2 ★彡And the memories bring back you

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2. E as lembranças trazem você de volta.

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point of view
ALESSIA CARA
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-Esse já é o que? Seu quarto muffin no dia?-Revirei os olhos ouvindo a pergunta retórica que Crystal faz enquanto conversamos por chamada.

-Na verdade é o quinto, mas você não me ligou pra saber sobre como anda minha glicose, Crys.-Reclamo, fazendo ela rir.

-Eu estou sentindo sua falta caramba, por isso te liguei.-Ela faz um biquinho extremamente fofo, que me faz rir.

-Também estou sentindo sua falta, faz algumas semanas que não nos vemos.

-Isso porque você inventou de sumir do continente em menos de vinte e quatro horas!-Ela exclama, me deixando com uma careta, antes de tomar meu suco e desistir da conversa possivelmente pacífica.

-Eu não planejei isso, eu apenas voltei pro meu país.

-Austrália está te odiando porque você nos renegou.-Sua frase me faz rir alto-Como está aí?

-Frio, eu não passei nem um ano fora do Canadá e já errei até as portas da casa dos meus pais.

-Você foi visitá-los?

-Assim que eu cheguei, eu não tinha planejado voltar pra Toronto agora, então meu antigo apartamento já estava sendo usado, passei essas semanas procurando por algo e me mudei a alguns dias.

-Vai contar o porque da mudança repentina? Sério, nem o Ashton conseguiu arrancar algo do Calum.-Sua menção ao meu ex namorado me deixa nervosa, esse não era um assunto que eu pretendia conversar tão cedo.

-Não tem um porque, nós terminamos, acabou, fim da história.-Dou de ombros como se não doesse dizer aquilo, não me importando com o olhar repreendedor que ela me lança também-Mas como estão todos ai?

Conversamos por mais alguns minutos, antes que eu tivesse que sair, pois Cleo precisava passear e eu adorava andar pela cidade no fim de tarde.

Mesmo que as lembranças de momentos que eu e Calum fizemos o mesmo viesse a minha mente o tempo todo.

Era difícil ainda me acostumar sem sua presença risonha, seu bom humor nos meus dias mais irritada, ainda tinha dias que eu acordava e quase mandava uma mensagem de bom dia, pois meu cérebro parecia dizer que eram apenas alguns dias, como se estivéssemos trabalhando um longe do outro, mas não dessa vez, era diferente agora.

Talvez fosse questão de tempo, até que minha vida entrasse nos eixos, ou talvez eu nunca fosse superá-lo, afinal desde o momento que começamos a nos envolver, quando ambos tínhamos dezenove, passei a imaginar todo meu futuro ao seu lado, todas as minhas conquistas no mundo da música, assim como as dele e dos garotos, viagens de férias, reuniões de família, um dia nos casarmos e termos nossos próprios filhos, tudo isso eu idealizei com ele, pensar que tudo havia ido por água abaixo me deixava triste, mas eu não voltaria atrás.

Até porque a decisão não foi minha, Calum terminou comigo, ele disse que era o fim, enfática e repetidamente. Eu o esperei por horas, até o meio da madrugada, então eu comecei a arrumar minhas coisas, todas, pelo menos o que caberia em algumas malas e eu chorei, chorei quando vi o sol nascer e ele não ter aparecido, chorei pensando que alguma coisa podia ter acontecido, mas o medo de que poderíamos brigar ainda mais se ele aparecesse e me visse lá, me fez fugir, correr para longe, inicialmente eu iria para um hotel, passaria alguns dias lá, quem sabe, mas era um noivado que chegava ao fim, eu precisava da minha família e a Austrália era a casa dele, não a minha, então eu voltei pro Canadá assim que encontrei um voo naquele dia.

Eu disse muitas vezes que estávamos indo rápidos demais, casamento era sério demais, mas quando eu disse sim, eu sabia que não importava, eu o amaria pra sempre, casados ou não. Tenho medo que isso não tenha mudado, que o medo e insegurança, a falta de comunicação tenha acabado com nós, com o que costumávamos ser.

Eu pensei bastante nas últimas semanas, março havia chegado e apesar de ainda fazer frio, o clima já começava a ficar mais ameno, me fazendo lembrar que a Austrália estava entrando em agora no outono, lembrar que talvez agora mesmo meus girassóis estejam secando na sacada, ou até mortos porque Calum nunca lembrava de regá-los, o que era engraçado quando ele tentava se desculpar com as plantas.

Memórias, muitas memórias mesmo. Tudo me levava a pensar nele, absolutamente tudo e era por isso que eu decidi tirar um tempo, o que eu vi dizer na internet é que as pessoas acreditam que eu esteja trabalhando no meu próximo álbum, melhor elas pensarem assim, já que eu não estava sequer cantando muito.

Eu amava meu trabalho, amava cantar e tocar, mas cada vez que eu olhava meu violão me dava vontade de chorar ao lembrar que minhas notas do celular estão cheias de anotações de músicas que eu havia feito com ele e para ele. Eu não conseguia passar mais do que algumas entrevistas sem querer enforcar cada pessoa que falava dele.

Eu estava tentando superá-lo, mas a cada dia era uma pergunta mais invasiva que a outra e com isso me vi obrigada a abandonar tudo e me trancar em casa, adotei Cleo e ela era o que me mantinha sã em casa até o momento, só espero não surtar e correr até ele, já que ultimamente essa é a minha maior vontade.

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11 de setembro de 2020
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GHOST OF YOU ⋄ calum hoodOnde histórias criam vida. Descubra agora