Capítulo 2

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Conforme os dias indo passando, relaxava cada vez mais. Fazia uma caminhada matinal todos os dias e à tarde fazia alguma receita diferente com minha mãe. Lia livros, jogava no celular, assista alguns filmes e séries e também conversava com uma amiga do ensino médio, a Bianca. Nós nunca paramos de conversar, sempre contávamos sobre as novidades e às vezes até fofocavámos sobre uns babados que ela descobria e me conta. Não vou negar, adorava aquilo. Ao menos tinha uma amizade a qual me apegar e confiar

As festas de fim de ano foram chegando. Passei o Natal na casa da minha avó Dulce e o resto da família. A maioria da família era adulta ou criança, mas eu tinha um primo chamado Lucas que era legal e até bonito. Nós temos apenas um ano de idade de diferença, então crescemos juntos e sempre conversamos nas festas de família e também pelo celular. Às vezes percebia que ele dava em cima de mim, mas nunca dei bola porquê somos primos e não concordo com algumas atitudes que ele tem. Uma vez ele foi assunto na família. A tia Vera, que é mãe do Lucas, foi arrumar o quarto dele e encontrou um pacote de drogas embaixo da sua cama. Ele, esperto que é, conseguiu convencer seus pais que foi seu amigo que dormiu na casa dele em algum dia e deixou o pacote ali. Toda a família também acreditou, o contrário de eu, minha mãe e meu pai pois sabíamos o que o Lucas não era nenhum santo...

No ano-novo passei em casa. Todo ano minha mãe faz arroz temperado, salada de maionese, farofa de cenoura, salpicão e um peru assado com batatas. A sobremesa era a minha hora preferida: manjar de coco com calda de ameixa, que era dos deuses. Fomos conversando e jogando baralho, eu e meus pais. Logo o relógio mostrou que era 00h00 e nos abraçamos e desejamos tudo de melhor para todos. Eu desejei uma nota boa. Desejei passar no curso dos sonhos. Desejei frequentar a faculdade que escolhi. Desejei muito amor e paz. Desejei ser feliz. 2018 seria meu ano.

Dias se passaram e lá estava eu em frente ao computador, às 00h32pra ver se havia passado na UFMG. Tirei 788,54 no ENEM, e eu considerava uma nota boa para passar em arquitetura. O site estava travado, não conseguia entrar de jeito nenhum, e o que me restava era apenas esperar amanhecer. Apesar da ansiedade e nervosismo, tomei um banho gelado e um chá morno de camomila para relaxar. Quando deitei na cama, coloquei um som relaxante no celular para dormir melhor e logo fui sendo abraçada por um sono leve e gostoso.

Despertei rápido naquela manhã. O nervosismo tinha voltado, o que me dava fome. Levantei e coloquei a primeira roupa que vi, um short jeans claro e uma regata azul marinho. Fiz minha higiene de todas as manhãs e desci para tomar café. Não iria caminhar hoje, só iria ver o resultado do SISU. Minha mãe já tinha posto a mesa do café da manhã. Pão, manteiga, geléia, bolo de bauniha, algumas frutas e café preenchiam a mesa. Comi e conversei com meus pais sobre a ansiedade que eu estava naquele dia, sobre o sonho que eu sentia que estava prestes a se realizar.

Lavei a louça, peguei meu notebook e sentei na mesa da cozinha. Meu pai estava na cadeira da frente olhando um jornal, e minha mãe na cadeira do meu lado esquerdo apenas me olhando e aguardando eu falar alguma coisa. Abri o site que já funcionava melhor, preenchi meus dados do login e esperei carregar. A cada instante que passava e o site carregava, meu coração se acelerava, minhas mãos tremiam e suavam e meus pés batiam com frequência no chão. Foi então de a página carregou. Fechei meus olhos tão rápido que nem vi a mensagem na tela. Apertei minhas pálpebras com força, fechei minha mão e fui respirando fundo e devagar.

- E então, o que deu, filha? - perguntou minha mãe.

- Calma, mãe. Só um minuto.

Fui relaxando minha mão e minhas pálpebras. Meus pés já não batiam mais no chão. Mesmo com os olhos ainda fechados, sentia meus pais me observando com ternura e esperança. Abri meus olhos devegar e vi a mensagem

"PARABÉNS! VOCÊ FOI SELECIONADO NA CHAMADA REGULAR"
"2 LUGAR EM 40 VAGAS DE AMPLA CONCORRÊNCIA"
"FAÇA SUA MATRÍCULA ENTRE OS DIAS 26/01 e 05/02"

- AAAAAAAHHHHHH - gritei aliviada - Consegui mãe!!! Pai, eu passei!!!

Os dois me olharam com alegria e me abraçaram. Foram anos tentando e finalmente consegui, me sinto tão feliz e vitoriosa. Agora começa mais uma etapa da minha vida...

- Parabéns, filha - falavam meus pais

Eu nem ouvia eles falando, só olhava pra tela e sentia as lágrimas de felicidade inundarem meus olhos. Chorei no ombro da minha mãe. Um choro que eu queria a muito tempo. Um choro de alegria, de dever cumprido.

Paixão Acidental (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora