ÍSIS
Continuação - Há dois anos...
Mas é basicamente impossível não pensar coisas nada puras sobre esse homem, já que ele faz questão de dançar e manter um ritmo quente e colado, fazendo nossos corpos se esfregarem ao som da música. Em certo momento ele me guiou por uma sequência de giros rápidos e precisos e depois me puxou com firmeza retomando a aproximação com nossos corpos mais colados ainda. Algumas pessoas soltaram gritinhos e até aplaudiram ao redor, enquanto eu continuava encantada, embriagada e sorrindo sem parar para esse homem, que também mantinha um sorriso fixo e tão safado para mim no rosto.
Dançamos, bebemos e depois dançamos novamente por um bom tempo. Confesso que estava me divertindo como nunca pensei que fosse nessa noite.
-Preciso de uma pausa. - falei quando a última música que dançamos acabou, pois eu estava cansada, com a respiração um pouco desrelugada e com uma camada fina de suor no corpo.
- Como desejar. - falou e me deu uma piscadela. Posso dizer que já estava mais a vontade perto dele, mas acostumada nunca, seu olhares intensos, seu toque forte, seus sorrisos, seus charmes e a maldita piscada de olho desse homem, realmente, não dá para se habituar, ele consegue tirar meu fôlego e tive que controlar várias vezes os impulsos do meu corpo, principalmente o rubor no meu rosto, quando ele se entregava à dança e mordia a boca ao mesmo tempo em que sorria, algo fora do normal, que esquentava lugares em mim de uma forma que nunca havia sentido antes. - Quer uma cerveja? - perguntou e balancei a cabeça negativamente. - Água? - confirmei e então fiquei observando ele indo em direção à barraca novamente e os olhares não saíam dele, assim como a mulher que fingiu descaradamente se desequilibrar para que ele a segurasse e assim fez. Não ouvi o que falaram, mas ela saiu sorrindo largamente e toda corada depois da piscadela que ganhou dele. Galinha de uma figa! Revirei os olhos para a ceninha.
Depois comecei a revezar entre apoiar o corpo em uma perna e depois na outra, pois meus pés estavam doendo de tanto dançar e os saltos não eram dos mais confortáveis.
- Tudo bem aí? - perguntou se aproximando e me entregando a água.
- Tudo. - falei bebendo um pouco da água. - Na verdade não, preciso sentar, meus pés estão me matando, se eu ficar em pé mais um minuto vou cair nesse chão. - falei
-Cair não vai, porque eu seguro você, loira. - falou com um sorriso de lado para mim.
-Estou falando sério. - falei tentando não sorrir de volta.
- Eu também. - disse ficando sério e me olhando de um jeito intenso.
-É, mas aqui não tem realmente lugar algum que eu possa sentar. - falei observando estar no meio da multidão de pessoas que já não estavam tão sóbrias.
-Tem o meu carro. Deixei estacionado na rua atrás daqui. - falou e balancei a cabeça, desviando o olhar. - Ei, é só para você descansar um pouco, prometo não tentar nada, pelo menos nada que não queira, loira. - falou e fiquei pensativa.
- Só descansar. - afirmei.
-Descansar. - reafirmou e então segurou minha mão e saiu me guiando entre as pessoas. Demoramos um bom tempo até conseguirmos passar por todo aquele alvoroço de gente e depois fomos caminhando lado a lado, com a sua mão nas minhas costas, pela rua com um movimento mediano. Caminhamos até a outra rua, em silêncio e então ele tirou as chaves do bolso e fiquei olhando para a fila de carros, mas não fazia ideia de qual era o dele, até ver o carro preto, daqueles com cara de que paga três casas inteiras, piscando os faróis quando ele destravou e abriu a porta para mim. Entrei e nunca pensei que um carro pudesse me fazer sentir deslocada, mas fez. Puro luxo o automóvel, o qual eu não sou tão habituada.
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ALEXANDRE FERRARI
RomansaO advogado trabalhista bem conhecido e renomado Alexandre Ferrari, vive preso à dor de um passado que ele se culpa pelo final que teve, assim como o término de um relacionamento desastroso e infeliz. O seu bom humor e simpatia escondem suas feridas...