Capítulo 28

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•Ravenna•

   Acordo com um leve peso em meu rosto, como de costume. Tiro o bracinho da Liz da minha cara, e pego meu celular, vendo as horas: 8h. Bocejo, eu queria tanto poder continuar dormindo.

  — Hoje é domingo Liz, você podia dormir até mais tarde, sabia? - eu digo, e ela me olha atentamente com os seus olhinhos azuis acinzentados despertos, com sua mão dentro da boca. Eu sorrio. Ela sempre acorda esse horário.

  Checo meu celular antes de levantar, e percebo mais algumas mensagens da Billie. Eu abro, e antes que eu pudesse responder, a lizzie começa a chorar. Eu então, deixo meu celular de lado. Essa bebê sabe ser escandalosa quando quer.

*Quebra no tempo*

  São 13h, e eu estou ouvindo i love you da Billie, com a Liz em meu colo, no sofá. Era incrível como as músicas da Billie acalmavam a nenê. Ela ama ouvir, sempre que eu coloco, ela gargalha.

   Era tão bom ter uns minutinhos de calmaria. Poder sentar no sofá, e ficar um tempo sem correr pra lá ou pra cá. Eu ainda tinha algumas coisas pra fazer, mas eu estou fingindo que não.

   Eu já tinha dado comida a Liz, so faltava Eu almoçar. O que não acontece com muita frequência. Eu olho para o chão da sala, e vejo alguns brinquedos pelo chão. Eu preciso organizar esse apartamento. Mas como só temos nós aqui hoje, eu vou esperar ela dormir pra arrumar tudo.

  Olho em cima da mesinha, e me deparo com a carta que minha mãe havia feito pra mim. A Megan tinha pego pra ler, e não devo ter guardado. Só agora, depois de 2 meses da morte dela, eu deixei que ela lesse.

  E cara, ainda era muito louco pensar que ela morreu. Acho que mesmo que você não tenha um relacionamento muito bom com a sua mãe, você não iria querer que ela morresse. Eu nunca pensei em uma morte assim pra minha mãe, se bem que era bem provável, já que ela sempre foi meio sem noção.

  Mas eu esperava que ela adquirisse noção com o tempo. Que conforme ela fosse envelhecendo, fosse percebendo as burradas e as merdas em que ela se metia, e que então, tentasse mudar e se tornar uma pessoa melhor. Mas esse seria um futuro muito improvável pra ela.

  Sinto meus olhos arderam. Ela podia ter sido a pior mãe do mundo, mas sei que ela fez o que pôde. Ela me criou sozinha. Ela poderia ter abortado, mas ela escolheu me dar a vida. E se "esforçou" pra me educar, na medida do possível pra ela. Querendo ou não, ela me ensinou na marra a ser forte, e independente. Já que eu nunca podia contar nem mesmo, com a minha própria mãe.

  — nós te perdoamos mãe, pode descansar em paz. - eu digo baixinho, pela Lizzie também. Sinto lágrimas escorrerem por minha bochecha. Eu não tinha ido ao velório dela, mas espero que ela esteja em um bom lugar.

  Batidas na porta, soam pelo ap, me tirando do meu devaneio sobre minha mãe. Eu levanto, e coloco a Liz no chiqueirinho. As batidas são constantes, quem será?

  — Calma aí, to indo o mais rápido que posso - eu grito. Logo em seguida, alcanço a maçaneta, e a abro. Dando de cara com a

  — Billie? Aconteceu alguma coisa?- ela estava coçando sua cabeça, me olhando atentamente

  — Eu te mandei mensagens, mas você não me respo......- ela para repentinamente, assim que olha nos meus olhos — Você tava chorando? O que houve? 

   Ela diz enquanto me olha preocupada. Eu passo a mão na minha bochecha, a sentindo molhada. Me lembro que havia escapado algumas lágrimas a pouco, depois de lembrar da minha mãe. Eu limpo com a manga do meu moletom, as lágrimas que restavam.

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