❛ she made darkness look beautiful ❜
Charlotte Holmes jurou nunca se apaixonar, mas Regulus Black a fez quebrar seu juramento.
Então, ela prometeu salvá-lo, mesmo que aquilo significasse se afogar na escuridão que os rodeava.
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CHARLOTTE HOLMES ODIAVA SUA MENTE. A ansiedade que não lhe deixava dormir e os pensamentos que a afogavam em um loop infinito de questionamentos, tudo aquilo já estava irritando-a. Arrumando o nó de sua gravata, a menina caminhava apressadamente pelos corredores de seu novo lar, tentando inutilmente fugir de sua consciência.
Quando o solado de suas botas tocou o gramado úmido, a menina inspirou profundamente, apreciando a sensação que o ar gélido deixou em seus pulmões. Uma densa neblina cobria os arredores do castelo enquanto alguns poucos raios de sol surgiam timidamente no horizonte. Charlotte caminhou calmamente até o lago negro, sentando-se na beira do mesmo.
A garota abraçou as pernas e repousou a cabeça nos joelhos, apreciando o nascer lento do sol e o silêncio que finalmente habitava sua mente. Naquele instante, tudo parecia possível e a Holmes quase acreditou que suas preocupações desapareceriam. Quase.
— As camas aqui são duras demais para você, senhorita Holmes?
Uma voz profunda e sonolenta soou no vazio, fazendo-a pular no lugar e buscar seu dono. James Potter a encarava, seus orbes esverdeados brilhavam e um sorriso preguiçoso estampava sua face.
— Nem todos possuem o prazer da sonolência como você, monsieur Potter. — Murmurou, observando-o sentar ao seu lado.
O silêncio pairou no ar pelos minutos seguintes, porém não como algo desconfortável. Excluindo Regulus Black e a calmaria que lhe proporcionava, a Holmes nunca havia apreciado a companhia silenciosa de outra pessoa antes. Ali, encarando as águas inertes do lago negro, a menina não pôde deixar de imaginar qual seria a sensação de submergir nas profundezas daquele líquido misterioso.
— Se continuar encarando assim, vou concluir que você quer nadar no lago negro. — O Potter a encarava e a garota notou certa preocupação escondida em seu tom brincalhão. — E, acredite em mim, isso não é uma boa ideia.
Charlotte suspirou e sorriu brevemente.
— É uma pena. Seria muito interessante afundar nesse lago infinito, onde nada e nem ninguém conseguiria encontrá-lo.
James a encarou, digerindo as palavras da menor.
— Sabe, Aya costumava falar muito de você, mas a Charlotte Holmes que eu vejo aqui é completamente diferente da pessoa que ela descreveu. — Segurando um cigarro entre os lábios após o acender com um isqueiro, continuou. — Observando-a agora, com um olhar perdido e completamente vulnerável, você parece apenas uma garotinha triste que carrega o peso do inferno sobre as costas.
Charlotte quis gargalhar. Era claro que estava se tornando uma pessoa sensível demais, especialmente quando um desconhecido conseguia lê-la como um livro aberto.
— Aya tem uma grande tendência a exagerar em suas informações. — Sorrindo, a sonserina puxou um dos rolinhos de nicotina da cartela que lhe era oferecida, acendendo-o em seguida. — Ela sempre pareceu me enxergar como uma existência divina quando não passo de uma garota completamente fracassada e excepcionalmente fodida.
