Capítulo 14: Dia dos namorados

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"Siga seu coração. Se você não pode estar sem ele e ele vai esperar que isso tudo acabe, aproveite os momentos que você tem livre... mesmo que seja nessa situação. Você sabe que todos nós gostamos dele, sabemos que ele te faz feliz... Não gosto de te ver assim."

Não sei como fiz para não chorar. Só lembro que minha irmã me abraçou forte, me dando todo seu apoio incondicional, como sempre. Minha família era a luz da minha vida. Minhas irmãs eram minhas princesas e minha mãe era minha rainha... Não posso reclamar da família que tenho. Fui abençoada por Deus. Tinha amigas, mas minhas irmãs eram minhas amigas e conselheiras com quem podia contar a qualquer momento. A diferença de idade ajudava muito porque elas eram maiores e tinham mais experiência de vida. Não se metiam nas minhas decisões, me respeitavam assim como eu fazia com elas. Claudia era uma pessoa diferente de Blanca e eu, era muito mais tranquila, ela não gostava de todo esse mundo artístico... ela mesmo dizia que era a normal da família. Tinha um trabalho normal, um marido para cuidar e queria ter uma família. Às vezes queria ser como ela, ao menos poderia viver a vida livremente, sem ter um paparazzi atrás para gravar tudo.

Já eu me sentia mais parecida com minha irmã mais velha. Blanca gostava de teatro, música, fotos. Quando eu era pequena, gostava de vê-la cantando pela casa. É a que mais me ajuda com minha carreira, ela se encarrega dos fã-clubes, porque eu não poderia dar conta de tudo. Blanca cuidava de mim como se eu fosse sua filha e eu a respeitava muito, não como respeitava a minha mãe, mas quase. Quando eu disse para ela que tinha deixado o Chris, ela só me disse que me arrependeria. Eu já estava arrependida. Queria poder consertar tudo, queria poder tê-lo outra vez comigo. 

Não sei se foi pela influência do álcool ou pela saudade, mas eu disquei o número que sabia de cor e liguei... para o Guillermo. No fim, não tinha tanta coragem. Ele já atendeu o celular rindo, sabia que eu não ia aguentar muito tempo. Conversamos por algum tempo, eu ri um pouco... Eu disse que sentia saudades dele, Guillermo deu uma gargalhada porque sabia que não era dele que sentia falta. Conversamos como não fazíamos há muito tempo, depois ele titubeou e me perguntou de repente:

"Eu sei que você me ligou para saber dele, o que você quer me perguntar?"

Ri com timidez, realmente eu não sabia como disfarçar. Ele falava e falava, quando chegou a parte em que me disse que Chris estava no México, todo o álcool que tinha no corpo desapareceu e comecei a ficar com medo de que ele não tivesse ido à festa por minha culpa.

"Como ele está?"

"Para ser sincero... nada bem. Ele finge que está bem, mas não está. Dulce, a verdade é que ele se sente culpado por te deixar sozinha com tudo isso..."

Senti uma pressão no coração por pensar que ele estava sofrendo. Me senti até uma ridícula por perguntar se ele estava com alguém. Guillermo provavelmente leu meus pensamentos, porque ele me disse que nós não encontramos o amor, o amor que nos encontra. Me disse para parar de ser tonta, para ir procurá-lo, para não deixar esse amor ir embora. Desliguei com o coração na mão... o que eu iria fazer agora? Ir atrás dele ou deixar as coisas como estão? 

Blanca me viu abatida e me perguntou o que aconteceu. Lhe contei sobre minha conversa com Guillermo e ela apenas apoiou o que ele havia dito. Suas palavras fizeram com que todos os meus medos desaparecessem como um ato de magia. Ela começou a rir quando viu que me levantei rapidamente. Eu tinha tomado uma decisão: iria procurá-lo. Poderia ir até a casa dele, mas lá não era o lugar para conversar sobre isso.

Quando peguei minha bolsa para sair, o encontrei na porta de casa. Quase caio para trás, surpresa por vê-lo ali. Sua presença encheu todo aquele espaço. Fazia tanto tempo que não o via que fiquei sem palavras... Ele sorriu para mim um pouco sem graça, eu não devolvi o sorriso, só fui na direção dele agradecendo mentalmente ao Guillermo por ser um fofoqueiro muito eficiente. Encurtou meu caminho para ir buscá-lo, pois ele já estava ali. 

Ele apenas continuava me olhando, também sem saber o que dizer. Eu sorri, sentindo como as lágrimas faziam meus olhos arderem pela felicidade de vê-lo de novo. Estive a ponto de me declarar como uma tonta apaixonada, mas ele se adiantou, agarrou minha mão e disse: "vem comigo".

E eu, como sempre, fui. Fomos para o apartamento dele em Condesa, nenhum dos dois disse nada durante o caminho. Eu estava nervosa por causa desse silêncio, roí todas as unhas que me restavam. Olhava meu celular e mandei uma mensagem para Blanca e Claudia para que elas avisassem minha mãe de que não dormiria em casa essa noite. E obviamente lhes disse com quem estava. As duas fizeram o favor de não me responder. Eu já sabia o que iam me dizer. Enfim...

Ao entrar no apartamento, as lembranças me invadiram como se eu as estivesse revivendo naquele momento. Até a chave eu tinha entre as minhas. Olhei tudo rapidamente e reparei que tudo estava igual. Nossas fotos, as fotos dele... minhas fotos.

"Nada mudou."

Eu suspirei e fechei os olhos antes de responder.

"Para mim nada mudou também."

"Você ainda existe em mim..."

Não pude conter as lágrimas que surgiram de novo.

"Me desculpa...", consegui dizer com uma voz fraca.

Eu quis me explicar, quis dizer várias coisas. Mas me desculpar foi o único que consegui fazer naquele momento. Ele me presenteou com um dos seus lindos sorrisos e suspirou aliviado.

"Vem cá..."

Tinha vontade de bater minha cabeça contra a parede, mas a vontade de estar com ele era maior. Eu corri para os seus braços, que me receberam abertos. Eu fiquei neles, sentindo como a vida voltava ao meu corpo e ao meu coração.

"Sou uma estúpida..."

Ele riu, beijando meu rosto até terminar na minha boca...

"Eu sei..."

Eu bati nele como sempre, antes de sentir seus lábios sobre os meus. Depois disso, me esqueci do mundo... quero dizer, meu mundo estava ali com ele entre aquelas quatro paredes. Então decidi que não ia lutar mais contra isso. Deixaria que as coisas fossem como tinham que ser. Ele me queria perto, mesmo nessa situação... Deixaria de ir contra a corrente.

Um dia antes de ele voltar para Los Angeles fomos jantar e fomos vistos, tentamos disfarçar, mas foi impossível e a notícia saiu. Pedro quase me comeu viva... eu o acalmei dizendo que ninguém ia acreditar. Bom, eu virei um lanche quando Luisillo chegou e esfregou umas trinta fotos na minha cara...

"Será que alguém vai acreditar agora?"

Levei minha mão à boca, fiquei pálida. De todas as fotos que tínhamos comprado, aquelas eram as melhores.

No final das contas, tínhamos que celebrar o dia dos namorados...

Drakisnaba - Relatos de mi historia (traduzida e corrigida)Onde histórias criam vida. Descubra agora