#7 rainy day

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Coloquem a música quando eu pedir <3

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Quando eu estava na Coréia, os dias de chuva eram os melhores.

O som das gotas de água caindo eram como música para meus ouvidos e os céus nublados eram meus favoritos.

Meus amigos sempre ficavam tristes quando chovia e eu nunca entendi o porquê. Para mim, o tempo fechado e a chuva contínua eram as melhores coisas que a natureza poderia nos dar.

Eu sei que muita gente curte a chuva e o tempo frio para ficar debaixo das cobertas, assistir filmes, comer besteiras e usar o barulho das gotas caindo para dormir. Mas, não é esse o motivo pelo qual eu gostava das tempestades.

No auge dos meus anos, eu passei por problemas. Ou melhor, minha família passou. Duas semanas depois do meu aniversário, meus pais deram a notícia de que iriam ter outro filho.

Eu nunca vi minha família tão feliz e unida quanto naqueles dias. Meus pais sorriam mais do que meu coração dava conta, meus avós e tios sempre apareciam na nossa casa e nós adorávamos ficar escolhendo os móveis e roupinhas do bebê na internet.

Eu era a pessoa mais feliz do mundo, afinal, minha mãe estava carregando consigo minha irmã, Heejin. Mas eu, infelizmente, nunca a conheci.

No sexto mês de gestação, houve um incêndio no trabalho da minha mãe. O prédio todo ficou em chamas, trinta pessoas morreram e mais de cinquenta ficaram feridas. Minha mãe inalou muita fumaça, sofreu quatro paradas cardíacas no caminho do hospital, ficou internada por dois meses e sofreu muito durante esse tempo. No fim, ela ficou bem, mas minha irmã não.

Minha mãe perdeu o bebê no dia do incêndio , e isso doeu como o inferno em mim. Eu nunca conheci a minha irmã, mas eu a amei em cada segundo de sua existência.

Passei o resto dos meus treze anos e metade dos catorze mergulhado em uma depressão que me impedia de viver. Pequenos afazeres se tornavam impossíveis pra mim, comer era fora de cogitação e levantar da cama era abominável. Durante aquele ano, eu sentia como se um meteoro tivesse caído em mim, me soterrando em desgraça e coisas que eu ainda não estava pronto pra lidar.

Logo depois, eu descobri minha sexualidade quando comecei a gostar de um menino da minha sala, e eu quis morrer com isso. Tive medo dos meus pais descobrirem, dos meus amigos não gostarem mais de mim e de ser condenado por todos. Eu me reprimi, me fechei e nunca contei pra ninguém.

Durante meus dias monótonos e deprimentes, eu fechava as cortinas do meu quarto e só as abria quando a noite chegava. Eu odiava o sol e tudo que soasse alegre, então passei a viver no escuro. Os únicos dias em que eu me levantava para abrir a janela, foram os chuvosos.

Eu me levantava, mais fraco do que nunca, abria a janela e me sentava para assistir as gostas de água caindo dos céus. Eu me via ali, na garoa fina, nas tempestades raivosas e no céu nublado. A chuva representava as lágrimas que caiam de meus olhos todos os dias ao acordar e me acompanhavam até a hora de dormir novamente.

Foram dias sombrios, de muita chuva e melancolia, mas tudo isso passou.

Eu não sei exatamente como, mas aos poucos eu fui me reerguendo e aprendendo a lidar com a dor.

Agora, eu tenho pavor de dias chuvosos. Quando o céu se fecha, uma parte de mim ainda se sente como o Jungkook de quatro anos atrás. Mas, aquele não sou mais eu.

Hoje, ao acordar com o despertador escandaloso do meu celular, ouvi as gotas de chuva batendo no vidro da janela e ,ao abrir, a realidade bateu com força na minha cara.

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