Durante a semana, em todas as manhãs eles saíam para patrulhar. Quem não conhecesse Shoto pensaria que ele era uma pessoa fria pela sua expressão séria. Mas Eiji percebeu o olhar dele mais cintilante e a postura mais relaxada. Os discretos sinais que ele via no filho já lhe acometeram a muito anos atrás, mesmo sendo verdade que a primeira coisa que chamou atenção nela foi sua quirk, era impossível negar que os olhos cinzas dela o abalaram com tamanha intensidade do seu brilhar. Rei… Como lamentava, como doía pensar em como se afastou dela por puro orgulho, pura ganância. Olhou para suas mãos enquanto caminhava e tentou se lembrar das vezes que tocou nos cabelos albinos com carinho, mas a única memória que vinha era suas mãos a machucando. Abominava o que tinha se tornado, precisava encontrar uma forma de amenizar toda a dor que havia causado, sabia que estava além do perdão, mas talvez ele pudesse fazer algo…
Estava tão concentrado em encontrar algo que pudesse ajudar que não notou pessoas correndo em sua direção, gritos em busca de ajuda e chamas negras vindo em sua direção. Shoto reagiu e bloqueou o ataque com uma parede de gelo
-Endeavor! Não é hora de ficar com cara de palhaço! - Bakugou gritou enquanto atacava uma mulher alta de cabelos negros e olhos vermelhos
Analisou a situação brevemente, e achou que poderia ser uma boa chance de ver o quanto eles eram bons em ação
-Vocês três! Ficarei analisando daqui, lidem com ela
Os três adolescente se olharam, e Izuku correu até a multidão
-Eu vou evacuar os civis! Shoto evite que ela ataque os prédios e as pessoas, Kaachan, você consegue segurar ela?
-Não me dê ordens Deku de merda! - Apesar da raiva ele atacou a mulher e a afastou das pessoas enquanto Shoto limitava o campo de ataque.
Midoriya correu carregando duas, três pessoas para longe, sempre olhando em busca de qualquer informação. Ela só conseguia atacar durante ou depois de um ataque de Shoto com suas chamas, ou as explosões de longa distância de Bakugou. Quando o loiro atacava a queima roupa, ou Shoto usava seu gelo ela apenas se esquivava. Depois do último civil retirado do lugar, ele parou poucos segundos antes de atacar e viu uma fumaça negra em volta das mãos delas quando Shoto atacou com as chamas. Isso lhe deu uma ideia.
-Shoto! Não use suas chamas
-Izuku?
Ele correu até a batalha e atacou a mulher que apenas desviou. Tentou lhe acertar de novo e novamente ela apenas se esquivou. Ele fez um sinal para Shoto e Bakugou, e os três atacaram ao mesmo tempo. O loiro a cercou de explosões e quando viu uma brecha, Shoto a prendeu com seu gelo e Izuku conseguiu acertar seu rosto o suficiente para ela desmaiar. Ao longe as sirenes da polícia soaram
Endeavor ficou admirado com o progresso dos três em apenas uma semana. Aqueles três se tornaram a resposta para suas perguntas
A noite caiu, toda a agência estava em um silêncio tão profundo que Midoriya podia acreditar que qualquer um era capaz de ouvir seu coração martelar em suas costelas. Estava em seu quarto andando sem parar enquanto aguardava Shoto chegar. Todas as noites ele ia o visitar sempre à meia noite, o horário onde os feitiços acabavam nas fábulas, mas que para ele era o início dos encantos. As batidas do seu coração ecoou na porta e ele a abriu. Shoto estava belo mesmo à pouca luz e vestido com roupas simples, camiseta preta e calça de moletom cinza. Ele entrou no quarto sorrindo autêntico e tomou suas mãos
-Você foi incrível hoje Zuky - Lhe deu um beijo rápido na testa
-Eu não fiz nada, o trabalho duro foi todo de vocês
-Você percebeu que ela estava absorvendo a energia dos nossos ataques - Ele enchia o rosto pequeno e corado de beijinhos enquanto Izuku sorria
Beijou suas sardas e depois seu nariz, seu queixo e por fim juntou os lábios pequenos aos seus. Shoto constatou como os lábios deles eram macios e suaves em oposição aos toque gelado da sua própria boca. Ele apertou o corpo forte junto ao seu. Os beijos entre eles sempre eram demorados e serenos e acentuados. Suas costas reclamaram pela diferença de altura e num ato ousado pegou ele no colo, as pernas deles circularam sua cintura e Shoto o apoio na parede.
