Foi tudo tão lindo, parecia um sonho. Mas então ele roubou meu coração e o jogou na lama, deixando-o quase sem vida. Como alguém consegue fazer isso e ainda continuar a viver?
Levantei cedo e me espreguicei, preparando-me para um novo dia. Estava melhor, muito melhor, e faminta também. Nem troquei de roupa, fui direto pra cozinha preparar dois sanduíches. A fome era tanta que fiquei assustada quando meu café da manhã acabou. Sorri com aquilo, realmente estava bem. Troquei de roupa em silêncio para não acordar as meninas e fui para a faculdade.
Enquanto andava, fiquei ansiosa e preocupada em como seria meu encontro com Alisson. Pelo jeito que estava na noite retrasada, talvez nem olhasse mais na minha cara. Bom, olhar ele vai, mas, com certeza, não terá papo algum. Provavelmente vai querer se afastar de uma garota problemática como eu. Mas quem sabe ele tivesse pena e falasse comigo? Eu tinha esperança em relação a isso.
Assim que cheguei, sentei no banco perto da entrada do prédio e fiquei esperando que ele aparecesse. O tempo passou e eu não o vi. Estranhei. O sinal tocou, olhei mais uma vez para todos os lados e fui entrando, nada de Alisson.
Assim que entrei na sala, Camila logo entrou. Sua cara não era das melhores, o que também era muito estranho. Sendo que ela era a garota super alto astral. Mas eu também estava com receio de que ela já soubesse do ocorrido lá na Casa dançante. Precisava descobrir...
— Oi! — disse um pouco sem graça, com medo de que ela já estivesse sabendo de tudo e me recriminasse.
— Oi — respondeu secamente. Nem olhou direito pra minha cara e sentou-se.
Droga! Ela já sabe!
— Desculpe. — Ela se virou pra falar comigo. — Não é nada com você. Só estou muito brava com o Alisson.
— Não o vi hoje — comentei.
— E nem vai ver. Ele só virá semana que vem pra faculdade.
— Aconteceu alguma coisa?
— Ele se meteu onde não devia e levou um soco na cara por causa de uma moça. Acredita?
Fiquei em silêncio, não sabia o que dizer. Suspeitava que Camila fosse sua namorada, só que não tinha certeza. Preferi ficar quieta ao invés de falar algo que a deixasse ainda mais zangada. Nunca a vi daquele jeito. Ela não disse mais nada. Ficou o resto das aulas em total silêncio. Assim que aquele tempo acabou, o que parecia uma eternidade, simplesmente desapareceu pelo corredor.
— Nossa! — resmunguei sozinha.
— Ela está mesmo zangada. — Escutei uma voz do meu lado.
— É — concordei. Depois encarei o jovem, reconhecendo-o. — Você estuda com o Alisson, né?
— Sim. Sou primo dele.
— Pode me fazer um favor? — Eu havia tido uma ideia. Ele me olhou surpreso e, depois de ouvir o que eu tinha pra falar, concordou.
Com o endereço nas mãos, fui onde Alisson morava. Andei algumas quadras e fiquei verificando os números das casas. Pela ordem, eu estava chegando.
— Alisson!
Escutei uma voz feminina falando alto, e eu estava quase em frente à casa dele. Dei alguns passos para trás. Não queria ser vista pelos dois.
— Não sei mais o que faço com você! — A voz continuou.
— Camila, para com isso. Não é pra tanto.