L'inizio

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Helena's Pov 

Aquela terça-feira havia começado estranhamente silenciosa. Silêncio e minha família nunca encaixaram corretamente na mesma frase. 

Antes de criar coragem para sair da cama, repassei os acontecimentos da noite passada, sem poder evitar que um sorrisinho se apossasse de minha boca.  

FLASHBACK ON 

Depois que todos terminaram o pudim de chocolate que eu havia feito, fomos para a sala de estar. Eu sentia que Ravi havia levado a sério a história de me achar uma super-heroína porque somente deu tempo de sentar no sofá para que um pequeno corpo pulasse contra minha barriga, tomando o espaço que queria para sentar no meu colo. O garoto comeu tanto que não me surpreendeu quando ele deitou a cabeça contra meu peito, cansado. 

Vi o olhar preocupado da mãe dele, que antes conversava algo com minha avó. 

— Olha, eu sei que vocês gostaram um do outro, mas sério, se tiver te incomodando pode me avisar. — Ela começou, se aproximando de onde eu estava no sofá. — Quando ele gosta de alguém, ele gruda. E nem sempre as pessoas gostam disso...

— Está tudo bem! De verdade. — Tranquilizei ela. — Eu gostei do carinha. Mas se não for pedir demais, você poderia me ajudar a tirar essa jaqueta? — Falei me referindo a jaqueta jeans, que estava por cima do vestido preto que eu usava. No começo da noite, o clima estava gelado, mas ter um serzinho grudado em mim fez a jaqueta desnecessária. 

— Claro! Vou segurar ele e você tira, tudo bem? 

Concordei com um aceno e assim que ela o afastou do meu corpo, sem tira-lo do meu colo, tirei a jaqueta dos braços e a coloquei de lado. 

— Nãoo, mamãe. Pra casa ainda não. — Ravi falou, com uma vozinha sonolenta. — Deixa eu ficar mais um pouquinho aqui. 

— Só mais um pouquinho. — Ela o soltou, fazendo-o se acomodar melhor de lado no meu colo e deitar a cabeça no meu ombro esquerdo. — Dengoso!

Eu sorri com a risada baixinha do menino. Passei meu braço direito sobre seu corpo para apoia-lo melhor e logo senti seus dedinhos contornarem o desenho que eu tinha no braço.

— O que é isso, tia Lena?

— Uma tatuagem. — Falei em tom baixo, chamando a atenção da mulher ao meu lado. — É uma cobra seguindo um caminho de flores, você vê? — Ele assentiu. — Fiz isso para lembrar de coisas importantes. Quer saber quais são?

— Quero. — Ele imitou o tom baixo que eu falava e sua fala saiu quase como um sussurro. Sorri sem mostrar os dentes e continuei.

A cobra me lembra que posso ser forte e esperta. — Toquei em minha cabeça com a ponta do dedo. — E as flores me lembram que também posso sentir a alegria e o mais importante; o amor. — Finalizei colocando a palma da mão sobre meu peito, onde meu coração batia, vendo o menino repetir o ato. — Essas são coisas muito importantes. Nem sempre as coisas são fáceis, então temos que ser fortes, felizes, espertos e amorosos. Entendeu? 

— Sim! Quando eu crescer vou ter um desenho igual o seu. Eu posso, mamãe? — Ele direcionou a pergunta a mulher que até o momento, pelo que pude perceber, nos encarava sem piscar os olhos.

— Claro, meu amor. Mas por enquanto você se contenta com as tatuagens falsas. — Ele assentiu feliz e voltou a encostar a cabeça em mim. — Muito bonita sua explicação. A maneira como você deixou em uma linguagem mais fácil para ele entender. Você realmente leva jeito com crianças. 

Suspirei, encostando a cabeça contra o sofá macio e tomei uns segundos para falar algo. 

— Digamos que estou pronta para lidar com crianças. Minha família é enorme e sempre aparece um bebê novo de onde se menos espera.

Quando Encontrei Ela Onde histórias criam vida. Descubra agora