Capítulo 30

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[...]

Daniel suspirou, sentindo-se perdido e sem ter qualquer noção do que fazer. Johnata não parava de chorar, nem por um momento, mesmo depois de Daniel dar banho no filho e ter esquentado leite para ele beber. Havia tentado fazê-lo dormir, dando suaves tapinhas no bumbum do bebê para acalmá-lo, mas não havia dado certo; a ansiedade e inquietação do bebê não só se davam pela falta da mãe, mas também como um reflexo do desespero e abalo emocional do pai.

Daniel não sabia realmente como cuidar de um bebê, pois essa tarefa sempre coube a Aline, enquanto era ele quem fazia os afazeres do campo. Trocar fralda, regular a temperatura do leite, fazer dormir... tudo isso parecia ser tão fácil quando via a sua mulher fazendo, mas praticamente impossível quando era só ele.

O olhar de Daniel deixou a vista lá fora e a sua atenção se voltou para o quarto, onde Johnata chorava incessantemente, desesperado para ter o calor e a proteção de um dos pais — mais precisamente da mãe.

Ele suspirou profundamente, tentando manter os pensamentos em ordem. Dar lugar à ansiedade e ao desespero não seria o certo, afinal, Johnata precisava dele.

— Shh... Calma — Daniel disse baixinho após inclinar-se sobre o berço e pegar o filho no colo. — Papai está aqui.

Mesmo dizendo palavras tão doces para confortar o filho, o bebê continuava a chorar e soluçar com a mãozinha fechada em punho parcialmente dentro da boca, olhando inquieto para todos os lados. Johnata sentia a falta da mãe e a queria muito, e Daniel o compreendia perfeitamente.

— A mamãe não vai voltar. Não ainda — Daniel disse tentando ninar e acalmar o seu filho inquieto. — Mas até ela voltar para nós, papai estará aqui para cuidar e proteger você. — Daniel beijou o rostinho molhado do filho que agora somente soluçava e emitia gemidos manhosos. — Está bem?

Daniel sentiu um lado do seu rosto humedecer, mas constatou que não era por causa de Johnata, ele também estava chorando.

Como um oposto de Aline, Daniel não era tão sensível e fácil de demonstrar emoções, ele era um homem bem reservado e relativamente frio. Mas Aline mexia com os seus pensamentos e ações de tal forma que era quase impossível ocultar suas reais emoções e toda a angústia em seu coração.

Doía olhar para os cantos da casa e do rancho e não encontrá-la. Doía não poder vê-la na cozinha, cozinhando sorridente e perguntando o que ele iria querer comer, não poder ouvi-la contar sobre coisas da vida — ainda que algumas delas se tratassem de algo triste, como o caso de Lucas —, não correr atrás dela numa das brincadeiras infantis que ambos ainda faziam, não ter o corpo dela debaixo do seu e ouvi-la suspirar e sussurrar o quanto o amava.

Daniel continuou a ninar o bebê, mas dessa vez ocultando o rostinho do filho em seu peito. Ele não queria que Johnata o visse chorar, que visse a sua fraqueza; Daniel tinha de manter-se forte pelos dois a partir daquele momento.

— Tudo vai ficar bem, você vai ver — ele disse com a voz embargada pelo choro, o seu corpo tremia e as lágrimas de tristeza não conseguiam cessar. — É uma promessa — Daniel continuou a dizer, mas, no fundo, perguntou-se se estava dizendo aquelas palavras para Johnata ou para si mesmo.

[... continua]

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