Como Ser Uma Bruxa

1. Aquele com a menina Sem Nome

Julho de 2006

Neville Longbottom andava apressado pelo subúrbio de Londres.
Em cada reflexo que encontrava pelo caminho, ele checava novamente sua gravata e dava uma batidinha no terno. Virando mais uma rua, decidiu segurar com mais força a maleta que guardava sua varinha, parecia que a qualquer momento alguém ia saltar na sua frente.

Com um suspiro aliviado, ele parou no seu destino, deu uma boa olhada em volta e se perguntou se esse realmente era um local apropriado para se ter um orfanato.
Ao entrar, torceu o nariz, o lugar cheirava a coisa velha.
O Orfanato Meghan Keyes parecia que tinha sido feito pra não querer ser achado, em um beco escuro localizava a casa de dezenas de crianças carentes.

- Café? - A diretora do lugar perguntou. Neville percebeu que a última coisa que ela queria falar era isso, a mulher parecia estar intrigada e ele diria, o olhar dela indicava que se sentiu atraída pelo homem.
Ele conseguiu conter um sorriso, seu amor próprio disse que ele causava esse efeito nas pessoas.

- Não, obrigado. - Ele recusou encostando as costas na mesa. - Na verdade, eu gostaria de ser direto,tenho muito o que resolver hoje ainda...

Mas não foi tão rápido assim... Neville levou trinta minutos pra explicar sobre a vaga no colégio que aguardava Ariel e outros 40 pra explicar o porquê e como a menina tinha sido a escolhida.
Ele encarou a xícara de café enfeitiçado da diretora e engoliu em seco. Quando recebeu as instruções tinha certeza que ninguém poderia ser tão difícil de convencer se bebesse isso.

- Então Ariel andou se inscrevendo para uma escola interiorana?!- A senhora Gabor falou e suspirou achando graça. - Tudo bem. Ela que escolhe. Eu só quero que você me garanta que ela estará em ótimas mãos lá. - A mulher o fitou e Longbottom podia jurar que se recordou daquele olhar. Ele não era estranho.
Talvez Gabor percebeu isso pois engoliu em seco e se levantou imediatamente - Vou te levar até a menina.

Durante a subida, Marily o alertou.

- Ela não tem sobrenome, aqui algumas meninas a chamam de Ariel Sem Nome mas não a chame assim, ela fica extremamente chateada. Eu dei meu sobrenome a ela, caso ela quisesse usar, é claro. Imagino que ela tenha se inscrito com esse nome na escola...

- Exato. - Neville murmurou confuso. No formulário da menina estava " Ariel Gomez". Gabor deu uma risadinha admirando o ato da menina. Ela bateu na porta.

-É aqui. - e quando a porta se abriu, Neville ficou por uns instantes boquiaberto.
A menina o lembrava uma pessoa que ele queria esquecer.
Ideias se passaram na cabeça dele mas...não era possível isso acontecer.

Talvez ele estivesse confuso. Neville sorriu para a garota que parecia estar totalmente desconfortável. A menina era esmirradinha, pele negra, de cabelos encaracolados e ,quase sempre, despenteados.

- Olá. - Ele sorriu pra quebrar o gelo, mas a menina apenas se pôs atrás da porta e olhou pra Marily.

- Tudo bem, Ariel. Ele veio com boas notícias! - Gabor falou animada ao mesmo tempo que alcançava a menina para alisar seus cabelos em um gesto de carinho.- Acho melhor deixar vocês a sós por alguns instantes. Estarei aqui do lado resolvendo o probleminha da Emily- Marily piscou pra Ariel e explicou pra Neville, que ainda observava a menina - Agora ela anda tacando bola de papel molhado no teto!

E com um clique a porta se fechou, deixando Neville com a missão de mudar a vida da garota.

Ele suspirou e olhou em volta, o quarto era muito pequeno mas ele percebeu que a garota tinha se esforçado para deixar ao máximo a cara dela possível.
Havia uma escrivaninha improvisada atrás da porta, o que suportava a madeira, eram os livros.
Mas Longbottom percebeu que os únicos que ela tomou mais cuidado e os livrou da base foram os de Harry Potter.
A menina estava sentada na cama balançando as pernas nervosas, chamando a atenção novamente do homem pra ela. Sua calça jeans larga contrastava com a blusa de manga preta que visivelmente estava pequena para a garota.