sabe, as pessoas não compram mais CD, vinil e instrumentos musicais em uma loja de esquina - Eu rio fraco, mordendo os lábios -... e ele demitiu várias pessoas da loja, inclusive eu - Zayn arregalou os olhos levemente, se mostrando chocado. Paul gostava muito de mim, me considerava uma filha, e eu compreendo o seu espanto - Agora, é apenas ele naquela loja. Carol está com um filho no ventre, não sei quanto tempo ela fica no trabalho, Laís ganha pouco e eu não sei pra onde mais eu mando currículo. Nossas economias estão acabando, temos bocas para alimentar, temos que bancar a casa e ainda tem as três faculdades para pagar, Zayn. Eu estou desesperada – Fecho os meus olhos, enquanto abaixo a cabeça.

Esse era o meu maior medo ao virar adulta e chegar em outro país completamente desconhecido, mas não é só isso. O fato de passar necessidade em um lugar longe da minha mãe me aterrorizava. Eu sabia que não iria ser fácil desde o início, mas quando estamos cara a cara com a situação, só quem sabe como é ruim é quem passou por esse perrengue.

Meu namorado respirou fundo, e chegou mais perto. Zayn abraçou-me com força, como se apenas com isso, todos os meus problemas fossem acabar. Por um momento, em seus braços, eu me senti segura e tranquila. Ele desvencilhou-se e moldou meu rosto com suas mãos, olhando-me profundamente nos olhos.

-- Não se preocupa. Eu posso pagar tudo e... - Tiro as suas mãos do meu rosto e me afasto, enquanto nego com a cabeça - Por que não?

-- Eu não quero que você gaste dinheiro comigo. Você é o meu namorado, não o meu banqueiro. Não quero, Zayn. Eu agradeço o que você quer fazer por mim e eu te amo muito por isso, mas eu não posso aceitar. Não posso e não quero – A minha voz embarga, e no segundo seguinte, não faço esforço nenhum para segurar o choro, e eu choro. Choro como uma criança.

Zayn não disse mais nada depois disso. Apenas me abraçou forte, encostou minha cabeça em seu peito e me deixou chorar. Me deixou colocar para fora toda a dor que eu estava sentindo dentro de mim, o medo, a tensão, a preocupação, a ansiedade, tudo se transformou em pequenas gotículas de água que saíam dos meus olhos sem intervalo nenhum entre uma e outra. O meu coração estava do tamanho de um grão de arroz, meu peito se apertava ainda mais e estava cada vez mais difícil de respirar no meio dessa chuva de sentimentos que estava acontecendo dentro de mim. O que eu estou sentindo agora é algo que eu não desejo para ninguém. É uma sensação terrível de impotência e desespero que acaba com o espírito.

NIGHT CHANGES | Zayn MalikOnde histórias criam vida. Descubra agora