Paixão Acidental (COMPLETO)

Capítulo 4

O celular despertou revelando as horas: 7h30. Selecionei a soneca e dormi por mais dez minutos, era sempre assim. Quando estava quase dando 8h, levantei com preguiça da cama e fui até o banheiro. Fiz minha higiene matinal e fiquei olhando no espelho, dizendo para mim mesma que daria o melhor de mim e que buscaria ser feliz aqui. Sai do banheiro e voltei pro quarto. Abri a janela que não tinha cortina e olhei pro céu azul. Todos os dias eu olhava para aquela imensidão em tons de azul e manchas brancas que indicavam nuvens, como algodão no céu. O dia estava lindo e não podia ser melhor. Saí da janela e abri o guarda-roupa. Vesti uma calça jeans, uma camiseta amarela mostarda que ficava solta no corpo e um All Star branco. Passei protetor solar no rosto e braços, coloquei meu relógio no pulso esquerdo e soltei os cabelos. Estava quase indo pra cozinha quando lembrei de passar rímel. A cor preta que dava volume e alongavam os cílios, ajudavam a dar destaque no meu par de olhos azuis da cor do céu.

Na cozinha, preparei uma salada de frutas com mamão, banana e morangos. Tomei um iogurte e comi torradas integrais. Ia comendo e mandando mensagem pra minha mãe e também pra Bianca, que queria saber de tudo que eu tinha feito até agora. Olhei as horas: 8h41. Limpei a mesa, lavei a louça do café e fui escovar os dentes. Peguei minha bolsa de cor bege, coloquei meus documentos nela e sai. Tinha que chamar Rafaela na kitnet 22 que era ao lado da minha. Dei três toques na porta e ela logo atendeu

— Bom dia! Vamos indo? - falei

— Bom dia! Vamos sim - ela respondeu com um sorriso largo que mostrava seus dentes bem cuidados e brancos. Rafaela era um pouco mais alta que eu, tinha a pele parda e os olhos negros. Seus cabelos caiam pelas suas costas em um lindo enrolado. Vestia uma calça jeans clara, uma camiseta preta estampada com flores e nos pés um tênis preto.

Descemos as escadas, cumprimentando o Sr Gilmar e logo estávamos na rua. Iríamos a pé pra eu conhecer melhor a cidade e também pra fazer uma caminhada. A cada lugar bonito da cidade eu parava e pedia pra Rafaela tirar uma foto minha, queria mostrar pra minha mãe como foi meu dia.

Quando chegamos na UFMG fiquei encantada e surpresa com o tamanho da faculdade. Qualquer um poderia se perder lá com muita facilidade, o que não seria difícil pra mim. Fui seguindo a Rafaela por onde ela ia e aproveitava pra conhecer aquele lugar enorme. Chegamos nas mesas de matrícula. Preenchi meus dados corretamente, respondi à perguntas e assinei papéis.

— Parabéns, agora você é oficialmente aluna de arquitetura da UFMG. - disse a moça que me atendeu

— Obrigada!

Saí e dei de cara com a Rafaela que estava me esperando no corredor.

— Vamos

— Pra onde?

— Só vem

Ela pegou minha mão e me guiou pra um pátio cheio de pessoas que gritavam e seguravam cartazes no alto. Os gritos eram muitos e não conseguia distinguir o que cada um falava. Parei quando a Rafaela parou.

— Enfermagem? - uma menina loira com os cabelos curtos perguntou.

— Não, ela é arquitetura - respondeu Rafaela quase gritando pra menina ouvir.

A loira apontou pra uma direção e então Rafaela me puxou mais uma vez. Agora um pouco mais distante da gritaria, conseguia diferenciar os gritos. Eram os veteranos que chamam os calouros do seu curso para uma interação.

— ARQUITETURA! ARQUITETURA! ARQUITETURA! - gritavam alguns jovens que se abraçavam.

— Aqui, ela! - apontou pra mim.

— Vem cá, você quer se pintar? - um menino alto dos cabelos e olhos castanhos me perguntou.

Olhei pra Rafaela e ela acenou com a cabeça e apontou pra uma menina que estava se pintando quase ao meu lado.