Minha querida Babá (Degustação)

Fome da madrugada

Julia

-Nossa amiga, parece que você não dorme há dias. - Paula comenta enquanto comíamos em um Mcdonalds. Estava no meu horário de folga, que coincidiu com o da Paula.

-Por que eu não tenho uma noite tranquila de sono desde que cheguei naquela casa. Aquelas crianças estão comendo o meu juízo, eu não tenho um segundo de paz naquela casa, não faz nem um mês que eu cheguei e eu já quero ir embora. - Dou uma mordida no meu Mcnifico e tomei um gole da minha coca.

- Mas pelo o pai deles é um gostosão. -Paula comia sua salada tranquilamente, qual ser humano pede salada no Mcdonalds?

-Nem me fala daquele pedaço de mal caminho. Às vezes eu penso que Deus está testando meu autocontrole colocando um homem daquele pra ser meu chefe.

-Pelo menos ele é solteiro, significa que o caminho está livre pra você.

-E quem disse que eu quero investir no meu chefe? Ele é bonito, e gostoso, e tem uma bunda bonita...mas isso não quer dizer que eu vá querer ficar com ele. Além de ser meu chefe, ele é um cara muito rico, eu só sou uma imigrante que trabalha como Au pair.

-Lá vai você se diminuir. - Paula revira os olhos.

-Eu estou falando sério. Aquele homem deve ter rios de mulheres do nível modelos na cola dele. E também ele não faz meu tipo.

-Tá legal, vou escrever isso de lápis. - Paula zoa. - Você deveria levantar a mão pro céu e agradecer por ter entrado nessa família. Esse cara te paga um dinheirão para cuidar dos filhos dele.

-Eu estou falando sério. Já aprendi uma vez que não se deve misturar trabalho com sexo.

-Falando em sexo, eu esqueci de te falar do meu último encontro do Tinder. O cara era um babaca...

E foi assim que minha tarde de folga passou em um piscar de olhos, quanto mais as horas passavam, mas eu não queria voltar para aquela casa. Deixa eu atualizar os últimos acontecimentos na mansão do terror, que foi a forma carinhosa que eu batizei a casa que eu estava. Para começar Peter e Kate levaram ao pé da letra a palavra guerra, eles começaram a agir dessa vez de forma mais pesada, a última que eles aprontaram foi esconder a babá eletrônica eu não vi quando Laila acordou da soneca e por pouco ela não caiu da escada se eu não tivesse corrido para pega-la a tempo, Em compensação me vinguei deles dando horas a mais para o dever de casa, sobre a autorização de Harry. No outro dia eles revidaram atrasando a hora do meu despertador, o que me fez acordar atrasada para minha hora de trabalho, levei uma advertencia de Harry por isso.

Estacionei o carro que foi disponibilizado para meu uso pessoal e para levar as crianças aos lugares, era um carro muito bom e confortável, comparado com o antigo carro da minha antiga família era um carro de luxo. Respirei fundo antes de sair do carro, estava começando a fazer calor em Chicago, a primavera tinha alcançado seu pico e o verão se aproximava, já estava animada por um clima mais quente, já que Chicago era uma das cidades mais frias dos Estados Unidos. A casa estava silenciosa quando eu cheguei, encontrei Chris organizando o calendário da faxina da casa.

-Que silêncio, onde está todo mundo?

-Sr. Volman levou as crianças para um passeio, em alguns sábados ele costuma fazer isso. E você aproveitou bem a folga? 

-Deu pra aproveitar. Precisa de ajuda em alguma coisa? - Perguntei enquanto a observava arrumar um vaso com flores. 

-Não precisa. - Ela diz sorrindo. - Por que não aproveita que as crianças ainda não chegaram e vai descansar mais um pouco? 

-Tem certeza que não precisa de ajuda?

-Tenho sim, obrigada por oferecer ajuda.

Deixei Chris cuidando dos seus afazeres e fui pro meu quarto, fiquei tentada em ligar para a minha mãe, mas provavelmente ela deveria está em alguma festa com o marido, ás vezes eu me esquecia que eu não tinha quase ninguém pra quem ligar no Brasil. Eu sempre mandava noticias pelo menos uma vez na semana para minha mãe só para avisar que estava viva, meus irmãos eram adolescentes chatos que só queriam saber de free fire, meu padrasto nunca foi com a minha cara, ele apenas me "suportava". A única pessoa que se importava de verdade comigo era minha avó, essa eu fazia questão de ligar e mandar mensagens todos os dias, foi ela que me criou praticamente, já que minha mãe estava mais ocupada em agradar o novo marido.