Outubro de 1834

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O dia estava esplêndido, minha mãe estava logo cedo em seu belo jardim assentada lendo um livro acompanhada de Marta uma grande amiga dela e de mim, eu tinha exatamente 15 anos quando ela estava grávida de Aurora neste momento ela estava em seu oitavo mês de gestação. Meu pai mal parava em casa e quando tinha tempo sempre passava em festas e voltava tarde e com roupas com marcas, eu tinha raiva pois isso afetava minha mãe que não tinha escolha a não ser aguentar pois se separasse ficaria mal vista pela sociedade.

 Era exatamente onze da noite quando ouvi meu pai um dia chegar e abrir as portas sem a menor delicadeza ou preocupação com quem estivesse dormindo, logo em seguida pude escutar os gritos e reclamações deles dois, sem pensar duas vezes corri em direção ao quarto para ver o que estava havendo e lá pude ver meu pai puxando minha mãe grávida pelo braço e dando gritos, ao ver ela naquele estado chorando não tive escolha, mesmo sendo ainda pequeno pulei rapidamente e tentei ao máximo fazê-lo soltá-la mas em troca recebi uma tapa no rosto acompanhado de um chute, naquele momento vi que nele o alcóol era mais forte pois nunca batera em mim ou em minha mãe tão forte. Depois de ver o que tinha feito ele rapidamente a soltou e saiu do quarto me deixando gemendo de dor tentando acalmar minha mãe que estava muito nervosa, depois daquele dia ele voltou e pediu desculpas à minha mãe e a mim e disse que aquilo não iria se repetir, mas o que vocês imaginam? Até minha irmã nascer aquela cena se repetiu mais duas vezes.

Ás cinco e vinte e cinco da noite minha mãe começou a ter fortes contrações e da varanda do meu quarto pude ouvir seus gritos, eu estava lutando para não chorar não aguentava mais vê-la sofrer, ás oito horas pude ouvir o choro de uma criança, era a pequena Aurora a irmã mais esperada chegando ao mundo. Esperei as parteiras permitirem meu acesso ao quarto, ao entrar vi minha mãe amamentando  com um leve sorriso, esperei um pouco e logo após peguei-a nos braços, naquele momento eu a levei para a sala de frente para uma janela e ali prometi que iria protegê-la com todas as minhas forças para ela não passar pelo que minha mãe passou, depois de alguns minutos voltei para o quarto onde minha mãe estava mas ao chegar lá tive a notícia que ela tinha falecido a pouco tempo, aquilo foi um choque para mim, entreguei imediatamente Aurora para uma das parteiras conhecidas e fiquei ao lado de minha mãe, fiquei um bom tempo admirando aquela figura que me protegeu e cuidou de mim com todas as suas forças, gostaria de doar minha pouca força que tinha para ela poder viver um pouco mais, depositei-lhe um beijo na testa que se juntou às minhas lágrimas e com a mínima força que tive fui até nosso mordomo Eric que estava de frente ao quarto e pedi para que levasse eu e Aurora para a casa de nossos tios o mais longe possível, e assim o fez rapidamente.

Chegamos à residência do tio Edgar, tia Lucy e sua filha de dois meses Luise no outro dia pela tarde. Expliquei toda a situação e eles nos aceitaram de braços abertos e meu tio que é um Marquês muito querido disse que me ensinaria e me ajudaria sempre que eu precisasse, eles se tornaram minha família a partir daquele momento, umas duas semanas depois soube por Eric que me ajudava ainda nos treinos, que meu pai tinha perdido todo o dinheiro e ido morar fora com uma de nossas antigas cozinheiras, a única coisa que desejo é nunca mais poder ver a cara daquele monstro novamente, pois não serei piedoso.

Hoje em dia vivemos muito felizes, tenho vinte e cinco anos e aprendi tudo que preciso para ser um excelente marquês assim como meu tio, Aurora tem dez anos e esta sendo ensinada a como se comportar como uma dama perante os outros e a Luise nossa prima tem a mesma idade que minha irmã e as duas se gostam muito. O vendaval da minha vida passou e sou grato por ter sido forte o suficiente para aguentar feito um homem de verdade sem desistir.

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⏰ Última atualização: May 27, 2021 ⏰

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Um Cavalheiro ; Livro 1, Trilogia Irmãos BonnevilleOnde histórias criam vida. Descubra agora