Capítulo 12 - Era Uma Vez...

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À pedido de kamisam (Spirit).

***

Todo mundo tem aquele momento em que seus pais dizem o que eles gostariam que fosse no futuro. Para Daniel, esse momento foi seu nascimento.

Como todo pai e toda mãe, os de Daniel queriam que seu filho obtivesse sucesso na vida. Mas da forma que eles achavam adequado.

Ao segurá-lo no colo, seus pais lhe disseram que seria um grande médico. Não poderiam estar mais enganados.

***

Até despertar seu interesse profissional pela música, Daniel viveu em um lar tranquilo e amoroso. Ele era um reflexo disso.

Por ser um romântico incurável, mesmo ainda tão novo, sofria bullying na escola. A razão? Uma garota. Quatro anos mais velha.

Ele fazia de tudo para chamar a sua atenção. Lhe dava flores, bombons, até bichinhos de pelúcia. Seus amigos ainda estavam na fase de achar meninas nojentas, o que só colaborava para que Daniel sofresse dia após dia. Mas aguentava tudo, por ela.

Ela nunca lhe dava atenção. Achava fofo, mas tinha namorado. Ainda assim, Daniel não desistia.

Um dia, a viu conversando com seu namorado no pátio. Pareciam estar discutindo.

– Vai me dizer que não estava azarando* aquele menino no salão** ontem? - ele perguntou, assustadoramente perto dela.

* mesmo que paquerando.

** mesmo que pista de dança.

– Claro que não! - sua voz estava trêmula - Só estávamos conversando. Ele é meu amigo.

– Não confio nesses seus amigos - disse ele, apertando seu pulso - Você não vai mais ficar andando com eles por aí sem mim.

– Ei, deixa ela em paz! - disse, se aproximando do casal.

– Quem esse pentelho* acha que é? - perguntou ele, olhando-o de cima a baixo - É aquele que fica correndo atrás de você?

* mesmo que chato.

– Eu mesmo. Deixa ela em paz! - disse Daniel, erguendo os punhos.

– Ah, quer lutar? Tá bom - disse, correndo até ele.

– Não! - exclamou a garota.

Daniel se sentiu muito corajoso e muito burro ao mesmo tempo. Como poderia ter desafiado um garoto duas vezes o seu tamanho? E por causa de uma garota que nem sabia de sua existência.

Apanhou muito, claro. Até o diretor chegar e separar os dois, levando Daniel até a enfermaria e chamando seus pais para contar o acontecido.

No dia seguinte, todos já sabiam que ele havia levado uma surra. O bullying só aumentou.

Culpando seu amor não correspondido e seu romantismo, se fechou cada vez mais, escondendo seus sentimentos e tornando-se violento.

Quase sempre participava de brigas na escola, o que fazia com que fosse parar na diretoria várias vezes por semana.

Não era muito popular. As pessoas tinham um pouco de medo dele. Havia adquirido sua fama de encrenqueiro e bad boy.

Começou a despertar um interesse maior pela música, especialmente pelo Rock, onde podia liberar suas emoções reprimidas e descontá-las na guitarra.

Seus pais não apoiavam sua aspiração de se tornar um grande músico. Jamais se interessavam por suas músicas. Nunca tocava em casa pois não deixavam. Na verdade, tocava escondido.

E se...?Onde histórias criam vida. Descubra agora