Um Cavalheiro ; Livro 1, Trilogia Irmãos Bonneville

Uma Bela Máscara

☆ Eu te amei, mais por um momento desamei

sabe porque? 

por que eu reconheci que mereço algo muito melhor 

eu te amei mas você foi totalmente infiel com meus sentimentos

poderia dizer que sinto muito, mas não sinto desculpa ☆

Após os longos minutos na arrumação enfim estava pronta, me coloquei de frente para meu grande espelho com a iluminação fraca das velas e ali estava eu, com um belo vestido vermelho combinando com meus lábios, os cabelos presos em cima e deixando alguns cachos soltos, um belo colar que ganhei de meu irmão que combinam perfeitamente com minha máscara. Confesso que estou um pouco nervosa imaginando que meus queridos pés vão ficar cravados em algum canto escondido da grande casa, reconheço que estou muito bonita mas como terá outras moças presentes posso nem ser notada - o que não reclamo - mas por um lado seria bom, enfim vou respirar, contar até dez e seguir calmamente. 

Ao sair do quarto encontro meu irmão prestes a descer as escadas, ele parece apressado e não para para falar comigo, fecho a minha porta e vou em direção à nossa sala de visitas no andar de baixo, está vazia acho que todos nos atrasamos hoje sento no belo sofá cor amêndoa e aguardo passados alguns rápidos minutos minha irmã aparece, ela está belíssima em um longo e rendado vestido verde que combina perfeitamente com seus olhos e sua máscara cor dourada ela esta perfeita, gostaria de ter a beleza igual a dela onde chega se torna o centro das atenções.

- Não acha melhor pedir uma pintura minha para você admirar mais? - ela diz sentando ao meu lado

- Eu gostaria muito de ter sonhos e não pesadelos - digo lhe dando um tapa na mão e sorrindo

- Quem sabe hoje não encontra seu cavalheiro não é mesmo? - diz ela se aproximando com as mãos no rosto

- Duvido muito, o que teremos hoje são rapazes que não sabem outro elogio a não ser "você é linda" e danças infinitas - digo revirando os olhos

- Ser chamada de linda não lhe cabe como elogio mais? - ela pergunta intrigada

- Elogio de verdade para mim é "seu cérebro é lindo" isso torna mais real - digo gesticulando e sorrindo 

- Seu cérebro é lindo madame! - ela diz levantando e fazendo uma reverência masculina sorrindo

- Oh céus, acho que estou apaixonada! - entro na brincadeira também 

- Posso saber o que minhas belas filhas estão aprontando? - meu pai aparece na sala curioso

- Não somos mais crianças pai, e não estávamos fazendo nada - digo sorrindo e arrumando meu vestido

- A Tácia disse que quer que alguém elogie seu cérebro! - grita minha irmã sorrindo muito

- Uma coisa meia estranha a se pedir não acha? - meu irmão aparece atrás de meu pai

- Não a um cavalheiro, ele sabe elogios além da beleza querido irmão - digo cerrando os olhos para ele

- Estamos todos prontos imagino - grita minha mãe - carruagem já!

Após alguns minutos chegamos na enorme casa da festa, não possui decoração exagerada apenas longos tecidos finos cor prata pendurados pelas longas janelas com detalhes em dourado e verde (cor favorita da Lady), ao entrarmos na grande casa ainda não muito cheia pude ver os detalhes não tão nítidos graça à pouca iluminação das velas, mas percebi que todos pararam um minuto para nos observar não eu isso é óbvio mas sim minha irmã Eloisa, como disse ela consegue chamar atenção sem fazer nada. Aos poucos algumas mães se aproximaram junto com alguns rapazes para cumprimentar meus pais e minha irmã - nossa família é muito conhecida e apesar de morarmos um pouco distante da cidade somos bastantes queridos e respeitados - eu por outro lado me aproximei de uma grande janela com vista para o jardim ao lado de um belo vaso e cravei meus pés ali queria fugir de qualquer dança, ao olhar aquela multidão colorida e mascarada em um mesmo lugar tentei imaginar quais personagens eram, passados mais alguns minutos de adivinhação comecei a pedir inconscientemente que conhecesse alguém especial. Sabendo que não conheceria um cavalheiro interessado e interessante naquela noite desisti e fitei minha irmã dançando elegantemente com um rapaz vestido com uma enorme capa preta e uma máscara prateada com um chapéu alto.

- Estou me perguntando o que uma bela dama faz aqui tão escondida - não percebi mas ao meu lado se encontrava agora um rapaz alto moreno com um sorriso de lado e uma sobrancelha arqueada

- Apenas observando - digo com uma pequena virada de olhos 

- Posso saber seu nome? - ele fala se aproximando

- Do que o cavalheiro esta vestido? - mudo de assunto rapidamente 

- Scrooge, um livro de Charles Dickens conhece? - ele pergunta olhando para a multidão

- O senhor lê, não são muito os que conseguem nessa sociedade - digo gesticulando para um grupo de rapazes bebendo próximo a nós 

- É um livro bastante interessante lhe indico - ele diz ainda focando na multidão e dando um gole da sua bebida

- Creio que o senhor não quer ficar aqui falando comigo ao invés de participar do assuntos daqueles rapazes - digo procurando Eloisa na multidão

- A senhorita tem algum dever a cumprir no momento? - ele pergunta depositando seu copo em uma bandeja próxima

- Na verdade acabo de ter - digo avistando meu irmão ao longe e tento fugir dali

Quando dei um passo pela multidão no intuito de me ajuntar a meu irmão sinto uma mão enluvada segurar as minhas rapidamente me puxando em meio a multidão.

- Mais o que você está fazendo? - digo surpresa com o ato do rapaz que mal conhecia

- Apenas fique quieta - ele diz calmamente ao colocar suas mãos sobre minhas costas

- É assim que flerta com as demais? as puxa para dançar e hipnotiza com esses olhos? - digo semicerrando os olhos

- Não, mas agradeço o elogio aos meus olhos pelo menos prestou atenção neles - ele diz me avaliando calmamente e, nesse momento fico realmente hipnotizada com aqueles belos olhos castanhos claros com pingos dourados - percebo que a segunda opção deu certo com você

- Só estava prestando atenção na sua máscara - digo tirando a visão daqueles olhos penetrantes

- Uma dama não deve mentir - ele diz sorrindo - mas a verdade é que estou querendo fugir de alguém

- Mães? - pergunto automaticamente ter irmão me ensinou isso

- Sim, tinha três na minha cola mas você é uma boa distração - ele fala calmamente 

- Uma distração? Não me diga que isso vai dar naquilo de "vamos fazer um trato e fingir que nos gostamos" por favor? - digo quase implorando evitando olhar em seus olhos e dando uma pequena levantada nos lábios

- Eu nunca a pediria isso, não desejo outra dama apaixonada por mim agora - ele diz sorrindo me observando

- Um tremendo erro seu achar que eu me apaixonaria por você - digo com um arquear de sobrancelha

Depois de longos minutos dançando e conversando decido voltar ao meu lugar inicial perto da janela, mas dessa vez estava acompanhada com o sorridente rapaz 

- Ainda não me contou de que está vestida - ele questiona olhando meu vestido

- Jane Austen, sua cor favorita era o vermelho e como a admiro bastante eis aqui - digo ajeitando minhas luvas prateadas

- Interessante Sra? - questiona 

- Anastácia Bonneville - digo calmamente 

Ele apenas depositou calmamente um beijo em minha mão, deu um sorriso e se foi pela multidão sem me deixar ao menos saber quem era.