Sonho, chá e abraço

713 81 29
                                    

Eu sou a pessoa preguiçosa mais imperativa que existe, gosto de estar sempre fazendo alguma coisa - desde que não exija esforço físico - então nada se encaixa tão bem quanto escrever
Estou pensando nessa história a muito tempo, darei meu melhor por ela, como sempre 💚



No meio do turvamento que estava, Todoroki sentia ansiedade, inquietação e medo, muito medo. Podia sentir suas mãos suando, seu coração em um ritmo frenético e calafrios percorrendo a linha da sua coluna. A mão forte acertou o rosto de sua mãe e ela caiu ao seu lado, sangue escorrendo pelo seu nariz. Ele tentou se aproximar dela, mas foi impossível, o sangue nas suas veias parecia concreto dado o peso que sentia ao erguer sua mão. O homem corpulento e robusto que tinha chamas em seu rosto olhou para ele, os olhos azuis refletindo toda fúria do momento. Ele viu uma mão em chamas mirar seu rosto e ele fechou os olhos, esperando resignado mas o impacto não chegou. Todoroki abriu os olhos e não estava mais na sala de treinamento na sua casa, mas sim no ginásio esportivo. Sua mão flamejante estava apontando para frente, o gelho que ele tinha criado anteriormente evaporando. Uma onda de choque veio em sua frente. Midoriya com o braço machucado vinha em sua direção e ele tentou controlar seu corpo, a raiva que havia visto nos olhos do seu pai comandando seus lado de chamas e sua consciência em desespero pois ele sabia que se acertasse Midoriya com toda a força que sentia poderia realmente o machucar, ou até pior. Quando os ataques se chocaram e Midoriya foi jogado para longe ele gritou em pesar e penitência e finalmente acordou daquele tormento.

Ele se sentou na cama, respirando pesado. Levou uma mão ao peito e sentiu seu coração acelerado. Tentou focar sua mente “estou na U.A, foi só um sonho, só um sonho ruim”. Mas se havia sido apenas um sonho ruim, por que ainda sentia a angústia? Ele constatou que não conseguiria dormir tão cedo e pensou que talvez um chá ajudaria. 

Calçou os pés e saiu do quarto, o ar gelado tomando conto do seu corpo. Resolveu descer pelas escada, tomando um tempo para entender o sonho que teve. Ele estava cansado por causa das aulas extras para obter a licença provisória, deveria ser isso. Somado ao fato que seu pai estava agindo tão fora de sua personalidade devem ter confundido sua mente a ponto de seu subconsciente criar aquele sonho estranho. Ele não precisava mais ter medo das suas chamas, havia as aceitado graças à Midoriya. O garoto tímido de uma força interna imensurável que apareceu do nada e dizimou várias barreiras que ele tinha criado e lhe mostrou um caminho diferente, uma curva diferente no caminho que tinha traçado

Talvez por isso no sonho o esverdeado tenha aparecido, Todoroki estava preocupado com ele desde o dia que ele havia chorado durante o almoço. Midoriya não estava bem e ele não fazia ideia de como ajudar. Quando chegou à área pública dos dormitórios notou a luz da cozinha acesa. Pensou que alguém tinha esquecido delas mas notou estar errado quando ouviu um choro baixo vindo de lá. Ele se aproximou com cautela e encontrou Midoriya em pé perto do fogão, uma caneca na mão e uma chaleira no fogão apagado, seus olhos verdes perdidos em um ponto qualquer. Midoriya não notou a chegada do Todoroki até que ele entrasse de fato na cozinha e secou as lágrimas com rapidez

-Todoroki-kun, eu não ouvi você

-Também não consegue dormir?

Ele coçou a bochecha um pouco rosada pelo choro recente, o rosto ainda abaixado - Não, ainda estou agitado

-Se importa se eu esquentar água para mim também?

-Tudo bem

Então se aproximou um pouco do menor para pegar a chaleira, colocou mais água para si e esperou perto do fogão enquanto ela aquecia. Nenhum dos dois quebrou o silêncio, imerso em suas próprias dores. Quando o apito da chaleira ecoou na sala Todoroki pegou a caneca de Midoriya e notou que ele tremia um pouco. Preparou o chá para os dois e o guiou para se sentarem na bancada, o menor no seu lado direito. Ele estava incomodado, não sabia bem o que fazer depois do segundo gole no chá que se forçou a falar usando o tom calmante que sua mãe usava quando ele chorava

HeltOnde histórias criam vida. Descubra agora