CINCO

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Feels like a lifetime
Just trying to get by while we're dying inside
I've done a lot of things wrong
Loving you being one, but I can't move on
(July - Noah Cyrus)

ETHAN JONES

Any Gabrielly era uma força da natureza. Eu sabia disso desde o primeiro momento em que a encontrei na sala de reunião para sua entrevista. Sabia que sua versão totalmente comedida e um tanto submissa era apenas porque havia alguém a podando, e passei a ter certeza sobre isso quando encontrei Felipe em um dia qualquer. Ouvir que ela havia terminado seu noivado que obviamente não era saudável fez eu sentir que a qualquer momento daria de cara com a real Any que sempre quis ver. 

Eu apenas não imaginava que ela se soltaria tanto em tão pouco tempo, mesmo que tendo alguns gatilhos com situações adversas. Quando ela se encolheu diante de mim por causa de um olhar repressor e, a partir disso passou a manter uma postura submissa sem nem conseguir me olhar nos olhos, tudo que eu queria era socar a cara do desgraçado até não poder mais. O que inferno ele havia feito com essa mulher? 

Agora, depois de tudo, Any estava  claramente nervosa ao perceber a presença dele, e tudo piorou quando passou a ouvi-lo não só gritando por ela, como também xingando-a de todas as formas existentes. Tentei eu mesmo ir resolver e colocá-lo para fora, mas ela não aceitou, e eu a entendia.  Entendia que para Any isso fazia parte do rompimento de um ciclo que o relacionamento dela ainda se encontrava. O cara era um mala que não a deixava em paz, e ela precisava por mais um fim de forma definitiva.

Sei que não conseguirei apenas sentar e agir como se nada estivesse acontecendo, então já estava pronto para ir atrás deles, apesar de saber que ela provavelmente não precisaria de minha ajuda, afinal ele não seria tão louco ao ponto de querer machucá-la fisicamente, seria? Quando estou para abrir a porta, ouço a voz de Gabrielly atingir notas mais altas e então sei que eu preciso me intrometer, não sem antes mandar mensagem para o segurança do prédio pedindo que venha ao corredor, caso fosse necessário uma intervenção mais séria. 

- O que você está fazendo aqui? - ainda mantendo uma distância segura, Any pergunta. Ela tentava esconder as mãos trêmulas no encosto de uma das poltronas que havia trazido para perto de si.
- Eu vim atrás de você, obviamente - os olhos de Felipe brilhavam em uma ira assustadora,  o que apenas aumentou quando ele me viu - você mal esperou a cama esfriar e já deu para esse idiota? Era tudo que ele queria não é, te comer? - aponta para mim e ri sem humor.
- De que merda você está falando? - Any franze o cenho, mas não posso deixar de notar suas bochechas vermelhas de raiva.
- Eu vim aqui atrás de você.  Fui até à  casa daquela sua amiga vadia, e você não estava. Aquela outra negra nojenta da recepção  avisou que você tinha viajado com seu chefe. Você me traía, não é? Fez aquele showzinho para se passar de boa moça,  mas no fim eu quem levava o chifre? Afinal você nunca viajava, aí agora magicamente isso aconteceu - ele vai se aproximando de Any, até parar a poucos centímetros dela. A cacheada olhava para ele embasbacada como se não pudesse acreditar no que ele estava falando.
- Que merda tem na sua cabeça? - ela esbraveja, gesticulando com as mãos - eu nunca te trai, porra! Eu quem encontrei você comendo uma vadia na porra da minha cama. Você é o cretino filho da puta, não venha querer empurrar a sua culpa para mim - ela empurra seu peito para que ele se afastasse, mas Felipe apenas a olha em fúria.

Porra, ele realmente a traiu? O quão burro ele pode ser para fazer algo assim?

Ela fecha suas mãos em punhos e eu fico ali tentando não me envolver a menos que seja necessário.  Eu sabia que Any precisava se livrar do peso que carregava e faria isso gritando. Eu estaria ali apenas para impedí-la de ser machucada.

DAYLIGHT • Any GabriellyOnde histórias criam vida. Descubra agora