Izuku se deixou levar de bom grado. Os carinhos de Shoto estavam se tornando impetuosos, sua boca foi abandonada e Shoto se concentrou em morder o lóbulo de sua orelha, sugou a carne e mordeu, puxando para si. Aquilo foi tão que um pequeno lamuriar escapou de seus lábios.O constrangimento tomou conta dele e ele tapou sua boca, a fim de impedir que outros sons constrangedores escapassem. Shoto percebeu o movimento e puxou delicadamente a mão dele
-Não, eu quero te ouvir
Seus beijos migraram para o pescoço dele, sua clavícula e seus ombros, toda a pele que a gola da camisa verde clara lhe permitia alcançar. Ele deixava mordidas vermelhas que desapareceriam em segundos. Sua vontade era marcar mais permanentemente a pele dele, mas se controlava. Haviam combinado manter em segredo, segredo que se fez necessário face o futuro que ambos almejavam, heróis homossexuais poderiam ser contados nos dedos. Seria mais seguro terem calma, criarem uma boa estrutura em suas carreiras.
Parecia irracional pensarem num futuro juntos tão cedo, e ainda por cima diante de um caminho sinuoso como aquele. Medos e ansiedades podem atrapalhar nosso entendimento, inclusive a possibilidade de entender que o único modo válido de seguir a razão é partir numa corrida desenfreada pelo caminho da loucura. Loucura essa que os dois enfrentariam juntos, era a única certeza que tinham.
Izuku sentiu o cheiro exalado do corpo de Shoto, notas de âmbar e lavanda, alguma especiaria dava um toque sedutor ao perfume dele. Era afável e deleitoso ter esse contato com Shoto, mas ele ainda sentia medo de estarem rápidos demais, e sempre agradecia por Shoto ter respeito por ele. Shoto sentiu o corpo dele tensionar um pouco quando sugou a pele do seu pescoço com mais força e entendeu que precisava se acalmar um pouco. Terminou com um selinho demorado até suas respirações acalmarem
-Shoto…
-Sim?
-Não é nada, eu só gosto do seu nome
-Você é fofo demais - Ele pôs o esverdeado no chão e o beijou rápido
Os dois se sentaram na cama, Shoto esticou as pernas na cama e Izuku deitou entre elas, as costas apoiadas em seu peito, abraçados. Shoto apoiou seu queixo na cabeça dela. Poderia passar a eternidade naquele abraço calmo e manso. Os cabelos bagunçados dele cheiravam a baunilha e bergamota, era doce e refrescante na medida certa
-Quando esse estágio terminar, você iria comigo na próxima visita com a minha mãe?
-Claro que sim - Izuku apertou um pouco mais - Vai ser um honra
-Obrigado. Ah, minha irmã quer que jantemos com ela na nossa casa esse fim de semana
-Sério?
-Sim, ela está bem animada com isso - Shoto bocejou - Faz tempo que não vou em casa
-Pode voltar para seu quarto se quiser Sho, está tarde
-Daqui a pouco eu vou, quero ficar assim mais um pouquinho
Ficaram conversando até que Izuku dormiu em seus braços, meio de lado. Shoto ficou olhando para ele, as bochechas gordinhas um pouco coradas, e seus olhos pesaram… Apenas um cochilo não faria mal
Bakugou bateu na porta pela terceira vez na manhã, Midoriya sempre teve problemas com o botão de soneca mas aquilo já era demais. Chutou a porta e entrou soltando explosões e congelou assim que viu Todoroki e Midoriya dormindo juntos, o menor enroscado no corpo do meio a meio que o segurava forte. Nem ele poderia negar que era fofo ver os dois juntos
-Mas que merda é essa?
Todoroki acordou primeiro, Izuku em seguida Os dois perderam segundos até despertarem de vez e perceberem a situação em que estavam.
-Kaachan, o que está fazendo aqui?
-Vocês estão atrasados seus nerds, temos que sair em dez minutos
-Kaachan por favor, sobre isso…
-Relaxa nerd de merda, eu não vou falar nada para ninguém
-Obrigado - Disseram os dois ao mesmo tempo, pensando que tinha sido fácil demais
-Mas vou contar para a cara redonda
Izuku suspirou, estava com um grande problema mas ver Shoto com os cabelos revoltos e olhos nublados valeria a tormenta que aguentaria assim que a amiga descobrisse
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Helt
RomansaOs heróis são aqueles que tornam magnífica uma vida que já não podem suportar Shoto e Izuku irão aprender, através da experiência como as palavras de Jean Giraudoux - escritor e romancista francês do período das duas grandes guerras - são verdadeira...