Imagino eu, que o mar é o céu na terra. Com todo esse tempo que vivi e que ainda ganho e acumulo pela vista, navego em meus olhares. O som daqui, que por incrível é doce, acalma a alma. Releva meu ser que sempre existiu mas se escondia. A ventania carrega todas as palavras que faltavam para descrever o meu mar, meu mundinho maior. Cada grão de areia é uma estrela que morreu no céu de cima e veio nascer aqui em baixo. As estrelas nunca morrem. Só trocam de lugar. As conchas, bom, elas sim são um mistério. Uns dizem que são lágrimas do Sol, e eu, com toda minha fé, acredito que são as lembranças das estrelas. Como sei disso? Nenhuma concha aparece sem areia. Ninguém é feito sem lembranças.
E entre cometas e asteróides do mar daqui, existem os peixes. Sempre relaciono eles com a Lua e a noite. Sem noite, a Lua não vive, e sem a Lua, a noite não se apaixona. Sem mar, peixe não vive, e sem peixe, o mar não é céu.
Eu sempre encaro as ondas. Mas por dentro, sorrio. As ondas são as gargalhadas do mar. É por isso que praia com onda vem mais gente. Pra quê contar as horas se pode contar piada? Aquela vista de um formigueiro de gente na praia são nuvens de poeira cósmica. Ou uma simples constelação. Já a praia calma, com pouca gente, costuma ser a praia dos mais agitados. Daqueles que procuram paz dentro de si e que molham a beirada dos pés no final da tarde. E quando a tarde chega, ah, como amo! Quando escuto os cochichos das crianças perguntando para seus pais "por que o céu está vermelho?" E a maresia fica forte e animada feito fera sem comida e esconde todas as estrelas, ou melhor,areias debaixo do enorme edredom azul. O céu vermelho é o beijo de boa noite que a Lua dá em cada filho seu, de cada criação de época, e ainda arrisco dizer que o mar vem de levinho e sara todas as feridas das estrelas, as pegadas dos homens sem piedade marcadas na areia e consola cada grão refletindo a beleza que a nossa praia tem. E, se alguém negar sobre o que agora lhe afirmo, essa pessoa não deve ser daqui. Deve ser de outro planeta.
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Posso te contar uma história?
Historia CortaÉ que ás vezes a poesia vira conto e não tem como escapar. Essa "obra" é feita de alguns contos que escrevi nas horas em que a inspiração chega de fininho e te pega de surpresa.