Um presentinho mais que especial (Parte 2)

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~Kou~

Estava no carro indo em direção ao aeroporto quando peguei no sono. No meu sonho Karlheinz conversou comigo:

-Você desde o começo foi obediente a mim, sempre foi o meu favorito.- disse ele com um certo orgulho.

-Se o que faço é tão certo assim, porque sinto este vazio? Porque sinto como se meu coração estivesse sendo apertado?- pergunto tristemente.

-Esse vazio será preenchido por novas aventuras que você terá, existem outras garotas nesse mundo! Você vai achar algo para se entreter.

-Mas eu não quero me entreter! Não quero outras garotas! Eu quero ela!! Porque eu tenho que deixá-la?

-Você me deve obediência e nada mais! Apenas esqueça daquela bastarda imunda, ela não lhe trará nada de bom!- disse ele já nervoso.

Não tive tempo de retrucar pois Ruki me acordou, o trânsito estava um caos mas estávamos quase chegando, fiquei a deriva em meus pensamentos, olhava pela janela a chuva escorrer pelo vidro. A impressão que tive foi de que o céu estava chorando junto comigo.

-Kou você está chorando?- Pergunta Ruki me trazendo de volta a realidade.

-Estive pensando em algumas coisas... Apenas isso.

-Porque você não desabafa? Talvez possamos dividir um pouco desse peso. 

-Obrigado, mas não, essa decisão só eu posso tomar.

Ele respirou fundo acenando com a cabeça em concordância, depois disso não falamos mais nada.

Segui pensando em porque eu deveria obedecer alguém que já estava morto. Desci do carro, peguei as malas e caminhei lentamente até a fila, me perguntava várias coisas, me desliguei totalmente do mundo.

-Senhor? 

-An?  

-O senhor é o próximo a embarcar, preciso do seu passaporte- disse a funcionária.

Tirei o passaporte do bolso, encarei o documento por alguns segundos, mas não entreguei a moça, o guardei de volta no bolso dizendo:

-Desculpa moça, mas não vou embarcar.

-Senhor, eu preciso de uma justificativa para não ter embarcado.

Peguei a minha bolsa, olhei para ela sorrindo disse:

-Anota aí: eu preciso trazer a minha princesa de volta pra minha vida!!

Sai correndo, olhei pelo estacionamento inteiro mas não achei o carro então chamei um táxi, entrei dentro do carro e fui concertar algo que eu mesmo quebrei.

~Enquanto isso~ Miki~

Já dentro da limusine, encostei a cabeça no ombro de Yuma e acabei adormecendo, Karlheinz de novo veio me perturbar, mas dessa vez ele não manteve a voz serena pois me recebeu aos gritos.

-O QUE EU FAÇO COM VOCÊ?!!

-Acho que o inferno te deixou louco, você não fala coisa com coisa.- debochei.

-ME DEI AO TRABALHO DE FAZER YUI SENTIR INVEJA DE VOCÊ PRA QUE ELA TE JOGASSE ESCADA ABAIXO!! SABE QUANTOS ANOS EU GASTEI PARA CONSEGUIR CONSERVAR ESSE SENTIMENTO PODRE NELA??!!

-Oi??

Ele estava tão nervoso a ponto de não me ouvir, impulsivamente ele continua:

-EU TIRO SEU PAI, TE JOGO EM UM ORFANATO, TIRO SEU AMOR DE INFÂNCIA, TIRO SEU NENÉM E VOCÊ AINDA CONTINUA VIVA??!! PORQUE VOCÊ NÃO ABRE A PORTA DESSE CARRO E SE SUÍCIDA DE UMA VEZ??! O QUE EU TENHO QUE FAZER PRA TE QUEBRAR?!!

-Karlheinz, mesmo sem forças eu vou viver! Mesmo que meu corpo esteja em pedaços eu não vou me importar e continuarei vivendo! Não importa o que você faça, seus esforços serão em vão- me virei de costas, olhei para aquele olhar perturbado e completei- você não pode trincar um vidro que já foi estilhaçado. 

