Capítulo Um

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"Klaus"

Eu tinha catorze anos, um garoto cheio de carisma, e tinha a atenção de uma das garotas mais bonitas. Pelo menos era isso, que acreditava Alexia, uma morena exuberante, todos eram a fim dela, mas, seus olhos caíram em mim, claro que foi uma época gratificante, até eu ter que começar a estudar numa escola nova, foi lá, que tudo mudou, eu a vi, parecia um Anjo, a sua beleza era muito além que superficial, o modo como ela mexia, cabelos num tom de ouro, olhos que lembravam o céu, seu nome, Roselina.
Jordan e eu, nos conhecemos desde dos 12 anos, e, formamos uma ótima dupla, até ela chegar, quando percebemos, já éramos um trio inseparável.
Foi quando meu avô faleceu, que tudo começou a tomar um novo rumo. Meu pai, nunca se interessou pela empresa, e meus dois irmãos Valentim e Petrus eram duas crianças, Ayla e Aisha também, doze anos, dez anos, oito anos, e seis anos, essa era a diferença entre nós, dois anos apenas, me tornando o mais velho. Foi num domingo, estávamos todos reunidos para a colheita de maçãs, quando o telefone disparou a tocar na casa dos meus pais. Jordan estava conosco.

— Como?

Ainda me lembro do meu pai tremendo ao telefone, seus olhos arregalados, seu rosto pálido.

— Querido, aconteceu alguma coisa?

Minha mãe, estava em pé, com uma das mãos sobre a testa e a outra na boca.

— Papai?

Meu pai ficou agachado, me encarando.

— O vovô, ele descansou querido.

Olhei para Jordan, estava com a testa franzida.

— Vem amigo, vamos dar uma volta.

O sigo até estarmos nos fundos da casa, meu avô, eu não podia acreditar naquilo, como alguém podia, está aqui, dois dias antes, sorrindo, fazendo planos, e agora.

— Ei Klaus, não fique assim, seu avô, não ia gostar.

Deixo uma lágrima rolar, meus irmãos não tinham uma noção tão clara, quanto a minha, eu sabia, que não haveria mais Natais, ou Oktuberfest com nosso Avô.
As perdas, elas tecem algo estranho dentro de cada um, é doloroso, saber que, alguém que se ama, faz parte de sua vida, não estará mais aqui.
Fiquei parado, com Jordan ao meu lado, o dia de repente, ficou cinza, sem cor. Eu me perguntava, se todos que amávamos, partiriam assim, num sopro.
Quando me levantei, Jordan me seguiu, agora, sabia o que viria pela frente, a despedida definitiva, aquela que sufoca qualquer espaço onde o ar, precisa entrar para respirar.

***********

Eu não contive as lágrimas, quando a vi vindo ao meu encontro, Rose, ela estava aqui, seu irmão estava parado, apenas observando, ela me envolveu num abraço, onde senti minha alma sento embalada, não contive o choro, foi como se sua presença, me libertasse de qualquer dor.

— Eu sinto muito.

Ela diz, me olhando, seus lindos olhos, estavam num tom cinza.

— Obrigada, por estar aqui.

Ela entrelaçou seus dedos nos meus, e ficou ao meu lado, todo o tempo do funeral.

Na semana seguinte, eu e Rose, estávamos mais próximos, passávamos nosso tempo a sós, deixando Jordan, um pouco chateado. Às vezes, ele chegava e nem me olhava. Era estranho se aproximar de alguém, ao mesmo tempo, que afastava seu amigo, aquele que sempre esteve ao seu lado.
Numa tarde, estava sozinho no quarto, Jordan chegou, não olhou para mim, guardou suas coisas e foi em direção a televisão, me senti um péssimo amigo, em breve, começaríamos a Universidade, tínhamos feito tantos planos.

— Jordan?

Ele me encara, mas sem grandes expressões.

— Ei cara, eu sei que furo, com você.

Ele me lança um olhar.

— Vocês dois, tem sido péssimos amigos, fazíamos muita coisa, juntos, mas, agora, é como se eu fosse um intruso.

Ele fica de pé, essa era a hora, onde eu contaria que Rose e eu estávamos namorando.

— Jordan, eu e Rose, nós estamos namorando.

E pronto, silêncio, foi tudo que restou, até ouvir o som dos passos dele se afastando. Sua reação foi meio exagerada, eu sabia que ele podia se sentir enganado, mas havia muito mais, no modo como seu rosto se enfureceu.
Estava perto do fim de semana, Jordan sempre preferiu ir comigo até a casa dos meus pais, mas esse, ele resolveu passar com seus pais. Aquilo me causou um desconforto, era estranho vê-lo se arrumar para ir para outro lugar. Jordan estava distante e permaneceu em silêncio, enquanto arrumava sua mala.

— Não vai dizer nada?

Digo observando ele, que agora está fechando a mala.

— Tenha um ótimo final de semana.

Solto o ar frustrado, eu realmente não entendia essa reação exagerada da parte dele.

— Jordan, sei que está chateado, mas não fizemos de propósito, além disso, sabe que a Rose gosta de você.

Ele pega sua bolsa, e me lança um olhar duro.

— Estou bem, Klaus e espero que os dois aproveitem.

Ele passa por mim, e se vai, me deixando com aquela sensação de desconforto.

Fera "Revelações"Onde histórias criam vida. Descubra agora