Há leveza em meus passos, meus movimentos são automáticos, tudo a minha volta são como borrões, não sei quantos dias se passaram, ou seriam meses? Eu não sei. A dor ainda é como no início, minha mente ainda projeta o seu corpo carbonizado sem vida, meus ouvidos transmitem o mesmo zumbido causado pelos seus gritos e rugidos dolorosos.
Sinto como se estivesse flutuando pelo tempo. Durante vários dias, me vi na mesma janela em que o vi pela primeira vez, agora tudo o que há do lado de fora é a neve começando a se prender ao solo, tão branca e fria. Ela quase reflete a minha imagem. A culpa sempre cai em meus ombros, dei início a tudo isso, não deveria ter tido tanta confiança em pensamentos positivos. Não quando se tratam de um decreto vindo diretamente do rei."— Irmã, podemos conversar?”
Fecho minhas mãos em punhos e em poucos segundos, começo a destruir a parede, a raiva se mistura com a tristeza, solidão, dor e por fim o pior de todos: a culpa. Eu me odeio por ter sido tão estúpida, me odeio por ter perdido o único do qual foi merecedor de meu amor, me odeio por tê-lo amado, eu o odeio. Maldito seja.
— Áurea! — os braços de Ray se envolvem ao redor do meu corpo com tanta facilidade, estou cansada. Cansada de lutar, de sentir, de tudo.
— Por quê? — sussurro com a voz tremula pelo choro. — Ele me deixou, irmão. Zerek se foi e eu fiquei.
— Sinto tanto, Áurea. Inferno. Sinto muito mesmo, ele era meu melhor amigo. — sufoco um grito contra o peito de Ray. — Vamos sair deste lugar, você destruiu parte da parede, não vai demorar para o sol aparecer.
O sol. Sim, quero ver o sol, quero poder correr pela luz, sem ter que me esconder, sem ter medo. Me afasto de Ray e olho dentro de seus olhos cor de sangue, há preocupação e medo sendo afogados por suas lágrimas silenciosas. Como pude ser tao egoísta e não pensar em como a morte de Zerek afetaria seu melhor amigo, meu irmão? Enxugo suas lágrimas e seguro seu rosto com às duas mãos.
— Me perdoe por não ter percebido o quão ferido você está. — Rayleigh me abraça novamente. — Agora vá, vou ajeitar algumas coisas e vou para outro cômodo.
Novamente sozinha com os meus próprios fantasmas, ainda tenho em torno de 40 há 60 minutos antes do sol aparecer. Olho novamente para a porta trancada, volto para a janela e me jogo de costas para o lado de fora, com um pequeno mortal caio em pé de frente para os portões. Temos poucos guardas agora, está na hora dos vampiros trocarem o turno com os humanos. Com a minha velocidade consigo alcançar os muros, escalo sem problema algum, sento no muro com uma perna de cada lado.
"— Não! Volte para dentro, por favor?”
Olho para a janela de meu irmão e ali está ele, sendo segurado pelo nosso pai, Ray tenta se soltar a todo custo, mas nunca iria superar a força de Ronan, meu pai está com o semblante derrotado, vejo a batalha interna exposta em seu rosto.
"— Me perdoe, irmão…"
"— Áurea, não me deixe!"
Aperto meus olhos com força e pulo para o lado de fora dos muros, o lado sem proteção. — Não! — o rugido de meu irmão quase faz os muros tremerem.
"— Eu te amo." — sussurro em sua mente, mas está vazia. Ray não quer me ouvir.
Não sejam leitores (as) fantasmas.
🖤❤️
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Blood (Sangue)
VampireÁurea sendo a princesa de seu reino não concorda com alguns atos de seu rei, Ronan, também seu pai. Quando Zerek, um mestiço é preso sendo condenado por seus crimes contra os humanos. Ela tenta se opor sendo contra as atrocidades feitas a ele. Quand...