Prólogo

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No meio da grande cidade, havia uma criança de pele branca e olhos tão negros quanto o curto cabelo ondulado, sua camisa rosa, calça azul e tênis cinzentos estavam sujos de terra apesar da garota tirar o excesso com as mãos enquanto estava sentada numa escadaria em frente a uma pequena loja de espelhos, ela tentava se lembrar o que tinha acontecido, tudo parecia tão vazio dentro de si, e queria entender qual era o motivo para que sua nuca doesse tanto, ela ficou ali por certo tempo, as pessoas passavam e evitavam olhar para a pequena garota, mas alguém não a ignorou, era um mediano e robusto rapaz de pele escura e feições asiáticas, sua curta e arrepiada cabeleira escura e o nariz adunco o faziam parecer uma ave e os olhos azul-celeste se destacavam mais ainda por causa da camiseta verde-escura que estava enfiada dentro da calça jeans e esta ficava acima dos sapatos escuros.

–Posso sentar ao seu lado?– Ele tinha uma voz grave e gentil.

–S-sim– Gaguejou a pequena, cuja voz aguda tremulava de medo.

–Por que você está sozinha? Qual seu nome?– Indagou o rapaz, preocupado.

–Amaya, e eu não sei porque estou sozinha, senhor– A pequena balançou a cabeça lentamente.

–Eu não sou alguém tão importante, pode me chamar de Hayato, sou um artista de rua e viajo pelo Brasil, mas pretendo voltar para casa daqui um tempo, o que acha de vir comigo? Talvez encontramos sua família ou viramos uma, eu acredito que ainda me lembro como um irmão mais velho age– Ele sorriu, estendendo a mão para a criança, que assentiu e fungou, tentando não chorar. –Ya, você é uma artista e deve guardar as lágrimas para as histórias que contaremos– Explicou, pegando-a no colo.

–Certo– Amaya sorriu e passou a mão no rosto, o sujando mais ainda.

–Assim vai sujar seus olhos, pode chorar se quiser, eu estava brincando– Falou Hayato, olhando para o hotel do outro lado da rua. –Certo, vamos rápido porque aquele guarda está chegando perto demais e eu não posso ser preso, odiaria receber um sermão de certa pessoa.

–Que pessoa?– Perguntou a criança, curiosa.

–Na verdade, ele é um demônio, mas acredito que não vamos encontrá-lo tão cedo, então não se preocupe– Respondeu o rapaz, sorrindo.

–Você viu um demônio?– Indagou a garota, arregalando os olhos.

–Eu já vi muitos, mas fingiremos que são apenas histórias para ganharmos dinheiro, certo?– Hayato caminhou na direção do hotel, misturando-se na multidão e despistando o guarda.

Apesar daquela aproximação, o rapaz asiático não tinha nenhuma intenção que não fosse ter Amaya como irmã mais nova, ela seria uma substituta, ocuparia o lugar dos verdadeiros irmãos mais novos de Hayato, que, por ser desobediente, foi expulso da própria casa, mas dez anos se passariam e a garota, que se tornou uma moça de corpo pequeno e magro, de fino cabelo liso e na altura das coxas, deixou de ser só uma pessoa que ocupava o lugar de outras para virar a única irmãzinha de Hayato, quem escondia algo importante o suficiente para fazer Amaya duvidar de tudo que passaram juntos quando descobrisse que eles recebiam a ajuda de um templo xintoísta e que o santuário cobraria algo dela.

Longe de ser uma Sacerdotisa [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora