Capítulo II

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–Amaya, precisamos conversar, tenha calma que te explicarei tudo– Avisou o sacerdote, surgindo detrás do trio.

–Espero que explique mesmo, senhor, pois esse tarado queria tirar a minha roupa– Ela respondeu, apontando para Daisuke.

–Por favor, como se eu tivesse interesse numa humana minúscula e louca como você– Bufou o homem, descendo a escadaria.

Hiroshi caminhou para os poucos degraus no final do corredor e foi seguido por Amaya, a grande sala possuía várias estantes repletas de livros e pergaminhos e uma baixa mesa ao fundo do aposento, onde os humanos sentaram-se e o sacerdote estalou os dedos, fazendo com que uma pintura e um texto ficassem sobre a mesa.

–Peço perdão pelo Daisuke e espero que ele não decida fazer algo a nós por termos o impedido de fazer o que queria... me permita explicar algumas para que você possa entender o porquê de estar aqui– Ele começou, bastante preocupado. – Eles são youkais, demônios japoneses. Bem, o Haya-chan é um Karasu Tengu, homem-corvo, a Mi-chan é uma Nure-Onna, mulher d'água, já o Shi-chan é um Tanuki, guaxinim, e o Dai é um Inugami, um deus-cão, talvez o pior tipo Shikigami, um espírito invocado para servir um humano, que se possa ter por perto... eu gostaria que visse esse quadro e depois lesse isso aqui.

A pintura era tão perfeita em detalhes que parecia uma foto, nela se encontrava Hiroshi de cabelo negro e com o quimono branco, ao lado dele estava uma bela mulher de cabeleira escura presa num coque alto e apertado, ela usava um quimono branco com rosas vermelhas e era uma cabeça menor que o sacerdote, e, à esquerda da sacerdotisa, havia uma moça bastante semelhante à Amaya, que usava o mesmo quimono, ela tinha a altura de Hiroshi e tinha ao seu lado um sorridente Daisuke, os dentes semelhantes aos de um cachorro não pareciam tão assustadores naquele momento.

–Ela é bem parecida comigo– Comentou a moça, timidamente.

–Eu sei... e leia isto que depois eu vou lhe dar uma breve explicação sobre o Inugami– Hiroshi forçou um sorriso e entregou o papel, que era quase um pergaminho, e cutucou a testa da jovem, fazendo com que ela pudesse ler os kanjis japoneses.

–O que é isso?– Ela perguntou, curiosa e preocupada.

–Uma das cartas que o Dai escreveu para a minha filha– Respondeu o sacerdote.

–Eu não posso ler, é pessoal– Falou Amaya, balançando a cabeça e entregando a carta, que o sacerdote recusou e pediu que ela lesse.

A moça ficou preocupada e nervosa, mas decidiu ler a carta porque a curiosidade era maior e não acreditou no que via assim que começou a leitura:

"Você prometeu que se casaria comigo, Naomi.

Você disse que procuraríamos alguma divindade que pudesse me tornar humano para envelhecermos juntos.

Como pode se apaixonar por aquele gato? E como pode defender o Tatsuo? Como você pôde olhar nos meus olhos, dizer que me amava, e depois se afastar?

Foi por eu ter proibido que outros homens se aproximassem de você? Ou é por que eu sou essa aberração da natureza, criado apenas para realizar desejos egoístas, ser temido e odiado por todos enquanto me tratam divinamente apenas para que eu continue realizando as ambições deles? Apenas me diga, eu farei qualquer coisa para te deixar feliz.

Por você, eu comecei querer ser humano apenas para ficar ao seu lado, sem assustá-la e sem ter medo de te machucar".

–Você deve estar pensando o que é um Inugami e talvez preocupada com o que acontece quando se cria um deus-cão– Comentou o sacerdote, pegando a carta que a jovem devolvia e a guardando na gaveta.

Longe de ser uma Sacerdotisa [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora