Aviso gatilho: contém tortura
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1969
Para minha surpresa, quem me recepcionou no porão da casa dos Lestrange foi Voldemort em pessoa.
E ele estava sozinho.
Franzi o cenho. "Onde estão os outros?"
Tom Riddle abriu um sorriso simpático. "Pedi que nos dessem licença. Sou eu quem faz o processo de iniciação com os recém-chegados."
Continuei desconfiada. "Eu não disse que entraria para o Voldemort-fã-clube..."
"Mas ainda sim está aqui..." Ele provocou, triunfante.
É, de fato. Contra aquilo, eu não tinha muitos argumentos.
"Apenas por curiosidade. E talvez um pouco de tédio." Fingi pouco caso, entrando no porão de queixo erguido. Tom fechou a porta atrás de nós.
No meio do porão, parecia haver um móvel coberto por um longo lençol. "E o que é isto?" Perguntei.
"É a nossa passagem." Respondeu-me, retirando o lençol que ali cobria. Aparentemente, um armário comum, de mogno escuro. Abriu-o, pondo seu pé direito em seu interior. Antes de avançar voltou-se a mim, oferecendo sua mão para que eu a pegasse.
"Para onde leva?" Perguntei, desconfiada.
"Digamos que é um... Quintal nosso. Onde o Ministério não pode nos rastrear. É lá que temos boa parte de nossas operações. Ficará mais fácil para você visualizar o que fazemos."
Ergui a sobrancelha. Algo em mim – chuto que o meu bom-senso, ou algo do que restava dele – me dizia para não continuar.
Ele sorriu de canto, debochado. "Vamos." Sua voz era grave e sedutora. "Não temos o dia todo."
Quando fui ver, já havia pego em sua mão e entrado no armário.
Aparatamos em algum lugar que não soube identificar. Mas era um campo aberto e nublado.
Ouvi gritos de desespero.
Olhei ao meu redor com mais atenção, tentado encontrar a origem dos gritos. Vi algumas pessoas deitadas no chão – alguns eram trouxas, outros bruxos – sendo atacados por dementadores.
Dementadores. Eram dezenas, centenas deles. Se acumulavam no céu, embrenhando-se entre as nuvens escuras – pareciam revezar suas vítimas entre si.
Me pus na defensiva, sacando minha varinha.
"Relaxe." Me disse Voldemort. "Eles não a atacarão. Estão me obedecendo."
Franzi o cenho, mais confusa do que nunca. "Dementadores não obedecem a ninguém se não o Ministério."
Ele deu de ombros, levemente convencido. "Certamente obedecem a mim."
Senti um frio em minha barriga. Aquilo era impossível. "Como...?"
Voldemort se virou para mim. "Porque sou o lorde das trevas."
Me dê mais uma explicação simplista e darei na sua cara... Ele pareceu ter percebido minha expressão pouco satisfeita, pois suspirando, explicou-se: "Fizemos um acordo. Nossas vítimas por seus serviços. Eles revezam com os bicho-papões, não permitindo um só segundo de folga a estes infelizes."
Atentei-me àqueles bruxos que estavam sendo atacados. "Sangue-ruins?"
"E traidores do sangue." Complementou. "Todos eles."

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Bellatrix
FanfictionConfesso que em determinados momentos, desejava a morte. Talvez fosse mais fácil - me tornar um fantasma e amedrontar trouxas pelo resto de minha existência. Mas infelizmente, eu era habilidosa demais para ser derrotada com facilidade. Creio que est...