A vista do inferno

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Harry Potter on •

Era um lugar doentio.

Embora muitas pessoas tivessem aspectos miseráveis, uma parcela passava discretamente por nós com trajes apresentáveis, evidenciando uma segregação cruel e desumana. Pela expressão dos meus companheiros, eles concordavam com esse pensamento. Essa prisão era muito mais complexa do que acreditávamos ser até então.

Não tínhamos nenhuma noção de segurança durante o percurso. Aquela sensação terrível de constante tensão também era compartilhada por meus amigos, pois ao menor ruído e a cada nova sombra olhavam para trás por cima dos ombros, exatamente como eu fazia, tentando a todo custo não serem pegos desprevenidos.

A estranha magia da região era quase densa e me deixava enjoado. Enquanto seguimos de perto o homem de terno, fomos passando por diferentes alas, mas uma em específico...

- Você! Faça algo de útil e tire esse lixo da minha frente. - O desgraçado que nos conduzia chutou um cadáver que estava na sua frente, impedindo a passagem. Um merda qualquer veio retirá-lo.

- Esse deve ser o número 13 desse mês. - Comentou com outro que estava por perto enquanto jogava o corpo em um canto qualquer da sala.

O ódio que eu estava sentindo era diferente de qualquer outro. Minha vontade era de explodir tudo ao redor, como se só assim as almas abandonas naquele lugar decrépito pudessem finalmente descansar, longe dos escombros desse pesadelo, agora totalmente insignificantes perante a eternidade. Imolados por um inimigo cruel até então desconhecido e privados de uma sepultura digna.

Naquele lugar não havia paz.

- Número? Ele deve ter um nome. - Ouvi a voz contida de Zabini, que tentava, em vão, disfarçar a onda de revolta.

- Nome? Quem se importa? Não tem mais utilidade nenhuma para nós... Então, sim! É apenas mais um número. Foda-se. - O outro cuspiu as palavras com um desprezo que chegava a ser espantoso.

- Vocês não querem o pirralho? Andem logo! - disse o cara que nos conduzia.

Nos obrigamos a continuar. Eu sentia meu interior revirar conflituosamente. Como poderia deixar essas pessoas aqui, nessa situação?

O local, como já tinha reparado anteriormente, era imenso. Cada sala parecia carregar uma característica incomum, como que habitada por diferentes tipos de magia. Os recintos eram clareados por pequeninas lâmpadas, cujos raios se entrecruzavam, iluminando todo tipo de formas estranhas. A opacidade de nossos corpos projetava sombras um tanto sinistras nas paredes, as quais, por vezes, eram revestidas por uma camada espessa de poeira. Por mais que me esforçasse, não conseguia suprimir a impressão de que estávamos sendo observados. Talvez a atmosfera lúgubre da região estivesse me afetando mais do que imaginei.

Enquanto me perdia em pensamentos, ouvi meus colegas ofegarem de horror, fazendo com que parasse de rompante. Ergui o olhar e senti o sangue gelar nas veias, as pernas ameaçando cederem as ações gravitacionais, que insistiam em colar nossos corpos ao chão imundo, o qual ironicamente, não parecia ter a solidez que precisávamos para nos manter diante de tanta barbaridade. Era como cair em um poço sem fundo. Esqueci como respirar ou como fechar os olhos, totalmente incapaz de proteger a minha mente de tal imagem.

A sala, ampliada magicamente, estava repleta de cadáveres.

Por conseguinte, o ar malcheiroso exalava por todo o ambiente. Parecia composto por todos os males da mortalidade misturado ao cheiro pungente e acre de sangue. Como se a própria decomposição tivesse apodrecido. Respirar se tornou um ato doloroso devido a tanta repugnância.

Alguns mortos estavam empilhados, extremamente magros e miseráveis. Outros se encontravam em posições dolorosas, tendo seus braços e pernas amarrados nas costas, de forma que que os ossos quebrados ficassem mais evidentes. Contudo, o mais bizarro era uma quantidade razoável, porém seletiva, presa em objetos em forma de "X", com parte dos seus corpos nus abertos com uma precisão quase cirúrgica, em regiões como o pescoço, a cabeça, os pulsos, todo o peitoral em cortes horizontais e profundos. A ausência da quantidade esperada de sangue perante tantas atrocidades cometidas era agoniante. Parecia que até a alma havia sido absorvida e mutilada. As expressões vazias e retorcidas evidenciando a dor das mais variadas torturas. Agora não passavam de uma casca de quem foram.

