Prólogo. (Degustação)

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Hussein sempre soube que iria se casar com Jasmins, ainda conseguia se lembra da primeira vez que havia a encontrado. O pai havia acabado de ganhar o título de Visconde e decidiu se mudar para a casa ancestral, um lugar que em algum momento já deveria ter servido para cemitério, era não tenebroso que até ser chamada de House of the Dead ainda era mero detalhe.

As janelas eram pequenas demais, o que significava que o lugar não recebia luz o bastante, por este mesmo motivo havia castiçais demais espalhados pela casa, as salas contavam com móveis tingidos de vinho e escadas que rangiam a cada passo, era possível ouvir um pessoa se mover do outro lado do corredor. A parte de fora da casa não era melhor do que o interior , havia plantas que se estendiam do chão até o teto, e a propriedade, diferente da maioria, contava com cercas altas e pontas afiadas.
Os seus antepassados não deveriam ser pessoas sociáveis, já que tudo na propriedade era uma grande forma de afastar qualquer hospede .

O pai havia sido o terceiro na linha de sucessão título e quando assim o recebeu isso significava a morte de dois de seus irmãos, não houve muitas lágrimas, Hussein nem mesmo se lembrava de ver seu pai chorando, o homem apenas assentiu ao receber a notícia e seguiu o seu dia fazendo as coisas normalmente, até que precisou ser quem o destino o obrigou.

O pai havia passado por muitas coisas , era o terceiro filho e nasceu aleijado, ninguém esperava que ele herdasse nada e por isso o mandaram para uma fazenda o mais longe que dinheiro poderia mandar, e foi lá onde ele ficou até ser obrigado a voltar .

Hussein desconfiava que o pai tinha se tornado um homem insensível naquele momento, não se lembrava dele brincando com ele nem com os irmãs mas também não se recordava dele gritando com mãe, ou batendo nas irmãs. O pai não era um dos melhores homens - não sabia demostrar sentimento e o desprezo que sua família o mostrou marcou de forma tão grande que Hussein jamais seria capaz de entender , mas uma parte sua , a parte boa que ainda estava ali ,quando ele se casou com uma mulher sorridente , a que implorou por remédio para o filho não morrer de pneumonia, morreu quando foi obrigado a voltar e encarar aquela sociedade que só o desprezava.

Não tentava defender o pai ,não de forma consciente, o homem havia passado os últimos anos de sua vida cumprindo a difícil tarefa de tornar a vida de todos naquela casa um grande e impressionante inferno.

Ele ofendia a esposa, ofendia os filhos e mais de uma vez usou seu próprio filho como saco de pancada , e outras tentou perseguir as filhas pela a casa.

Sua mãe, Matilde, tinha vindo de uma família de fazendeiros que nunca imaginou que se tornaria uma viscondessa, foi criada para respeitar o marido, apanhar não era nada mais que sua obrigação como uma boa esposa, afinal, um homem tinha seus momentos . A mulher permaneceu do lado do esposo, mesmo enquanto ouvia os gritos de seus filhos, alguns a poderiam a chamar de insensível, assim como Hussein fazia, ele não duvidava que o mundo conseguia ser injusto com uma mulher de várias formas diferentes, mas em algum momento ela deveria ter amado os filhos o suficiente para não permitir que aquilo tivesse se tornado no que era, e o pai deveria ter os amado o suficiente para não cometer os mesmos erros que o seu .

Em todo caso, Hussein era apenas uma criança, uma criança tola que pensava ser capaz de parar com todas as crueldades que aquele homem cometia. Quando seu pai chegava em casa bêbado ele escondia as irmãs, e lembrava ao irmão que o pai não conseguiria o pegar se ele corresse rápido o suficiente. Por a mãe, ele não podia fazer nada, não se podia ajudar uma pessoa da qual não queria ajuda, por isso ele só tentava o manter entretido o bastante para não se lembrar do resto da família.

Funcionou... por algum tempo.

Hussein o encontrava nas escadas e ouvia ele fala como o filho era uma decepção, apenas metade sangue azul, e outra tão galês que o enojava. O pai não tinha força o suficiente em um braço ,mas muito cedo aprenderá usar o outro braço, e com os anos de trabalho manual ele adquiriu força o suficiente para deixar o filho desmaiado sobre o carpete mais de uma vez.

Hussein ainda desconfiava que aquilo houvesse deixado sequelas.

