1. Talvez realmente merecíamos uma chance

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Pov's Raphael

Eu deveria saber colocar limites em mim mesmo. Eu queria entender como uma humana, uma shadowhunter, me fascinava tanto. Como eu me sentia nervoso quando estava perto dela, como eu sentia falta quando estava longe dela... Eu queria voltar no passado e concertar todo mal que eu fiz a ela. Eu nunca devia ter lhe dado veneno, nunca devia ter deixado ela me convencer a isso. Eu devia ter ajudado ela e não piorado mais o seu estado. E quando ela veio até mim me consolar pela morte da minha irmã eu quase me vi tentado a mordê-la de novo. Eu não merecia a atenção dela, eu não merecia ela. Ela merecia alguém que pudesse passear pelo parque de dia juntos, alguém que não se visse tentando a cair em antigos vícios, alguém que fosse capaz de satisfazê-la por completo, o que era algo que eu nunca conseguiria. Ela havia me dito para que se eu precisar de ajuda procurar por ela, mas eu não tinha coragem. Não queria incomoda-la com qualquer coisa. Isabelle, Isabelle, Isabelle... O nome dela refletia na minha mente durante o dia inteiro.

Agora eu estava no Du Mourt, olhando para a foto da minha irmã, o enterro dela foi hoje e eu não pude ir por ser de dia. Isabelle havia dito que iria comparecer, eu imagino que ela fosse a única, já que não havia mais nenhum familiar ou amigo vivo. Me pergunto se ela havia mesmo ido, ela parecia gostar muito da Rosa quando levei para conhecê-la. Ela era a única pessoa que eu levei para conhecer minha irmã, quando ela ajudou o diurno a entrar em contato com Rosa eu quase morri, ninguém mexia com a minha irmã e ainda uma pontada de ciúmes me atingia quando eu vi que ela parecia feliz saindo com o diurno.

Sou tirado dos meus pensamentos quando meu celular toca, um sorriso aparece no meu rosto sem que eu conseguisse evitar quando vejo o nome de Isabelle no visor.

- Raphael. - Ela diz assim que eu atendo. - Eu fui mais cedo no enterro... Da sua irmã.

- Obrigado por ter ido. - Eu digo. - Tenho certeza que ela gostava muito de você.

- Quer que eu fique com você hoje? - Ela pergunta.

- Não precisa. - Eu digo embora precisasse sim, mas eu não queria incomodar ela.

- Você não precisa passar por isso sozinho. - Ela diz. - Vamos nos encontrar?

- Tudo bem. - Eu digo sem evitar, queria muito vê-la. - Na mesma rua de sempre?

- Sim. - Ela diz e logo desliga.

Como já era noite, saio do Du Mourt indo em direção a uma das ruas perto dali. Sempre costumávamos a nos encontrar por ali, foi ali que eu a mordi pela primeira vez e comecei a me apaixonar por ela. As lembranças de todas as vezes que a mordi por essas ruas pensam na minha consciência e então desvio esse pensamento. Não demora muito para ela aparecer, estava linda como sempre, usando um vestido curto e saltos altos. Ficava feliz em ver ela com um sorriso no rosto e brilhos nos olhos, ao invés de um olhar apreensivo e mãos tremendo pela abstinência.

- Raphael. - Ela diz se aproximando de mim. - Como você está?

- Eu vou ficar bem. - Eu digo. - E você?

- Eu tô bem. - Ela diz enquanto começávamos a andar pelas ruas.

- Não precisava vir me encontrar. Você devia ter coisas mais importantes para fazer.

- As coisas estão mais tranquilas desde que Johnatan e Valentine se foram. Só estamos investigando uma onda de possessões mundanas que começou...

Ela começa a dar detalhes sobre o que procuravam, ela sempre pareceu animada em falar sobre seu trabalho, eu a admirava enquanto ela dizia o que fez hoje e o que pretende fazer.

- Desculpa... - Ela diz se interrompendo. - Tô falando demais, você nem deve querer saber sobre isso.

- Claro que eu quero. Tudo sobre você me interessa, Isabelle. - Eu digo.

- Por que você faz isso? - Ela pergunta.

- Faço o que? - Eu pergunto confuso.

- Você me evita, diz que é ruim para mim, mas mesmo assim continua falando coisas que me fazem gostar mais de você.

- Isabelle... - Eu começo a dizer mas ela me interrompe.

- Não, me escuta. Você não dá uma chance para nós dois, Raphael. E sinceramente se fosse outra pessoa eu já teria desistido, mas você não sai dos meus pensamentos e eu não sei mais o que fazer!

- Eu também não sei o que fazer. - Eu digo. - Eu queria ser bom o suficiente para você, mas eu não sou. Você merece alguém que te faça feliz por completo e eu não sou capaz de fazer isso.

- Que tal você me deixar decidir o que faz bem ou não para mim? - Ela pergunta. - Você é bom Raphael, você é bom pra mim. Eu que devia dizer que não sou boa pra você, quantas vezes fiz você beber meu sangue, te provoquei só para que você não conseguisse recusar...

- Nunca mais diga isso, você estava mal, não tinha como se controlar. E eu tentei ajudar, mas eu só fiz ao contrário disso.

- E eu me apaixonei por você. - Ela diz. - Você não faz mal pra mim, eu já decidi isso. E também decidi que vamos ficar juntos.

- Você é muito mandona. - Eu digo rindo do jeito dela. - Se você acha que podemos dar certo...

- Acho. - Ela diz decidida. - Não aguento mais ficar longe de você.

- E nem eu de você. - Eu falo segurando na sua mão.

Ela sorri para mim entrelaçando nossos dedos enquanto andávamos pela rua. Talvez ela estivesse certa, talvez realmente merecíamos uma chance.

Uma nova chance - Izzy e Raphael Onde histórias criam vida. Descubra agora