Já não sinto mais meus pés, não deveria ter vindo de salto, penso quando finalmente abro a porta dos fundos e me apoio na parede daquela rua. O som alto ainda podia ser escutado. Eu realmente não estava bem. Não sei explicar o que aconteceu, provavelmente batizaram minha bebida. Fecho os olhos enquanto tento respirar o mais fundo que posso. É melhor eu ir embora. Todos os meus "amigos" já sumiram mesmo.
Começo a andar em direção a rua principal mas me sinto zonza, olho para trás e vejo o cara que ficou me encarando enquanto eu estava dentro da balada saindo pela mesma porta pela qual passei momentos atrás. Começo a andar mais rápido, mas ao virar a rua dou de cara com mais dois homens que ao me verem dão um sorriso estranho, me viro e começo a correr, não me sentia bem e o modo como me encurralaram dessa maneira não me pareceu um bom sinal. Começo a sentir minhas pernas falharem, escuto eles correrem atrás de mim, não sei o que está acontecendo mas meu corpo não esta me obedecendo, no momento em que eu iria cair sinto alguém me segurando e me pegando no colo, em seguida ouço vozes:
-Algum problema? - Escuto uma voz não muito distante.
-Não precisa se preocupar, minha namorada bebeu mais do que devia e fez uma cena de ciúmes e saiu correndo, mas agora está tudo bem. Estamos indo para casa. - Dessa vez quem fala é a pessoa que me segura, mas eu nem sei quem é, sinto que ele se vira como se fosse embora pra outro lugar.
Junto a força que me resta para tentar fazer algo, mas tudo que consigo é apenas empurra-lo com meu braço enquanto tento me soltar, mas sem êxito. Não conseguia abrir meus olhos nem me mexer, mas ouvia tudo que acontecia a minha volta.
-Ela não parece querer ir com você. - Escuto a primeira voz novamente.
-Olha, se você quiser participar tudo bem, mas se não só da o fora cara. - Dessa vez é uma terceira voz quem fala e sinto alguém se aproximar, agora sinto ele falando bem perto. - Temos só algumas horas antes que o efeito passe, então não enrola, queremos nos divertir.
Um silêncio se instala e eu não sei o que está acontecendo, até que escuto uma risada debochada, parecia ser do primeiro homem.
-É melhor você me entregar ela. - A primeira voz fala.
-Qual o seu problema? - Dessa vez quem estava falando era a pessoa que me segurava. - Você não vai se divertir sozinho. Ou vocês vem com a gente ou pode ficar ai.
Vocês? Então o dono da primeira voz não está sozinho?
-Você quem pediu por isso. - O dono da primeira voz fala e começo a escutar uns barulhos.
Eu sinto meu corpo cai no chão, sinto a dor do baque e meu braço dói. Mas não consigo fazer nada. escuto mais barulhos e logo depois alguém me tira do chão.
-Vou levar ela para o hospital, sabem o que fazer com eles, certo? - Era o dono da primeira voz quem falava.
-Relaxa, te encontramos lá. - Uma voz que até então eu não tinha ouvido se pronuncia.
Sou levada até um carro e deitada no banco. Meu braço doía, minha cabeça estava muito confusa, me sinto enjoada mas não conseguia nem virar meu corpo para uma posição mais confortável. Passa um tempo até o carro parar. Enquanto sou retirada do carro perco a consciência.
Passa um tempo até eu voltar, ainda não consigo me mexer, mas escuto duas vozes, eu parecia estar deitada numa cama ou algo do tipo.
-Pode ser uma fratura, vamos tirar um raio X. - Uma voz dessa vez de mulher fala. - É horrível ver que mulheres não podem sair nem pra se divertir.
-Apenas me avise dos resultados dos exames o mais rápido que puder quando saírem. - Era a mesma voz. Queria poder abrir os olhos pra ver quem era o dono da voz.
Novamente apago. Quando acordo novamente sinto uma enorme dor de cabeça, abro os olhos com dificuldade, vejo que estou em hospital. A um homem em pé, de costas para mim, ele olha algo pela janela. Tento falar alguma coisa mas logo em seguida eu perco a consciência.
Quando retorno a mim, já não estou com tanta dificuldade para abrir os olhos ou me mexer. Fico um bom tempo no quarto até alguém aparecer. Uma mulher entra, aparentemente ela era médica.
-Acordou. Que bom. - Era a mulher que ouvi quando eu estava "dormindo". - Como você se sente?
-Bem, eu acho. - Respondo enquanto tento me sentar. - O que aconteceu?
-Não faça esforços, você não está com dor por causa dos remédios, mas seu braço sofreu uma fratura leve e seu organismo está se recuperando. - Olho pra ela sem entender. - Você se lembra de algo da noite passada? - Balanço a cabeça negativamente. - Alguém dopou você, mas não se preocupe, nada de grave aconteceu pois pessoas que estavam no local viram e te prestaram socorro. Logo uma enfermeira vira te buscar e te levar para mais exames. Até lá descanse. - Apenas concordo com a cabeça. - Quer que liguemos para alguém? Você vai precisar ficar mais um pouco em observação, talvez uns dois dias.
-Não, apenas quero comer algo. - Ela concorda e se retira.
Fico ali me perguntando o que realmente aconteceu e quem seria aquele cara.

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Destruição gradativa
Lãng mạnAté aonde as pessoas vão por dinheiro? E pela família? O quanto a gente se destrói pelos outros por insistir na necessidade de agradar ou por não se sentir suficiente?