E quem tivesse convivido com o rapaz durante os dezessete anos seguintes diria a mesma coisa ,já que foi nesse momento que ele descobriu o que nascerá para fazer, não era um hobby muito saudável e as vezes saia com alguns arranhões mas nada mais que isto.

Quando aprendeu a brigar ele pegou gosto pela coisa, tanto gosto que mais de uma vez se viu entrando em uma briga que não era sua apenas pelo puro prazer de pôde acertar alguma pessoa, assim conheceu o seu melhor amigo.

Se lembrava do dia claramente , não por que não conseguia esquecer os dia que seus olhos encontraram os de Tobias, nada nem mesmo parecido com isto, mas sim por que nunca havia conseguido dá tantos socos consecutivos, um total de 10, antes de ser arrastado para longe do rapaz desmaiado.

A briga acontecia em um dos bares que os rapazes frequentava depois das aulas, Hussein tinha um bom grupo de colegas que sempre admirou a capacidade que ele tinha de apagar alguém com o dobro de seu tamanho apenas com um soco. Quando viu dois jovens rolando no meio da rua Hussein não pensou duas vezes antes de arrancar o que estava ganhando de cima do outro e começar o acertar com tanto ódio que pensou por um momento que ou parava enquanto ainda conseguia ou acabaria por o matar, no final o ele não precisou parar, Frege Stálin o arrancou de cima do outro com um olhar assustado.

Hussein não queria matar ninguém, por isso não dificultou o trabalho, mas virou para Frege sem entender.

- Parecia que precisava de ajudar companheiro -falou tirando uma farsa que carregava no bolso e começando a enrolar na mão.

Frege que sempre conseguiu se arrogante sem nem tentar, ergueu uma sobrancelha para ele.

- Eu disse que iria desonrar a irmã dele, estava deixando ele me bater!

Hussein fez uma careta olhando para a mão ensanguentada.

- Precisa de ajuda ai? -Perguntou Stálin o encarando - Está tão machucada quanto parece?

Hussein franziu os lábios se virando para ele.

- Não, mas acabei de perceber que vou ter que pedir desculpas a ele -falou Hussein tirando o pano de sua mão e dando um sorriso tenso -e bater no senhor.

Era de se imaginar que arrumar brigas com um filho de um marquês e um filho de um conde resultaria em grande tragédia ,por mais surpreendente que fosse acabou que a única grande tragédia foi que os três se tornaram inseparáveis.

Frege que sempre era o mais orgulhoso e guardava mais mágoa nunca conseguiu perdoar de maneira honesta os socos que recebeu de Hussein, mesmo tendo devolvido a maioria deles, já Tobias que era de longe o mais cabeça do grupo deixou o assunto de lado tão rapidamente que só voltava nele quando precisava chantagear um dos amigos.

Os três tinham muito incomum.

Hussein e Tobias haviam sido criados pro homens terríveis e Frege por uma mãe que mais parecia está viva do wue de fato estava, por isso talvez mão tenham ficado tão surpresos ao ver os três andarem juntos pelos corredores ainda com os olhos roxos.

Hussein não entendia como nunca havia levantando a mão para o pai, sempre que o homem se alterava e partia para cima dele apenas tentava se proteger dos socos, não queria ter que aparecer depois das férias com os olhos roxos e inchados, não queria ter que explicar isso para todos os curiosos que sempre queriam saber mais do que precisava.

O pai era um homem que perdeu tudo de bom e havia se tornado apenas uma alma perturbada entre as outras, Hussein não queria brigar com ele, por que em algum lugar do seu coração ele morria de medo, cada parte sua morria de medo de não conseguir parar.

Ele queria matar o pai, sempre que acertava alguém imaginava o rosto do pai, sonhava com isso e a ideia lhe passava pela cabeça quando ele encontrava o homem caído em algum cômodo, pensava em como seria fácil acabar com todo o sofrimento que passava.

Nunca fez isto, não era uma assassino e nem queria se tornar um , tinha medo de que ao fazer isso também matasse sua parte que fazia saber diferenciar o certo do errado, tinha pavor de se tornar uma versão pior do seu pai.

Talvez se tivesse feito isto, se tivesse tido a coragem suficiente...

Um amor para um visconde ( 2 VOLUME DOS HELTONS)Onde histórias criam vida. Descubra agora