ÍSIS
Há dois anos...
- Não Inês, já fui dois dias seguidos para essas benditas festas, sabe que não é meu estilo. - falei afundando o rosto no travesseiro.
-Sei, mas você prometeu.
-Mas eu já fui dois dias.
-Ainda temos todo o restante da semana! Pode levantar a bunda dessa cama e ir se arrumar.
-Inês, por favor... - pedi a encarando e ela apenas continuou com sua habitual face apática e emburrada.
- Por favor nada! Você vai embora e não sei quando vamos nos ver e muito menos ter a oportunidade de sairmos juntas novamente. Então vai logo tomar banho e vê se escolhe alguma coisa mais descolada.
- Você é insuportável, Inês Garcia!
-Anda logo que eu não sou insistir muito! - falou quando eu já estava entrando no banheiro. Mereço! Tomei um banho caprichado e depois saí enrolada na toalha para o quarto. Vesti a calcinha e escolhi um vestidinho rosa de alcinhas, com corte reto nos seios, que não exigia uso de sutiã, e era mais solto nas pernas, com um comprimento um pouco acima dos joelhos. Nada muito chamativo. Depois fiz umas ondas leves nas pontas dos meus cabelos que ficaram ainda mais curtos do que já estavam e gostei disso. Nunca havia cortado o cabelo tão curtinho assim, as pontinhas mal encostam nos meus ombros. Depois, passei um corretivo para aliviar as olheiras, rímel e gloss labial, pois maquiagem realmente não é o meu forte, então uso apenas o básico do básico para não sair de "cara limpa". Coloquei um par de saltos na cor branca, também discretos e não muito altos. Me perfumei e estava pronta.
- Você vai assim? Vestindo isso aí mesmo? - perguntou Inês entrando no quarto com sua calça jeans preta toda rasgada, cropped cinza, jaqueta jeans por cima e um par de botas pretas com saltos a deixando mais alta do que já é, sem contar nos olhos com sombra e delineado escuros e o vermelho na boca.
-Sim e não reclama, porque já estou fazendo o que quer. - falei e ela bufou revirando os olhos.
- Que seja. Vamos. - falou e então saímos, evitando fazer barulho e também topar com nosso pai ou a nojenta da Suzi pela casa. Pegamos um táxi e fomos para a festa. Assim que chegamos a barulheira estava feita, corpos para todo lado, música, gritos, danças. Alguns incovenientes soltavam suas gracinhas para mim e eu apenas ignorava, enquanto Inês os xingava de nomes nada apropriados e mostrava o dedo do meio para cada um. Paramos perto da barraca que vende bebidas e peguei duas cervejas.
Alguns conhecidos encostaram e ficamos conversando um tempo com eles, até que notei alguém que eu realmente não queria ter tido o desprazer de ver.
-Chamou ele? - perguntei no ouvido de Inês que olhou na direção em que eu indicava e ficou momentaneamente paralisada.
- Não. Nem sabia que ele viria, nós estamos meio brigados. - falou e revirei os olhos, pois detesto esse namorado dela, o Roger. Ele não é boa gente e já perdi as contas de quantas vezes brigamos, porque eu deixei claro que ela deveria se afastar dele se tivesse um pouco de juízo, mas, para variar, ela não tem!
-E aí! - falou ele se aproximando de nós duas. - Tudo em cima, Ísis? - perguntou e apenas dei um meio sorriso sem graça para ele. Quando não vou com a cara de alguém, não sei disfarçar e nem faço questão de ter qualquer proximidade, detesto falsidade ou forçação de barra e esse homem é uma barra muito pesada para o meu desgosto. - Posso falar com você em outra área, gatinha? - perguntou alisando o rosto de Inês e ela apenas suspirou e virou na minha direção.
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ALEXANDRE FERRARI
RomansaO advogado trabalhista bem conhecido e renomado Alexandre Ferrari, vive preso à dor de um passado que ele se culpa pelo final que teve, assim como o término de um relacionamento desastroso e infeliz. O seu bom humor e simpatia escondem suas feridas...