Capítulo 2 - Trem Fantasma

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Félix, Martin, Julie e Bia estavam na sala de estar, sentados nos sofás.

– Ontem a minha baqueta quebrou - constatou Félix.

– E eu estou há mais de uma semana tocando sem a corda sol - disse Martin.

Daniel entrou na sala nesse momento, e como se estivessem em uma competição, soltou mais uma má notícia:

– E o botão da minha guitarra acabou de sair - sentou no sofá ao lado de Félix.

– Caramba, gente - disse Bia, triste.

– Cada dia quebra uma coisa - reclamou Daniel - A gente precisa trocar os instrumentos.

– É, comprar uns novos - disse Martin.

– Como assim? - Julie se desesperou - Você sabe quanto custa um baixo novo?

– É - concordou Bia - Como que a gente vai arranjar dinheiro para comprar?

– Não - pensou Félix - Na verdade vocês não precisam arranjar dinheiro.

– Não? - Bia se surpreendeu.

– Não - respondeu Félix - Vocês precisam arranjar outra coisa pra gente.

– Outra coisa? - preocupou-se Julie - Que outra coisa?

Os fantasmas se olharam.

– Emprego - disse Daniel.

Julie e Bia se olharam e caíram na gargalhada. Nunca haviam escutado tamanho absurdo.

– Ué - Félix não entendia qual era a graça.

– Como assim? Vocês vão trabalhar onde? - perguntou Julie ainda rindo - Num trem fantasma?

– É - Martin disse, considerando a ideia.

– Você não estão falando sério - disse Bia, rindo mas vendo que os fantasmas não tinham achado graça - Estão?

– É claro que estamos - disse Daniel, sério.

– Tá, então tá - disse Julie, disposta a resolver a situação - Como é que a gente vai arranjar emprego para três fantasmas dos anos 80?

– É - concordou Bia - Como?

– Usem a imaginação - debochou Daniel - Façam alguma coisa. A gente tem que pensar em tudo?

Daniel saiu, deixando Félix, Martin, Julie e Bia pensativos.

***

Mais tarde foram até um shopping, onde havia (acreditem se quiserem) um trem fantasma.

Vestidos com seus figurinos da banda, foram até a recepção para encontrarem a mulher responsável pelo local.

Chegando lá, ela os olhou de cima para baixo e fez uma careta.

– Por que estão vestidos assim? - questionou ela.

– É assim que a gente toca - rebateu Daniel.

– Tá, né? - ela deu de ombros - Quem são vocês?

– Somos os fantasmas - disse Martin, empolgado.

Félix deu uma cotovelada nele.

– Ai! - reclamou Martin.

– Cala a boca, Martin - disse entre dentes.

– O que ele quis dizer... - tentou contornar Daniel - É que gostaríamos de ser os fantasmas.

– Hum... Vocês deram sorte - disse ela - Temos vaga para vocês.

Suspiraram de alívio. Por um momento acharam que haviam estragado tudo.

– Não saiam daí - mandou ela - Vou pegar seus figurinos.

Os meninos se olharam e fizeram um "bate aqui" em comemoração.

Logo, ela voltava com algo branco em mãos.

– Aqui - disse, entregando a eles - A gente só abre daqui a meia hora, mas se quiserem já podem ir se preparando.

Daniel olhou para o que tinha em mãos e não pôde acreditar no que seus olhos viam.

***

Estavam na edícula quando Bia e Julie chegaram da escola.

– Vocês não deviam estar trabalhando? - perguntou Bia.

– Na verdade, a gente pediu demissão - disse Martin.

– A gente não, o Daniel - disse Félix.

– Demissão? - surpreendeu-se Julie.

– É - disse Daniel - Eu já falei que não uso lençol.

Julie e Bia caíram na gargalhada pela ironia da situação. Lembravam muito bem de uma cena parecida quando foram gravar o primeiro clipe da banda.

– Vocês estão rindo, mas a gente ainda não tem emprego - disse Félix.

– Na verdade, eu acho que vocês podiam ajudar o meu tio com a loja dele - disse Bia.

– Podemos tentar, né? - disse Martin.

– É, contanto que ele não faça a gente usar lençóis... - disse Félix - O Daniel aceita.

Daniel dá um sorriso de lado.

– Mas, e aí? - sorriu Julie - Vamos fazer um som?

– Claro! - respondeu Daniel.

E se...?Onde histórias criam vida. Descubra agora