Chave de braço

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           Cheguei em casa nervosa, talvez por ter passado a noite fora, talvez porque Marina tivesse me deixado extremamente envergonhada e excitada andando nua na minha frente. 

           Myke e Clarck correram trazendo meus chinelos, dois labradores pretos imensos que acham que tem o tamanho de um Pinscher. A Bonnie uma labradora caramelo, menor, mas tão desengonçada quanto os outros, tentava subir em mim a todo custo. 

             Eles me distrairam um pouco do pensamento que me atordoava. Tomei um banho demorado enquanto eles ficavam sentados na porta do box olhando as gotas de água que escorriam. A água fria não tirava meu pensamento. E acabei saindo do chuveiro imediatamente buscando o cartão que ela me deu. 

Precisamos conversar

Achei que não
 mandaria mais
 mensagem

Podemos nos
encontrar? 

Posso conhecer
seus cães? 

Não. Na minha casa 
Não. 

Vem pra minha
então. 

           Arrumei o carro, e os "meninos" ficaram agitados, achando que iríamos passear, já que estava fazendo o segundo dia de sol consecutivo, e nas últimas semanas não fomos ao parque. A Yorkland Boulevard estava calma e vazia, o que era até meio atípico para um domingo. A grama de algumas calçadas estava úmida, o que fazia me molhar toda, cada vez que um deles tentava subir em mim. Como são adestrados, por vezes eu tiro a guia para que andem soltos.

Numa bobeira minha com a porta aberta, Bonnie e Myke já estavam sentados no banco de trás enquanto Clark me olhava com cara de bobo. Abri a porta da frente para ele, que parecia sorrir feito criança.

— Pois é… Vocês venceram… Vamos sair. – Falei com eles. — Mas o senhor passe lá pra trás com seus irmãos. – Como se me entendesse, ele pulou contrariado após um gesto meu.

         Após alguns minutos estacionamos na porta de Marina, eu mandei uma mensagem pedindo que ela fosse até a rua, que estaria esperando no carro.

          Uns instantes depois ela apareceu na porta, olhando para os lados, vestindo uma calça de pijama e um top, que deixava a barriga de fora. Pela primeira vez pude ver seus cabelos soltos, que batiam aproximadamente no meio das costas. 

            Pisquei o farol do carro pra ela, que veio em minha direção. Meus cães são bobos e adoram pessoas, então, agitaram-se ao vê-la se aproximando. Quando Marina percebeu que eles estavam comigo, abriu um largo sorriso e desci para deixá-los sair sob um comando. 

             Clark tentava a todo custo mostrar seu brinquedo a Marina e os outros dois a cheiravam e recebiam seus carinhos. Ela atirava o disco para eles que traziam correndo. A felicidade dela era tanta, que me recostei na mala e fiquei apenas observando os vários minutos de gargalhadas que ela dava. 

— Agora acho que eu posso ganhar pelo menos um cumprimento? 

          Ela correu em minha direção e ergueu-se para me beijar nos lábios, um breve selinho, sorrindo em seguida, e se divertindo com os cachorros. 

— Precisamos conversar. – Eu disse séria. 

            Entramos e ela deu água aos "meninos", que deitaram-se ao longo da pequena sala. Sentei-me no sofá, enquanto ela levava as vasilhas de água para cozinha..

— Por que você está tão séria? 

— Marina acabamos de nos conhecer e eu estou na sua sala com meus cães.

Mellanie - A Acompanhante [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora