Borboletas

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Talvez você fosse melhor quando eu não te conhecia de verdade, quando a única parte que ia até a superfície era aquela que se permitia conhecer, a que descrevemos em livros. Aquela que eu permiti me apaixonar.

Aos poucos, o encanto foi quebrando, como um pequeno cristal. Não percebi como aquilo me afetava até sentir os cortes na minha pele e os seus pedaços e mim. Ardia. As feridas iam sumindo, à medida que seus "eu te amo" eram proclamados, deixando apenas feias cicatrizes, as quais eu nunca deixava à mostra, pois não queria que ninguém me julgasse. Te julgasse. Doía em mim, saber que não te viam como eu te via e era pior quando eu sabia que estavam certos. Você era o que demonstrava ser.

Idealizei você em outras pessoas. Suas características, seus jeitos e suas promessas. Suas palavras eram lidas e relidas, porque era a única coisa que eu ainda poderia me segurar. Te vi indo embora, sem dizer tchau, sem nenhuma explicação. E você corria mais rápido do que eu poderia alcançar. Nunca te alcancei. Me perguntei o que faltava para a solução, o que eu precisaria fazer. Não poderia fazer nada, a culpa não era minha.

Quero te deixar ir. Te deixar ir, para que eu pudesse ir. Deixar para trás todas as questões e dúvidas, até sobrar apenas as boas memórias para que eu possa, enfim, lembrar-te com bons olhos.

Porque nós crescemos juntos, amadurecemos juntos, como pequenas borboletas. O único problema é que você quebrou minhas asas.

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