Capítulo 3

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A torta da minha avó era simplesmente incrível.
Como poderia ficar sem ela?!

 

            — Vamos ter que fazer coleta de lixo reciclável. Temos um mês pra arrecadar tudo. Aqui diz que cada aluno deverá dar uma lista do que pode coletar para os vizinhos e pedir pra eles ajudarem.

— Então podemos coletar o lixo da casa da minha avó.

Alisson me observou por um momento, tentando entender o que eu estava querendo dizer. Antes que perguntasse, decidi falar de uma vez:

 — Minha avó tem bastante lixo reciclável guardado desde o ano passado.

            Ele arregalou os olhos, perguntando:

— É sério?

— Sim, é que ela já conhecia o trote solidário da faculdade, e como sabia que eu viria pra cá, então começou a guardar pra mim.

— Nossa! Isso que é avó!

            Sorri, concordando. Minha avó era o máximo mesmo, aliás, o meu avô também.

Até que essa conversa sobre o trote solidário estava indo bem. Quem diria que, hoje de manhã, havia ficado estressada à toa com ele? Alisson parece ser tão querido, tão presente, preocupado com as coisas. Ou deve ser coisa da minha cabeça, afinal, ele é homem.

            — Só temos que nos apressar pra pegar as coisas lá na casa dela. Porque já está incomodando.

— Claro, claro... — Alisson parecia pensar, quando o seu celular tocou. Ele olhou pra mim, como que pedindo licença, examinou o visor e disse:

 — Preciso atender.

Concordei tranquilamente. Logo voltou, com o semblante mais alegre.

— Notícia boa? — perguntei, percebendo o seu jeito.

— É... Vou buscar a Camila. Você pode fazer o seguinte: pegue o e-mail e o telefone da nossa equipe, depois manda por e-mail pra mim. Pode ser?

— Está bem — respondi um pouco confusa.

Sem dizer mais nada, Alisson saiu em disparada, deixando-me curiosa. Bom, talvez essa não seja a palavra certa, enfim, para ser sincera, não gostei dessa tal de Camila. Quem era ela afinal, que despertou o interesse de Alisson? Não vi nenhuma aliança em seu dedo, ou será uma recém-namorada? Droga! Odeio me sentir assim. Não tenho porque ficar desse jeito. É ridículo, patético... Totalmente!

            Após duas aulas cansativas, aproveitei pra dar o aviso aos meus colegas. Depois de explicado, entreguei a folha pra passarem adiante e voltei ao meu lugar. Não demorou muito para que uma jovem de cabelos pretos e pele branquinha entrasse na sala.

— Aqui é o primeiro ano de Musicoterapia? — perguntou muito simpática.

— É, sim — respondi curiosa. Ela olhou ao redor e depois voltou a atenção para mim.

— Posso sentar do seu lado?

— Claro. — Dei de ombros.

— Obrigada. Me chamo Camila, não pude vir ontem. Minha afilhada nasceu, olha só que linda! — Ela mostrou algumas fotos do seu celular e logo voltou a perguntar: — Então, perdi muita coisa?

— Não. Teve a apresentação de alguns professores e foi falado sobre o trote solidário.

— Ah, sim! — Ela sorriu. — O Alisson falou a respeito disso. Quem é Amanda?

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