Algumas Estórias...

Até a Última Pétala

    Não! Não! Não! Isso não pode ser real! Não pode! Estava tudo tão bem. Como isso foi acontecer? COMO?

     Por favor, me diz que isso não é real... não posso acreditar... não posso...

     Então foi por esse motivo que você se afastou? Por qual razão escolheu esconder isso de mim?

Narrador

      Agora, deitada ao lado do corpo já frio, a jovem desmanchava-se em lágrimas segurando a flor favorita de seu parceiro. Em uma súplica silenciosa, ela pediu, implorou, para que seu amado voltasse à vida e ficasse junto dela. Mas como isso seria possível? É totalmente impossível voltarmos dos mortos... "Impossível", foi o que ela pensou.

     Passado alguns minutos, o pequeno lírio branco começou a brilhar, um brilho ofuscante e, de certa forma, belo.

     Quando menos esperado, a jovem sentiu que o corpo sob si começou a esquentar, sentiu novamente o calor que emanava do corpo de quem tanto ama. Sentiu o calor que tanto lhe acalmou em momentos ruins. Não demorou muito para que sentisse o coração do rapaz voltar a bater. Para que sentisse as batidas do coração da pessoa que lhe amou durante anos e anos mesmo com todos os seus defeitos. Para que sentisse as batidas do coração que sempre lhe acalmou nos momentos de extrema tristeza. Assim como não demorou para sentir braços envolver seu corpo em um abraço apertado e carinhoso que transmitia amor, o amor que por um momento ela pensou que nunca sentiria novamente.

     A garota chorou ainda mais, desejando que aquilo não fosse um mero sonho. Apertou o corpo de seu amado contra seu, transmitindo seu medo de o perder, mas também mostrando seu amor.

     — Eu estou bem... não se preocupe, meu amor.

     A garota só soube chorar, não conseguiu formular uma frase sequer, não conseguiu pensar em algo para falar. Apenas deixou que as lágrimas caíssem sem medo algum de expor sua fraqueza na frente do homem que ama.

     — Eu te amo, eu te amo, eu te amo tanto. Não quero te perder.

     As palavras saíram involuntariamente da boca da moça, que em momento algum se separou do rapaz.

     Alguns minutos depois eles se soltaram. O rapaz pegou a pequena flor que a moça tinha em mãos e a colocou em um vaso com água, que ele havia preparado.

     — Você sabe o significado de um lírio branco? — O rapaz questionou sua noiva.

     — Sei. Ele representa a inocência, o matrimônio e a maternidade. Você me disse isso quando nos conhecemos. — a garota sorriu docemente para ele.

    — Sim.. — ele riu — e sabe o motivo dele ser minha flor favorita?

     — Isso você disse que me contaria na hora certa, então eu não sei.

    — Certo. Ele se tornou especial para mim quando começamos a namorar, ele representa a inocência que há no nosso relacionamento, no nosso amor, a vontade e a alegria que eu tenho em saber que me casarei com você e, por fim, a família que formaremos no futuro.

     A mulher não soube o que dizer, apenas sorriu para o seu noivo, o olhou com amor e carinho.

     "Como ele consegue ser tão fofo assim?", ela se questionava internamente.

[...]

      Três meses se passaram e o rapaz percebeu algo de errado com a flor que sua noiva trouxera para ele. O mesmo notou que logo no início de cada mês a flor perdia uma pétala. A cada vez que uma pétala caía ele se sentia mal o dia todo, como se sua vida estivesse sendo levada aos poucos. No início a flor continha seis pétalas, agora tinha apenas três.

      O homem não é nenhum pouco burro, sabia que tinha algo acontecendo e esse algo envolve sua vida e aquela pequena flor.

[...]

      Mais um mês se passou, e junto dele mais um pétala caiu. Esse é o mês de seu casamento, o rapaz sentiu-se feliz e ansioso. Na próxima semana ele se casará com a mulher de sua vida. Sua felicidade não cabia em seu peito.

[...]

     O dia do casamento chegou, ele aguardava sua futura esposa no altar. O sorriso não saia de seu rosto.

      Assim que ele ouviu a tradicional música tocada em casamentos, a famosa Marcha Nupcial de Mendelssohn, logo se virou em direção à porta vendo sua noiva entrar pela mesma. "Ela está deslumbrante, como sempre.", o rapaz pensou.

[...]

      No mês seguinte o rapaz sentiu-se mal logo no primeiro dia do mês, o que significa que mais uma pétala do belo lírio havia caído. Restava apenas uma pétala.

     — Amor, promete me amar para sempre? — a mulher questionou à seu esposo.

     — Até a última pétala, meu amor.

     — Até a última pétala? O quis dizer com isso, querido?

     — Nada de extrema importância, meu anjo. Prometo te amar até o meu último dia em vida.

[...]

      O mês passou rápido. Eles descobriram a gravidez da mulher e estavam muito felizes. O rapaz havia até mesmo se esquecido que seus dias estavam contados.

      O primeiro dia do mês chegou e a última pétala caiu. O rapaz sentiu um mal estar lhe atingir com tudo e ficou assim durante o decorrer dia. Sua esposa não saiu do seu lado, cuidou dele como sempre fazia. Enfim chegou a noite, eles se prepararam para dormir. Dormiram abraçados. Ele sabia que aquela seria a última vez que isso aconteceria.

      No dia seguinte quando a moça acordou, ela sentiu que algo não estava certo. Seu marido estava frio e pálido. Ela não conseguiu sentir o coração do homem bater, nem mesmo sua respiração. Foi então que a ficha caiu...

      Ele já não pertencia mais a esse mundo.

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      Do outro lado da rua, passando em frente a casa, uma figura encapuzada deu leves e assustadoras risadas.

      — Que banquete delicioso...

      Passando o dedo longo e fino pelos lábios ressecados, a figura abre um sorriso grande e malicioso, mostrando seus dentes amarelados e afiados.

      — Qual será minha próxima refeição? Talvez um idiota que aprendeu a amar recentemente. Isso seria ótimo.

      Bateu palmas e pulou em sinal de alegria, sua nova vítima já foi escolhida.
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Nota: lembrando que ainda está em fase de desenvolvimento, tem algumas coisas que eu quero acrescentar nessa estória.

E aí? O que achou?

É suposto estar revisado.

Espero que tenha gostado.

Até breve! Hehe~