A escola virou motivo de alegria e ao mesmo tempo, como os adolescentes costumam falar, "tédio". Não era só um professor, mas oito. Cada aula separada com o recreio que era todo mundo junto. Admito que sentia uma certa vergonha por ter que passar pelos corredores cheios de meninos e meninas mais velhos que eu, mas hoje vejo que não tinha lógica. Nada fazia lógica naquela época.
E foi em um dia, quando o sinal bateu, meus materiais não entravam na mochila. E não tinha mais Sofia para me ajudar.
Mensagens sem resposta, conversas boas mas sempre interrompidas pela menina dos apelidos. Ela virou um certo grude na Sofia do qual eu me pergunto se eu ficava do mesmo jeito antigamente. Mas eu ainda ia na casa dela, mesmo que com todas as vezes a menina dos apelidos estava sempre lá. Me pergunto se ela tem mãe para ver se ela pelo menos se lembra de buscar a filha, com o mesmo propósito que minha mãe tinha quando me buscava.
Não era mais eu e a Sofia nos grupos de sala. Mas isso não me feria tanto, afinal, eu tinha outras amigas também. Mas aquilo foi se tornando tortura. É calúnia dizer que senti ciúmes, mas foi por amor. Amor de irmã, o medo da troca e de se sentir sozinha como antes. Eu havia construído um castelinho na Sofia e ela havia dado um belo chute. Não precisava ser assim.
Um dia, eu chamei a Sofia para conversar depois da aula. Tudo bem. Nós já havíamos brigado algumas vezes por bobeiras mas nunca foi de acabar em choro. Eu não esperava isso de você Sofia.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sofia
Short StoryA vida tem regras básicas. E a principal delas é que não se deve magoar um poeta. A vida dá voltas e a poesia é quem faz o trajeto. Obrigada Sofia.