Em seguida estalei os dedos e acordei, olhei para a janela e vi um menino ele estava aos prantos sentado na calçada, atrás dele havia um espaço aonde o fogo havia consumido uma casa. Pedi para que o veículo parasse, desci indo em direção ao garoto.

-O que houve meu bem?- pergunto

-A casa pegou fogo, papai me deixou aqui enquanto ele entrava na casa para buscar a mamãe, (choro) eles não voltaram.- disse a criança me abraçando e chorando no meu ombro.

Eu o abracei de volta e perguntei seu nome ele me respondeu que era David.

-David, você quer vir comigo?

- Ma -mas eu não sei seu nome.

-Ah verdade esqueci completamente, me chamo Mizuki!

-Rainha Mizuki?!- disse ele fazendo uma reverencia.

-Sim! Se vier comigo cuidarei bem de você.

Ele concorda, eu o pego no colo, David encosta a cabeça no meu ombro, e sussurra em meu ouvido:

-Se eu vou morar com você, posso te chamar de mamãe?

Nesse momento lágrimas escorrem dos meus olhos, minha voz sumiu então apenas concordei com a cabeça, entramos no carro e seguimos para o castelo dos fundadores. Durante o caminho não tirei o pequeno garoto de aproximadamente 4 aninhos dos meus braços.

Depois de reencontrar Yuuri, pedi para que o mesmo arrumasse um quarto para o pequeno David. Coloquei o menino em sua cama e segui para meu quarto.

 Terminava de colocar todas as minhas roupas nas gavetas quando um forte vento entrou pela janela. Kou entrou violentamente, me colocou contra a parede segurando as minhas mãos, ele olhava fixamente para mim enquanto ele falava:

-Eu errei muito em abrir mão de você na primeira vez! E não estou disposto a cometer o mesmo erro duas vezes! Cansei de reprimir essa vontade de te ter só pra mim... - nesse momento ele solta minhas mãos puxando meu corpo contra o dele com uma mão, com a outra ele afasta meu cabelo dá um beijo suave no meu pescoço e completa- Vem ser minha por toda a eternidade!.

-(risos) Isso é um pedido de casamento?- brinquei

-Se você quiser caso com você amanhã mesmo!- diz ele abrindo um sorriso.

-Porque amanhã e não hoje?

-Hoje estou com vontade de fazer outra coisa com você!

Diz ele abrindo meu vestido, depois eu tiro sua camisa. Nos minutos que se seguiram ele me fez única, o quarto ficou pequeno, a noite foi pouca.

O Sol invadia o quarto, apesar de brilhar forte eu não queria acordar, até Kou me dar um beijo, abri meus olhos e vi ele em pé ao lado da minha cama, me espreguicei sentando na cama, ele sorri passando a mão na nuca diz:

-Foi mau te acordar agora, mas preciso de ajuda com os botões da minha camisa.

Sorri e o ajudei a abotoar, ele me agradece, pousando um beijo em meus lábios Kou vem se deitando novamente na cama, mas dessa vez eu levanto.

Enquanto abotoou o colete do meu uniforme ele se joga na cama.

-Você tem mesmo que ir?

-Tenho muita coisa pra fazer hoje, tenho que ver quem vai dar aula para o David..

-Quem?- pergunta ele se levantando da cama.

-Um garotinho que adotei ontem!

-Ah ....

Vejo os olhos de Kou se fechando e ele tombando, corri chamando Yuuri, depois de examinar ele Yuuri me diz:

-Você sabe se ele é um vampiro sangue puro?

-Não, ele não é.- disse lembrando de uma das poucas conversas que tive com ele.

-Sabe pelo menos com quem ele fez o acordo?

-Sinto muito mas não.- repondo insegura.

-Então nós não podemos fazer nada, por hora ele terá que lutar sozinho para sobreviver, quando ele acordar e SE ele acordar devemos ter uma longa conversa com ele...



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