Passados alguns dias depois do acidente com o Vinícius, continuei caminhando, mas nunca mais o vi pela Lagoa. Voltei pra casa depois de muito suor no corpo resultado da corrida intensa que fiz hoje de manhã. Entrei na kitnet, tomei um café da manhã com frutas e torradas integrais e depois fui direto pro banheiro tomar um banho frio. Sai só de toalha e meu telefone toca. Será que é ele? Nem vi o número e logo atendi.
— Alô? - falei
— Oi filha, tudo bem? - era minha mãe.
— Ah, oi mãe. Estou bem e vocês?
— Estamos bem, amor. Liguei pra avisar que eu e seu pai vamos sair hoje à noite. É nosso aniversário de casamento.
— Que legal, mãe. Vai mesmo, aproveitem.
— Como estão as coisas aí?
— A semana de provas já passou, agora tá mais tranquilo por aqui. E como está por ai?
— Estão bem também. Mas acredita que sua tia Vera passou mal esses dias por causa da pressão alta?
Conversamos assim até o horário do almoço, então fui direto pra cozinha preparar a comida. Como só tem eu aqui, eu faço as coisas de uma só vez em um dia da semana com a intenção de durar por todos os 7 dias. Isso poupa muito tempo e ainda é vantajoso na hora de lavar a louça. Terminei de comer e fui fazer um trabalho que teria que apresentar na semana seguinte pra um professor exigente que ninguém simpatizava.
Feito uma parte do trabalho, me preparei pra mais uma tarde de exercícios que fazia em casa mesmo. Foram mais de 30 minutos e eu fiquei suada de tantos polichinelos, agachamentos e abdominais. Decidi tomar outro banho pra tirar o suor do corpo e ir pra faculdade. Liguei o chuveiro no morno e deixei que a água caísse nas minhas costas enquanto minha mente pensava nele... nele e seu sorriso sincero e nos olhos cor de mel. Desliguei e fui me arrumar pra mais algumas aulas da universidade. Coloquei uma calça jeans que tinha a barra dobrada, uma camiseta lisa cor azul marinho e nos pés um tênis branco. Sai da kitnet com os cabelos soltos e olhei pro apartamento do lado. A Rafa estudava de manhã e eu de noite, nossos horários não se combinavam e a gente nem se via direito. Desci as escadas, passei pela portaria e vi o Sr Gilmar.
— Boa noite! - falei para o porteiro.
— Boa noite, boa aula. - ele me respondeu sorrindo.
— Obrigada.
Já na rua em frente o prédio, peguei o ônibus que tinha um ponto na mesma rua. Sentei no banco, coloquei minha mochila no colo e fiquei olhando as ruas pela janela do ônibus enquanto ouvia uma música. Chegando na faculdade fui direto pra aula, estava quase na hora do professor exigente entrar na sala de aula.
— Não se esqueçam do seminário pra semana que vem! - gritou o professor enquanto todos os alunos saiam em direção à porta. Foram duas aulas com aquele professor falante, estávamos cansados.
Sai e fui pra casa, já que não teria outras aulas naquela sexta-feira. Quando estava quase chegando no ponto de ônibus ouvi alguém gritando por mim.
— Karina! Karina!
Olhei pra trás e vi Vinícius vindo em minha direção com uma camiseta preta que combinava muito bem com seu cabelo castanho.
— Oi, tudo bem? - falei
— Estou bem e você? Me desculpa, não consegui ligar pra você. Naquele mesmo dia que a gente se conheceu meu celular caiu no chão e quebrou.
— Caramba, que chato. Mas tudo b...
— Me passa seu número de novo, já consegui outro celular - ele me interrompeu.
— Ah, claro.
Passei meu número pra ele novamente e conversamos por uns minutos no meio da escada que dava acesso ao pátio da faculdade. Estávamos dando risadas quando o sinal bateu.
— Desculpa, tenho que voltar pra aula agora - ele me disse.
— Tudo bem. Eu estou indo pra casa agora, minhas aulas acabaram.
— Que sortuda, ainda tenho que aguentar aula de cálculo na sexta à noite.
— Você consegue, eu sei - disse rindo pra ele.
— É o que me resta, né - riu - Bom, vou indo, depois te ligo - disse, me deu um beijo na bochecha e saiu.
Fui pro ponto de ônibus e quando cheguei, logo o ônibus passou. Às vezes eu tinha sorte quando ia pegar um busão. Entrei no ônibus e sentei no único lugar vago que tinha. Olhei pra janela e a primeira coisa que pensei foi nele. No seu sorriso, o jeito que ele ria e me fazia rir. No estilo que ele tinha e no corte de cabelo que ele mantinha em dia. Nos seus olhos que me hipnotizavam e também na sua boca quente que estalou na minha bochecha direita. Levei minha mão no mesmo lado do meu rosto que ele beijou e sem pensar sorri. Na mesma hora me esqueci de tudo que vivi, de tudo que estava vivendo e pensei nele, somente nele.
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Paixão Acidental (COMPLETO)
RandomKarina é uma jovem que mora em Vinhedo, uma cidade no interior de São Paulo. Aos seus 19 anos, tem o sonho de estudar em uma Universidade Federal e ser uma profissional de sucesso no ramo da arquitetura. Quando enfim consegue passar no vestibular e...