Capítulo 26

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Lá era bem alto. Dava para se ter uma boa vista do bairro e de quase todo o parque; pessoas pareciam ser pequenas formigas, e a sensação que dava é de estarem prestes a sair da órbita terrestre.

Daniel olhou em volta e se deu conta de que aquela cabine era bem fechada e dava mais sensação de proteção, diferente da roda gigante que ele havia ido com Aline, que era apenas um banco para duas pessoas com uma trava na frente — trava que parecia estar solta, foi o que ele notou naquele tempo, mas não disse nada, pois não queria assustá-la.

A cabine era bem grande e tinha espaço o suficiente para quatro pessoas. Daniel notou que Johnata oscilava de vez em quando em olhar para a cabine e olhar para fora. O menino não aparentava ter medo de altura.

— Está se divertindo? — Daniel perguntou ao filho.

Johnata olhou para a frente e sorriu para o pai.

— Muito — o menino respondeu. — Parece que estamos voando.

— Verdade. — Daniel concordou sorrindo e olhou para o céu estrelado — o mesmo céu que o amor de sua vida devia estar observando, pensando nele e no filho deles.

Mas o semblante de Daniel não transpareceu dor ou tristeza ao pensar nela. Ele estava contente demais — por ele, por Johnata e pelas pessoas maravilhosas que havia conhecido. O seu coração estava em paz, finalmente, e repleto de esperanças; doces esperanças que os aguardavam dali para frente.

— Venha aqui. Venha ficar ao lado do papai — Ele chamou Johnata, que pulou correndo em seu colo. — Sabe o que eu notei?

— O que? — Johnata perguntou olhando para o pai que apoiava a cabeça na mão estendida.

— Que você subiu no meu colo duas vezes hoje, para alguém que diz que já não é mais uma criança. — Daniel sorriu para o filho e o seu sorriso aumentou para uma risada quando Johnata fez cara feia e saiu do colo do pai, sentando-se ao lado da janela da cabine.

— Papai!

— Tudo bem, estou brincando. — Daniel continuou a sorrir, mas parou, observando o cenário mudar conforme a cabine descia um pouco mais. — Na verdade, foi algo que percebi.

Johnata o fitou atentamente.

— E o que é? — a criança indagou, curiosa.

Daniel olhou para o filho e sorriu.

— Que eu não preciso mais me entristecer e me desesperar por causa da sua mãe — respondeu. — Nós a amamos e tenho certeza de que ela ainda nos ama muito. E enquanto esse amor existir e perdurar, nós a encontraremos, onde quer que ela esteja.

Johnata sorriu e encostou a cabeça no peito do pai, que o beijou com carinho.

— Estou muito contente, papai.

— Eu também estou muito contente — Daniel disse. — Por agora e pelo futuro que nos aguarda ao lado de sua mãe.

Johnata suspirou de alegria e satisfação. Aquele, definitivamente, tinha sido o dia mais feliz de sua vida — ou, pelo menos, um deles.

[... continua]

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