P.O.V RAFAELLA
Acordei, mas mantive os meus olhos fechados, minhas pálpebras estavam pesadas demais. Eu teria permanecido dessa forma durante um longo tempo, mas eu ouvi movimentos próximos a mim. Forcei os meus olhos a se abrirem lentamente e tive que piscar várias vezes para me acostumar com a claridade do local. Eu estava em algum tipo de enfermaria, mas sem aquele peso todo de hospital. As camas eram confortáveis e não era tudo branco. Aquilo parecia ser uma sala de estar, o que dava um ar mais agradável ao ambiente. Pude ver uma grande janela ao meu lado direito, ela estava aberta de forma que o vento entrasse e carregasse levemente as suas cortinas. Do lado de fora da janela era só verde, e eu quis muito me levantar para poder ver o que tinha além, mas uma forte dor de cabeça me impediu de fazer isso.
- Isso já vai passar – tomei um pequeno susto a princípio, mas aí eu me toquei de que eu não estava sozinha ali.
Olhei um pouco para baixo e encontrei uma garota baixinha, de cabelos loiros brilhantes e um sorriso doce no rosto, trocando um curativo na minha barriga um pouco a cima da minha cintura.
- O-onde estou? - Fiquei surpresa com a fraqueza que a minha voz saiu.
- Você já vai descobrir, fique quieta – ela me empurrou levemente pelos ombros, até eu me deitar novamente sobre o enorme travesseiro.
- E quem é você? - Dessa vez a minha voz saiu mais firme.
- Manoela Gavassi, prazer – ela sorriu simpática e estendeu uma mão para que eu segurasse.
- Rafaella Kalimann – apertei a sua mão e ela pareceu travar ao ouvir o meu nome... Que estranho. – Quanto tempo eu estou aqui? - Perguntei.
Eu ainda estava tentando descobrir se eu tinha morrido e estava no paraíso, ou se eu tinha mesmo ficado louca e meus pais me internaram em um hospício.
- Dois dias – arregalei os meus olhos. Como assim eu dormi por dois dias? - Você perdeu muito sangue, Rafaella – ela explicou e na mesma hora eu senti uma fisgada na barriga, me encolhendo um pouco. – Tome, beba isso, vai melhorar. – Ela me estendeu um frasco com um líquido transparente e brilhoso.
Hesitei bastante antes de pegar o frasco com o líquido estranho, mas seria bastante grosseiro negar, levando em conta que Manoela estava cuidando de mim há dois dias. Peguei o pequeno frasco e beberiquei um gole. O líquido desceu quente pela minha garganta, o seu sabor era uma mistura de baunilha e morangos com chocolate, na verdade eu nunca tinha provado algo tão gostoso antes. Não demorei a dar outro gole, acabando com o líquido do frasco. O líquido aqueceu completamente o meu corpo e as pontadas que eu sentia antes pararam... eu estava bem. Foi como se eu tivesse nascido de novo, fiquei até com vontade de sair pulando por aí.
- É maravilhoso! O que é isso? - Perguntei animada e a garota baixinha riu do meu entusiamo.
- Néctar. E antes que você me peça mais, não podemos beber muito disso porque quando é ingerido em excesso pode deixar quem bebeu em um estado febril, ou até mesmo levar a morte – engoli em seco quando ela disse isso – Normalmente néctar e ambrósia seriam consumidos apenas por deuses e semideuses, mas nós também podemos consumi-los – ela explicava tudo com um brilho nos olhos.
- Deuses? Semideuses? Você bateu com a cabeça, Manoela? - Perguntei espantada com o que ela disse.
A garota abriu a boca para me responder, mas foi interrompida pela porta que foi aberta bruscamente...
- Deixa comigo, Manu – Claro, só podia ser a Bianca mesmo, quem mais abriria a porta daquele jeito? - Ela está bem? - Perguntou, se aproximando para olhar o ferimento na minha barriga, que agora não passava de uma cicatriz quase invisível.
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Fire and Ice - GiRafa
Fiksi PenggemarA vida costumava ser perfeita para Rafaella Kalimann. Ela tinha tudo o que uma adolescente deseja ter, até descobrir que o seu mundo perfeito não passava de uma grande mentira. Ela abriu mão de tudo que acreditava e de tudo que ela achava que conhec...