O tempo foi passando e com isso vivi várias coisas. Comecei as aulas faz três semanas e conheci algumas pessoas da mesma turma que eu e também de outros cursos. Continuei fazendo as caminhadas pela manhã, já que minhas aulas eram noturnas. Eu e Rafaela ficamos mais próximas, às vezes estudávamos juntas e saíamos nos finais de semana com amigos. Minha mãe me ligava a cada dois dias, e quando não ligava, eu fazia a ligação e conversávamos por bastante tempo. Estava com tanta saudade dela, do meu pai, da minha casa... Mas o que me conforta é estar vivendo o que sonhei por tanto tempo.
Quando estava já chegando a semana de provas, decidi fazer caminhada matinal em um tempo mais curto, mas, em vez de caminhar, eu corria em volta da Lagoa da Pampulha ouvindo músicas no fone de ouvido. Em um dia de corrida, estava tão distraída mudando a música que tocava no celular que nem o vi. Não é bom misturar corrida e mexer no celular. Bati em uma pessoa que estava parada tirando uma foto da paisagem, e caímos no chão.
— Ah, meu Deus! Me desculpa! - falei já me levantando.
Olhei pra quem eu acabara de derrubar no chão. Ele era alto e tinha a pele levemente bronzeada. Seus olhos tinham cor de mel e os cabelos castanho claro estavam recém cortados mas bagunçados.
— Eu que peço desculpas. Estava aqui tirando foto quando já tinha terminado minha corrida. Me desculpa por isso - me respondeu com uma voz rouca.
Ele era tão lindo e ainda me respondeu com essa voz que me fez arrepiar os pelos do braço. Já não bastasse isso, ainda vi que ele me observava, me senti envergonhada e abracei meu próprio braço.
— Como é seu nome? - ele me perguntou
— Karina, e o seu?
— Prazer, eu sou o Vinícius. Por favor, me deixa compensar esse acidente, aceita tomar um café comigo?
Não sabia o que responder, apesar de querer sair com ele, tinha que voltar pra casa e estudar para uma prova.
— Não sei se devo, tenho uma prova importante hoje e preciso estudar o dia todo.
— É só um café, prometo. Não vamos demorar muito, até porquê eu também tenho que estudar.
— Tudo bem, mas tem que ser rápido mesmo.
Fomos em direção à uma padaria que ficava no outro lado da avenida. Era muito linda por fora e mais ainda por dentro. A fachada tinha acabamento em mármore e o letreiro em prata escrito "Padaria Jolie". Entrando no local, vi várias mesas e cadeiras de madeira dispostas no pátio e no canto um balcão lindo com vários salgados que me deram água na boca. No teto, várias luzes e lustres pendurados e as paredes tinham um cor neutra e alguns quadros pendurados. Sentamos em uma mesa perto da janela e ele puxou assunto.
— Então, você é daqui de Minas mesmo?
— Não, eu sou de Vinhedo, no interior de São Paulo. Vim aqui pra estudar na Federal. E você?
— Eu sempre morei aqui em BH e também estudo na Federal.
— Que legal, mas que curso você faz? - perguntei.
— Eu faço administração noturno, estou no terceiro período. E você?
— Estou no primeiro período de arquitetura e amando essa cidade.
— Aqui é maravilhoso mesmo, conheço vários lugares muito legais. Se você quiser p...
— Bom dia, o que gostariam de pedir hoje? - perguntou a garçonete que vestia o uniforme da padaria e tinha os cabelos castanhos presos em um coque.
Será que ele ia me chamar pra conhecer os lugares da cidade?
— Vou querer um café duplo com açúcar, por favor - ele pediu
— E eu vou pedir um cappuccino com açúcar também, por favor.
— Ok, trago daqui a pouco.
— Obrigado - ele falou com aquela voz linda.
— Continuando o que eu estava dizendo - ele se virou pra minha direção - Se você quiser, poderia te levar pra conhecer alguns lugares aqui da cidade. Como você é nova aqui, imaginei que devesse se divertir e ver alguns pontos turísticos bem legais aqui na capital.
Sabia.
— Eu adoraria isso. Eu cheguei aqui e não sabia de nada da cidade. Às vezes ando por aqui e continuo perdida, só sei o caminho da faculdade e o caminho da Lagoa - respondi rindo pra ele.
— Aqui dá pra se perder fácil mesmo - riu também. Com aquela risada gostosa de ouvir.
— Aqui está um café duplo e um cappuccino, os dois com açúcar - disse a garçonete colocando as xícaras na mesa.
— Obrigada - respondi olhando pra ela que logo saiu, voltando pro balcão.
Tomamos nossos cafés e conversamos sobre a faculdade e também sobre a cidade. Ele falou sobre algumas praças, igrejas e até uma cachoeira que fiquei curiosa pra conhecer. Me disse sobre o centro da cidade, sobre o museu que era a casa do J. K e também sobre o Mineirão, o estádio de futebol.
— Vou indo nessa. Foi um prazer te conhecer, Karina.
— O prazer foi todo meu - respondi.
— Me passa seu número de telefone pra gente combinar de sair outro dia.
Com o coração acelerado mais que o normal, passei meu número pra ele e nos despedimos em frente a padaria. Fomos para direções opostas, mas meus pensamentos continuavam naqueles olhos cor de mel e aquele sorriso estonteante. Não parei de pensar nele nem enquanto estudava, em meio a prova da faculdade, via seu sorriso na minha cabeça e quando fui dormir ainda estava pensando naquele olhar e aquela voz rouca que pediu meu número.
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Paixão Acidental (COMPLETO)
RandomKarina é uma jovem que mora em Vinhedo, uma cidade no interior de São Paulo. Aos seus 19 anos, tem o sonho de estudar em uma Universidade Federal e ser uma profissional de sucesso no ramo da arquitetura. Quando enfim consegue passar no vestibular e...