Estava dentro do carro depois de ter ido na reunião para assinar o contrato, apesar de no fim não ter assinado. Não consigo parar de pensar nisso, algo no presidente daquela empresa me chamava a atenção, a voz dele me parecia familiar. Mas não importa o quanto eu tentasse nada me vinha a mente. Resolvo deixar isso pra lá quando chego ao meu destino.
Tinha que fazer uma verificação em alguns produtos que chegaram. Desço do carro e caminho em direção ao porto. Eles já haviam descarregando, avisto o meu irmão e me aproximo, Jonathan parecia distraído.
-O que aconteceu? - Pergunto me aproximando.
-Lídia não me deixa em paz. - reviro os olhos ao escutar esse nome. - Ela está grávida. Mas eu sei que não é meu, faz tempo que eu e ela não fazemos nada.
-Então qual é o problema? Se ele não é seu não tem porque se preocupar.
Antes que ele pudesse me responder somos chamados para ver um dor containers.
-Eles mandaram a quantidade errada. - O homem que estava fazendo a verificação dos produtos nos informou. - Eles mandaram apenas três containers de cocaína. Deveria haver pelo menos vinte, no lugar veio metralhadoras.
-Sabemos o porque disso aconteceu? - Jonathan pergunta.
-Não vamos esperar para descobrir. Quero que você vá lá na semana que vem e veja o que está acontecendo. - Falo e ele concorda.
Vemos mais algumas mercadorias e depois sigo para casa.
Isto tudo é tão cansativo. Não imaginei que assumir os negócios da família me traria tantos problemas, nunca imaginei que teria que assumir essas coisas um dia. Mas aconteceu. Eu não diria não a meu pai. Afinal ele precisava de mim, o que poderia fazer?
**********
A semana passou rapidamente e a sexta chegou, durante a manhã eu fiquei na empresa e fui em seguida para o centro de tiro. Ao chegar lá fiquei praticando até que ele chegasse.
Estava distraída recarregando, quando escutei a voz que mesmo familiar era desconhecida:
-Você é boa.
-Não tanto quando gostaria. - Respondo me virando para o olhar. - Está aqui a muito tempo?
-Só o suficiente pra perceber que tem qualidade. - Ele se aproxima analisando a Glock que eu estava usando. Em seguida me entrega a papelada.
Ele termina de recarregar e começa a dar uns tiros, enquanto isso leio o contrato. Parecia estar tudo certo dessa vez.
-Trouxe caneta? - Pergunto e ele me entrega uma.
Assino e devolvo o contrato.
-Não esperava por você como representante das empresa Volker. - O olho sem entender. - Esperava Jonathan ou o pai dele. E aparece você.
-Nem todos sabem, mas meu pai se aposentou, eu e Jonathan assumimos tudo.
-Seu pai? - Ele me olha surpresa e eu apenas confirmo com a cabeça.
-Bom, acho que já acabamos aqui. - Falo indo até minha bolsa e pegando um celular. - Receberá as informações por aqui, te passarei meu número pessoal, mas nunca tente falar comigo por esse celular.
-Tem a previsão de chegada para a encomenda? - Ele pergunta me acompanhando em direção a saída.
-Semana que vem. - Enquanto saiamos de lá percebi algo. - Ainda não sei o seu nome?
-Luan e o seu?
-Cecília, Foi um prazer fazer negócios com você. - Falo saindo e indo em direção ao meu carro.
**********
Já era sábado a noite e meu irmão insistiu que eu fosse com ele e seus amigos para uma balada. Marquei de encontra-lo lá. Termino de passar batom e pego um taxi.
Ao chegar lá procuro meu irmão com os olhos mas não o encontro. Vou ao bar tomar algo e sinto como se estivesse sendo observada, olho em volta e não vejo ninguém. Depois de algumas bebidas já estava na pista de dança. A sensação de estar sendo observada não passava, até que sinto uma mão no meu ombro. Era meu irmão.
-Onde você estava? - Pergunto praticamente gritando por causa do som alto mas ele só me puxa em direção a uma escada, provavelmente em direção a área vip.
Estava cheia e para minha surpresa meus novos clientes estavam aqui.
-Oi. - Um dos homens que trabalha com o Luan me cumprimenta, se eu não me engano ele se chama Pedro.
-Oi. - Comprimento ele de volta e aceno a cabeça para os outros. - Esse aqui é o Jonathan meu irmão. - Meu irmão os cumprimenta e eu prossigo. - Esses são os novos clientes da nossa empresa.
-Ah, é um prazer conhecer vocês, gostaria de ter ido na reunião.
Eles começam a falar de negócios e eu vou até um sofá onde havia uma mulher sentada, a comprimento com um sorriso e ela me olha de volta, por um leve segundo pego ela olhando minha boca, mas em seguida ela me olha feio. Ela parecia já ter bebido uns bons drinks e já estava alta.
-Não sorria pra mim eu sei o quem você é e o que quer. - Ela fala e agora eu tenho certeza de que ela já deve ter bebido muito.
Todos se calam e a olham sem entender, como se ela tivesse falado algo que não deveria.
-Você chega simpática, fingindo que não quer nada enquanto tudo que quer é abrir as pernas pra eles. - Na hora que ela fala isso todos me encaram com uma expressão de surpresa meu irmão olha sem entender nada, sinceramente eu também não estou entendendo. Mas só consigo rir. - Porque tá rindo eu estou falando sério com você. Eu vi a maneira como ele olha pra você, mas sabia que ele é meu.
-Cala a boca, Karen. - Dessa vez Luan se pronuncia.
-Não, cala a boca você! - Ela fala com raiva, eu não entendo o que está acontecendo. Nem a conheço. - Desde que ela chegou vocês não tiram os olhos, inclusive quando ela começou a dançar, ela por algum motivo é o assunto da noite enquanto eu estou aqui sendo deixada de lado...
Ela não parava de falar, olhei para os meus clientes esperando uma resposta mas acho que nem eles sabiam explicar o que estava acontecendo ou não queriam.
Espero ela terminar de falar e a olho intensamente nos olhos, ela fica vermelha ao perceber e então eu percebo uma coisa, mas só para ter certeza vou tentar uma coisa, me aproximo mais dela.
-Isso foi engraçado, mas isso só me vez perceber que eu mal te conheço e já sei tanto de você. - Ela nada fala com a minha resposta e percebo que todos estão olhando para nós. - Você não passa de uma pessoa insegura que fica tirando conclusões precipitadas de situações onde não te devem explicação, tentando humilhar as pessoa só pra se sentir um pouco melhor.
Enquanto falava isso me aproximava mais e olhava no fundo dos olhos dela sorrindo, até a beijar. Eu fui me inclinando colocando meu corpo mais encima dela, coloquei uma de minhas pernas entre as delas, segurei em sua cintura com uma das minhas mãos e usei a outra para me apoiar no sofá, em nenhum momento ela me afastou, pelo contrário, ela respondeu meu beijo. Me afasto dela e ela me olha confusa e ofegante.
-Bom, saiba que eu não ligo e se quiser a gente pode resolver tudo isso mais tarde na minha casa. - Falo e me levanto me retirando. Todos estão me olhando chocados, menos meu irmão que já me conhece.
Eu não sei o que aconteceu aqui, quem é ela ou o que ela quis dizer com isso, mas eu sai de casa pra me divertir e eu vou, inclusive vou deixar pra pensar nisso tudo amanhã.
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Destruição gradativa
RomanceAté aonde as pessoas vão por dinheiro? E pela família? O quanto a gente se destrói pelos outros por insistir na necessidade de agradar ou por não se sentir suficiente?