Capítulo Sete

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Klaus...

Eu estava parado, ali, apenas ouvindo o médico, mas nada do que ele me dizia fazia sentido.

— Então Senhor, Heidmman, no seu caso azoospermias "não obstrutivas" são, em geral, mais difíceis de tratar. Alguns pacientes têm defeitos nos hormônios que regulam o funcionamento dos testículos. Esses hormônios são produzidos pela hipófise, regulando tanto a produção de espermatozoides (hormônio folículo-estimulante) quanto à do hormônio masculino, a testosterona (hormônio luteinizante). Nesses casos, o tratamento hormonal muitas vezes pode melhorar o funcionamento testicular, com produção de espermatozoides. É o que aconselhamos a fazer.

Nada fazia sentido, Rose e eu iríamos ser pais há quase um ano, como isso podia, está acontecendo agora.

— Mas, minha esposa engravidou antes, mas perdeu o bebê.

O Doutor assume aquela postura, cruzando os braços sobre a mesa.

— Isso, podia não ser difícil, antes, mas por estarem namorando, não consideraram o fator, porque não aconteceu tão rápido.

Ainda segurando aqueles papéis, segui para o escritório, como explicaria isso para minha linda esposa. Rose estava tão ansiosa nos últimos meses, tentamos diariamente, mas toda vez que ela aguarda, ela se decepciona quando faz um teste e da negativo. Senti a pressão crescendo sobre mim.
Quando entrei no meu escritório, tranquei a porta e joguei na cadeira. Senti um nó em volta da minha garganta, meu peito estava prensado.
Joguei aqueles papéis na gaveta, implorando para que tudo não passasse de um pesadelo.
Conforme a semana foi se passando, minhas forças foram falhando, ter que olhar a ansiedade nos olhos da minha, Rose, era massacrante, senti que precisava ser honesto.
Olhei para ela, ainda adormecida, e perdi a coragem, me levantei e segui até a porta.
Estava terminando de descer a escada, quando ouço o celular de Rose apitar, retornei rapidamente o pegando da cabeceira, queria impedir que ela acordasse, essa era minha única intenção, até meus olhos descerem parando no nome na tela. Jordan, o que ele queria, e porquê estava mandando mensagem para Rose.
Fiquei parado, apenas encarando o celular, eu não podia invadir a privacidade da minha, Rose. Eu confiava nela, mas saber que Jordan era apaixonado por ela, me deixava cego de ciúmes. Respirei fundo e deslizei a tela, olhando a mensagem.

" Rose, você disse que nada mudaria, mas fugiu, de novo, sinto falta de você, de conversamos como temos feito, por favor, me diga que está tudo bem"

Jordan.

Fiquei encarando aquela mensagem, tentando conter aquela sensação de desconforto invadindo meu peito. Engoli em seco e deixei o celular de lado, desci as escadas correndo até está fora de casa, minha mente girava, sem conseguir entender o que aquela mensagem significava. Afrouxei minha gravata entrando no carro, mau consegui respirar dei partida e segui para o único lugar que deveria evitar.

                     ***************

Parei o carro em frente ao prédio, onde ficava a escola de Arte, respirei fundo tentando acalmar meu sangue que fervia, minha cabeça ainda girava com suposições absurdas, mesmo assim, não conseguia evitar, precisava saber porque ele ainda insistia em ficar entre mim e Rose.
Desci e bati a porta do carro, estava sendo guiado pelo ciúme, pela raiva. Empurrei a porta grande e adentrei o lugar, não havia ninguém na recepção, por isso passei direto.
Quando empurrei a porta com tudo, minha raiva já estava no controle. Jordan está de costas pintando algo, mas se assusta com minha entra abruptamente.

— Klaus?!

— Isso não é uma visita amigável, Jordan, portanto, vou logo ao assunto.

Ele larga o pincel de lado e fica de pé me encarando.

— Ok, posso pelo menos saber, porque esse mau-humor?

Respiro fundo, antes de lançar um de meus olhares matador.

— QUE PORRA É ESSA, DE FICAR MANDANDO MENSAGEM PARA ROSE?

Ele parece surpreso e com um certo nervosismo surgindo no rosto.

— Somos amigos.

Deixo uma risada escapar, sentindo aquele gosto amargo subindo.

— Amigos, desde quando, porque não estou sabendo?

Ele revira os olhos.

— Sério Klaus, sempre fomos amigos, as coisas podem ter ficado estranha, graças a situação, mas sempre estarei aqui por Rose.

Soco a parede.

— E isso, quer dizer o que, até onde está disposto a se rastejar por ela?

Jordan se aproxima ficando a pouco centímetros da minha cara.

— Até quando, ela perceber que sou eu, que estarei aqui sempre que ela quiser.

Não percebi em que momento meu punho se chocou contra o queixo de Jordan. Ele cambaleou para trás.

— Fique longe dela.

Ele limpa o sangue em sua boca e me encara.

— Não vou fechar a porta, se ela vim atrás.

Engulo em seco, que porra ele estava querendo insinuar.

— O que quer dizer com isso?

Ele desvia seus olhos rapidamente, mas eu insisto.

— Quer me contar algo, Jordan?

Ele respira fundo.

— Melhor você ir, Klaus.

Ele caminha até a janela e fica de costas, estava me evitando, o que causou uma reviravolta em meu estômago.

— Jordan?

Ele continua de costas, sem me olhar.

— Klaus, se não quer ouvir, não insista.

Aquilo foi como um soco no meu estômago, fiquei sem respirar por um momento, minhas mãos estavam suando frias. Eu não consegui fazer ou dizer mais nada, apenas me virei e fugi sentindo meu estômago se revirar a cada passo que dava em direção a saída.

Fera "Revelações"Onde histórias criam vida. Descubra agora