✨ No começo de tudo

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Não quero ter pressa para contar os fatos mas sou uma pessoa muito ansiosa, vou contando tudo por que não carrego mais peso. Já carreguei até os que nem eram meus. Não me conte outro segredo. Já bastam os meus. Nem venha com um conselho guardado num cartão de aniversário, porque o melhor eu já recebi. Obrigada Sofia.
Sei número de telefone ao endereço desse nome. Da letra do alfabeto ao significado que estranhos dão aos nomes. Esse nome me pesou por um bom tempo. E por anos pensei que um regime acabaria com o grande tamanho da balança. Mas era só você dentro de mim. E na semana passada também foi você. E na esquina foi você quem eu vi. E no meu quarto foi por você por quem minhas lágrimas abri.
Não quero que o leitor imagine uma menina depressiva e cheia de rancores. Por que a Sofia não é assim. Ela é a pessoa mais difícil que já conheci. E a mais fácil de se encontrar. Todo mundo tem uma Sofia na vida. E é por isso que escrevo hoje: porque nunca se deve magoar um poeta.
Vamos voltar no tempo como os filmes mais antigos imaginavam que na nossa época que vivemos já teríamos inventado uma máquina que nos levaria ao passado e ao futuro. Se pudesse voltar ao passado, não mudaria nada, afinal, eu não estaria escrevendo isso agora. E se pudesse ir ao futuro, leria como essa história ficou. Mas o que importa é que todos esses filmes bizarros erraram feio e não os condeno por errar e nem por imaginar, porque se for olhar por esse ângulo, sou um filme antigo também.
Sou o tipo de pessoa que se apega muito rápido por que acredita que as pessoas podem ser boas se tentarem. Mas elas não tentam. São sedentárias por que não correm riscos. E eu fico quieta observando. Mas por dentro sou um vulcão. Eu só queria um amigo.
E num dia sem graça, com a professora falando sem uma pausa entre as palavras, parecia que o tempo parava e procurava uma folga. E foi você a primeira sombra que vi.
Sempre sentei nas primeiras carteiras da escola por que tenho certa dificuldade com algumas matérias como Matemática e Geografia. A Sofia não. A Sofia era boa em todas as matérias. Menos em educação física. Assim como eu.
Sua carteira era atrás da minha, então corri um risco e conversei um pouco. Lembro disso mesmo sendo 4 anos atrás. Os poetas não são brinquedos. E quando a professora fechava a porta e saía para tomar café enquanto reclamava sobre um aluno para a diretora, eu me virava e conversava. Era uma nova arte que nunca tinha feito. Conversar com alguém que também queria conversar comigo. Havia algo errado ali. Por que ninguém falava comigo assim? Por que todos estão olhando você falar comigo? Por que eles não querem que você fale comigo? Eu não entendia. Eu não pertencia ali. Era como uma tribo sem chefe no comando, por que todos queriam mandar. E eu era a ameaça. Contava para minha mãe o que eu pensava e que ali não era meu lugar, mas ela não dizia nada. Mas, quando ser forte mesmo tão pequena se torna difícil, vem o choro. Em casa, diziam que iriam ir na escola brigar com os indivíduos arrogantes da minha classe, enquanto eu acreditava. Ninguém apareceria. Mas a Sofia estava lá. Nas contas de "mais e menos", quando tudo parecia duvidar , quando eu ficava mais ou menos, era só virar para trás e ela estava lá. Até que um dia, as ameaças tiveram seu fim. Ninguém ligava para mim por que eu não tinha interesse com o que diziam de mim. Eu tinha alguém que gostava de mim do jeito que eu era. Uma amiga.

SofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora