Paixão Acidental (COMPLETO)

Capítulo 1

Chegou o dia do ENEM e eu não podia estar mais ansiosa. Mal dormi a noite, levantei cedo e fiquei andando de um lado pro outra na casa. A tensão era tão grande que minha mão já tremia e suava e meu coração batia em uma velocidade um pouco mais rápida que o normal. Eu não podia ficar nervosa hoje, ouvi dizer que isso só dificulta na hora de realizar a prova. Decidi então tomar um banho gelado calmo e relaxante; coloquei uma roupa confortável e fui ler um livro enquanto minha mãe preparava o almoço

Terminei minha leitura e separei meus documentos e lanches para o dia, nada muito pesado, apenas água, alguns snacks e chocolate. Tudo isso serviu pra eu relaxar e pensar em outra coisa que não fosse a prova. Logo minha mãe me chamou pro almoço e eu desci até a cozinha e lá comemos no silêncio. Foi uma refeição simples e gostosa: arroz, strogonoff, batata palha e uma coca-cola que eu adorava.

Depois de almoçar olhei o relógio: 11h50 minutos. Não queria me atrasar de jeito nenhum.

— Pai, você pode me levar agora? Não quero me atrasar e aparecer na TV.

— Claro filha, só deixa eu pegar a chave do carro - disse rindo enquanto saía

— Vou com vocês também - falou minha mãe que vinha da cozinha

— Ótimo, mãe, assim vocês me distraem no caminho.

Peguei minhas coisas e fui pro carro. Era um carro confortável e cheiroso. Meu pai o limpava todos os sábados, era seu prazer deixar o Logan impecável e limpo como novo.

Ao longo do caminho fui conversando com meus pais e olhando a janela. Estava me distraindo tão bem que nem vi quando chegamos.

— Vou indo, gente. Rezem por mim!

— Eu já rezei, meu amor. Sinto que essa aprovação já é sua. Vai lá e arrasa! - minha mãe falou.

— Vai dar tudo certo, filha. Você já é meu orgulho.

— Obrigada, gente. Amo vocês!

Sai do carro e entrei na escola em que ia fazer a prova. Era a escola em que estudei e estava do mesmo jeito. O portão de correr, o corredor para chegar até o pátio, as mesas enfileiradas perto da cantina e a quadra com o chão pintado de azul no fundo da escola.
Nessa escola fiz muitas amizades, uma delas foi a Jennifer. Ela era linda, inteligente, divertida e muito amada por todos. Lembro até hoje do dia do seu enterro e de como a sua mãe chorava sobre o caixão...
Amava a nossa amizade e o jeito que a gente compartilhava cada detalhe do dia de cada uma, desde o acordar até o dormir. Nunca mais tive a mesma sintonia com outra pessoa.

Apesar de todas as emoções que senti hoje, fiz a prova com tranquilidade. E assim foi na outra semana também. Depois de ambas provas feitas, era só esperar o dia do resultado que sairia em janeiro. Estava ansiosa, mas não a ponto de tremer só de pensar, estava ansiosa a ponto de sentir borboletas no estômago. Estava ansiosa pois sentia que iria passar, sentia que tinha chegado minha vez.