Jeyce Me Beijou

Prólogo

"O beijo libera os hormônios dopamina, epinefrina e ocitocina. É um momento de plena intimidade que está ligado a uma série de sensações, como calor, frio na barriga, ansiedade, arrepios e excitação."

Sexólogo Amaury Mendes.

"Ele é, portanto, um aspecto da demonstração de afeto. Em conjunto com a capacidade de lidar com as emoções de maneira verbal e direta, o ato beijar pode ser responsável pela qualidade de qualquer relação humana."

Psicólogo Diego Henrique Viviane.

Três anos antes.

Aquela conversa estava me deixando exausta. Nada fazia sentido, ele não fazia ideia de como era estar na minha pele, e se fazia, não ligava.

Jeyce era um brutamontes que não ligava pros meus sentimentos, ele era um gentleman com Cely, riam juntos, almoçavam juntos, ele parecia ser outra pessoa.

Mas a irmã mais nova aqui, não teve tanta sorte.

Eu não conseguia ficar cinco segundos na presença dele sem uma discussão, mas o pior de tudo era saber que ele gostava. Ele fazia de propósito, Jeyce tinha diversão garantida quando o assunto era me irritar, porque todas às vezes que ele tentava, ele conseguia.

— A sua irmã não me deu tanto trabalho!

— Claro! Experimente tratar ela como você me trata e talvez você mude de ideia! — gritei.

— Eu juro que não entendo o porquê de todo esse nervosismo! — ele tinha um sorrisinho sacana nos lábios, ele sempre tinha.

— Talvez por que você expulsou Félix da minha vida e agora ele com certeza não vai mais querer falar comigo?

— Você mesma disse que o beijo dele era sem graça! Fiz um favor.

— Jeyce, eu não te pedi que fizesse nada. Eu não te pedi pra que aparecesse, ou que fosse amigo da minha família! Eu não te pedi pra fazer parte da minha vida e eu não pedi a sua proteção! Tem ideia de que eu não consigo andar por aí sem ter você me causando uma vergonha? Nem amigas eu tenho, Jeyce!

A conversa estava tomando um rumo crítico e eu soube disso quando o sorrisinho dele morreu.

— Você não ter amigas não é minha culpa!

— Se elas não achassem que você tem um abismo de paixão por mim, talvez eu tivesse mais sorte. — meus lábios dançavam em ironia.

— Olha, a única coisa que eu fiz foi afastar os caras babacas de Santa Mônica de você, eu conheço todos eles e sei que Félix te machucaria, e por Deus! Eu não posso te ver chorar mais uma vez!

— Você... Você nem conhece Félix de verdade! — Suspirei cansada. — Eu não vou ter mais essa conversa com você! Chega! — peguei minha bolsa do sofá e marchei para o quarto, mas Jeyce Willow me seguiu.

— Agora vai me dizer que eu não tenho razão?

— Você não tem!  — parei em meio ao corredor e fitei seus olhos azuis, se Jeyce tivesse consciência iria embora agora mesmo, mas ele não tinha, por isso ficou. — Você não é o meu pai, você nem ao menos tem o meu sangue! Você não tem motivos pra tentar me defender de algo ou alguém…

— Tenho todos os motivos sim! — Argh, Jeyce! Vá embora! Quis gritar. — Você estava com aquele cara hoje pra me fazer ciúmes.

O sorriso voltou aos seus lábios, eu odiava aquelas lindas linhas rosadas.

Forcei uma risada, ele me acompanhou.

— E por que eu faria isso?

Cruzei os braços na frente do corpo.

— Por que eu sei que você tem uma queda por mim. — filho da mãe. — Seline, esse joguinho de ciúmes não cola comigo!

— Então não vai ter problema se eu ligar pra Félix de novo.

— Tente, mas acho que ele nunca mais vai falar com você.

Eu sentia tanta raiva, ele sabia de tudo, Jeyce parecia conhecer qualquer passo meu.

— Eu te odeio. — a bandeira da paz não seria erguida por mim.

— Mas eu não. Eu não vou te odiar nunca, Seline. Sabe por quê? — aquele era o momento em que ele me fazia derreter e o meu ódio escorria pelo ralo, eu era tão manipulável quando se tratava de Jeyce. — Por que eu realmente tenho um abismo por você no meu coração. Mas a diferença é que eu nunca vou te dar a chance de pular nele…

Seus olhos azuis me fitaram por dois minutos antes dele dar as costas.

— Por quê? — aquela pergunta me entregou. Mas, eu merecia saber por que mesmo nutrindo todos esses sentimentos por mim, Jeyce ainda não me daria uma chance.

Seus olhos azuis me fitaram de novo, e a resposta estava neles.

— Por que eu sou o maior babaca de Santa Mônica e eu conheço os estragos que deixo. Não vou foder com seus sentimentos, Seline, você não merece isso.