O que diabos estava acontecendo naquele lugar?

- Ora, já mandei andarem logo, que coisa irritante! Não façam essas caras! Para vocês estarem aqui e inteiros, deve ser por causa de algum propósito do Lorde. Então devem saber que nossa magia é escassa nesse lugar, as vezes temos que conseguir a força, não é? São métodos necessários para a nossa sobrevivência, ainda que pouco convencionais para os merdas de fora. - deu de ombros, falando com naturalidade. Tentei a todo custo respirar fundo e não lutar aqui mesmo contra aquela personificação da impiedade. Notei que meus amigos não estavam tão diferentes, mas não podíamos nos descontrolar agora. Os sonserinos mantinham a postura fria e calculista que não condizia com a situação e nem com seu olhar que fuzilava o homem em nossa frente.

Meus olhos se encontraram com os de Draco durante uma fração mínima de segundos e concordamos instantaneamente, em silêncio, com um pensamento mútuo que banhava nossa ira: "Iríamos por aquele lugar abaixo".

Após o choque, praticamente corremos para alcançar o homem. Passado um tempo considerável, entramos em uma sala mais fechada e organizada que as demais.

- Aí está o pirralho. Podemos negociar agora? O que vocês irão oferecer?

Um garoto de cabelos negros e roupas surradas estava no canto do local mal iluminado, de costas e encolhido no chão.

- Cael? - Pansy correu até o menino e nós a seguimos. Porém, não precisamos chegar muito mais perto para os sonserinos pararem repentinamente.

- Não é ele. - Draco falou, engolindo em seco.

- Claro que não. Mas, agora que tenho certeza de quem vocês realmente são, permitam-me lidar com essa situação indesejável. - ria de maneira brutal, acompanhado por outros homens que surgiram e não demoraram em nos cercar. Alguns encapuzados que pareciam mais poderosos ficavam parados, como que esperando o momento perfeito para nos atacar. O "garoto" se mostrou um inimigo e se juntou aos outros.

Em um piscar de olhos, estava no centro de um embate violento. Por sorte, trabalhávamos bem em equipe e já estávamos, de certa forma, familiarizados com combates desse tipo. Conseguimos manter a luta equilibrada, em uma organização de ataques e métodos eficientes de defesa.

A sensação anterior de estar sendo observado não estava equivocada. Rostos apareciam nas paredes e se juntavam aos caras misteriosos. A boca rasgada e os olhos bem abertos, quase como se estivessem tentando não perder nem ao menos um movimento nosso. Eram como monstros inacabados. Não sabia dizer ao certo se alguma vez já foram humanos.

No entanto, quando um dos encapuzados se aproximou rapidamente de Draco, que defendia a minha direita, senti um frio que conhecia tão bem tomar de conta. Era como está na presença de um dementador, mas de alguma forma, tinha uma certa sensação bem diferente. Não sabia explicar o que era aquilo exatamente.

Quando ele chegou perigosamente mais perto, Malfoy lhe lançou um feitiço que claramente não surtiu o efeito esperado. Observei impotente Draco cambalear e desmaiar, sendo carregado pela estranha "criatura" com uma rapidez inesperada e logo sendo cercado pelos demais.

Mas não era como se eu fosse simplesmente desistir. Deixei minhas emoções fluírem e ataquei.

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Hey, meus amores mágicos!❤️ Como estão?
Chegamos ao fim do capítulo ^^ espero que tenham gostado e desculpa qualquer erro. Lembrem-se de comentar e votar, se gostarem e assim preferirem, pois me anima dmss saber suas opiniões. Agradeço muito!!

Esse é curtinho mesmo, apenas para ter uma noção das coisas que acontecem por esse lugar.

• Referências
- Drácula (Bran Stoker)

Enfim, até a próxima, beijinho do leão 🦁

Fiquem bem.

Dragão de Má Fé • 𝙙𝙧𝙖𝙧𝙧𝙮 Onde histórias criam vida. Descubra agora